Peter Rosenfeld
Lendo jornais e revistas
brasileiros e assistindo aos noticiários nas televisões, qualquer cidadão de
bem deste País deve ficar apavorado.
Só pode ter a impressão ou,
mais que impressão, a certeza de que tudo no Brasil se faz e se consegue com o
auxílio da corrupção.
Corrupção geralmente
envolvendo somas consideráveis, com as quais poderia se tornar um País realmente
importante e bem servido de tudo: hospitais e postos de saúde, escolas,
estradas, portos e aeroportos, enfim, tudo aquilo que se tornou corriqueiro nos
dias de hoje.
E todas as obras necessárias
para isso seriam bem construídas, bem acabadas, limpas e decentes, ao contrário
do que vemos atualmente.
É verdade que o Brasil é um
continente, compreendendo uma área territorial que o coloca entre os maiores
(em tamanho) do mundo.
Tem uma população que,
igualmente, é uma das maiores da terra.
Está virtualmente livre das
enormes dificuldades que a natureza impõe aos seres humanos em muitos lugares:
terremotos, nevascas, tsunamis e sei lá mais o quê!
Tem fartura de água e de sol.
Com toda a água que temos,
regiões grandes, principalmente no Nordeste (mas também no Sul), sofrem
agudamente sua falta!
O conhecido conto que diz que
quando Deus criou a terra e no Brasil não havia nada de ruim, um anjo lhe havia
perguntado por que esse cuidado com o País, ao que Deus lhe teria respondido: “espere
só para ver a gentinha que colocarei lá”, tem todo o jeito de ser
verdadeiro.
É triste constatar, mas nenhum
brasileiro já ganhou um prêmio Nobel, apesar de termos tido um Santos Dumont
que foi o primeiro a fazer uma máquina de voar (apesar de os americanos
reivindicarem – sem razão, esse feito para os irmãos Wright).
Tivemos e temos cientistas
excepcionais, seja na área de saúde, na área de física e química, matemática;
arquitetos e engenheiros de primeiríssima categoria, médicos de renome mundial
(a revista Veja que está circulando esta semana, edição 2.264, reporta o
primeiro transplante multivisceral (transplante de vários órgãos em uma única
operação), comandada por dois médicos (Drs. Ferraz Neto e Sergio Meira), com
duração de dezesseis horas!!
Em outras palavras temos, sim,
gente excepcionalmente boa, competente e trabalhadora.
Mas, e sempre há um mas, na mesma edição dessa revista
temos figuras tristes (moralmente) de um Carlinhos Cachoeira com seu senador
Demóstenes Torres, Renan Calheiros, José Sarney e família, Romero Jucá, Moreira
Franco, Valdemar da Costa Neto e milhares, sim, milhares de outros que
infelicitam o Brasil há anos, alguns há décadas, mas são as vestais intocáveis.
Que a política não seja uma
reunião de anjos é mais do que natural! Mas que os políticos brasileiros, com
poucas exceções, sejam esse ajuntamento de gente do mal, que primeiro e antes
de tudo pensa em si mesmo e como tirar o melhor proveito pessoal das situações
e, talvez depois, pensa em como fazer para ajudar outros e, finalmente e
em último lugar, cumprir seu dever e trabalhar pelo País, isso é muito triste,
deprimente mesmo!
Venho acompanhando a política
brasileira há uns tantos decênios, e fico verdadeiramente triste, quase
deprimido, ao constatar a contínua deterioração moral da classe
política.
Isso ocorreu em todo o Brasil.
Quando jovem, morava no Rio Grande do Sul e, muitas vezes, fui à Assembléia
Legislativa do Estado para assistir aos debates que eram travados por homens de
bem, cultos, alguns grandes oradores.
Aos 19 anos, mudei-me para
trabalhar no Rio de Janeiro. Não frequentei a Assembleia Legislativa, mas
acompanhava as atividades pelos jornais. Havia alguns deputados excepcionais,
intelectual e moralmente.
Atualmente, é o desastre que
todos conhecemos!
No Rio, em três oportunidades
distintas, morei mais de 40 anos; em Porto Alegre, quase outro tanto. Em outras
cidades, os restantes para completar minha idade atual.
Em termos de “gente”, só posso
estar muito decepcionado e triste pela degringolada moral ocorrida em nosso
País.
Isso porque, como designei o
presente, o Brasil se tornou um país de
horrores em termos morais. Claro que ainda há muitas pessoas sérias,
honestas, que se preocupam em fazer bem à coletividade.
Mas não é a maioria; entre
aqueles que, de uma forma ou de outra, comandam a vida (a nossa própria e a dos
demais brasileiros) há pouquíssimos!
A maioria pensa primeiro em si
mesma, em como tirar proveito pessoal (sob o aspecto material e, de passagem,
pelo resto)!
Os José Dirceus e Carlos
Cachoeiras da vida estão aí para comprovar o que digo!
Fico a pensar como os meus
netos (e os dois bisnetos que alegram minha vida) sobreviverão nesse país
dos horrores.
Será que chegarão a conhecer
um Brasil decente, em que os maus, ruins, serão minoria, devidamente castigada
vivendo em prisões?
Será que conhecerão um Brasil
que não seja o do futuro, como escreveu o austríaco Stefan Zweig no final da
década de 30 do século passado, mas o do presente, de que os brasileiros
poderão se orgulhar?
Deixo esses pensamentos com
meus leitores, fazendo votos de que não sejam tão pessimistas como estou!
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre
(RS), 11 de abril de 2012
Edição: JP
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