quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Sangue verde-amarelo

Alexandre Garcia

Devemos a uma arquiduquesa austríaca, Leopoldina de Habsburgo, a intuição de que se o Brasil voltasse a ser colônia, iria se fragmentar. Ela decidiu o fico bem antes do marido, o Príncipe regente Pedro. Cunhada de Napoleão, sobrinha-neta de Maria Antonieta - a guilhotinada - a filha do Imperador da Áustria, quando feita regente pelo marido que fora pacificar São Paulo(e seus impulsos sexuais com a marquesa de Santos), e de comum acordo com José Bonifácio, tratou logo de decretar, a 2 de setembro, no Conselho de Estado a separação do Brasil de Portugal. Coube a Pedro, dias depois, ao receber a carta da Regente, desembainhar a espada à margem do riacho Ipiranga.

Dom Pedro I, que proclamou a independência do Brasil. Foto: Simplício Rodrigues de Sá/Museu Imperial de Petrópolis
O Brasil independente completou 198 anos. No continente latino-americano, foi a única colônia a se manter intacta, à exceção da perda, sete anos depois da Independência, da província Cisplatina, que virou Uruguai. A união foi mantida a despeito de movimentos de secessão armados, como em Pernambuco, Piauí, Maranhão e Pará. E a Independência garantida depois de 10 meses de enfrentamentos para expulsar os portugueses na Bahia. A secessão da República Rio-grandense durou 10 anos, pacificada por Caxias. Custou vidas, mas foi construído um país-continente.

O Brasil é um país miscigenado, muito à frente de outras nações que são apartadas por cor da pele, religião, etnias. Já na formação do Exército Brasileiro, em Guararapes, uniram-se europeus, índios, negros, mestiços, para expulsar o invasor holandês. Imigrantes alemães ombrearam com esses brasileiros na Batalha do Passo do Rosário; essa mistura racial derrotou o Paraguai numa sangrenta guerra. Na FEB, demonstramos ao V Exército americano na Itália, como lutamos juntos, sem distinções éticas, pelos nossos valores.

Nos últimos anos, uma campanha segregacionista procura solapar os alicerces sobre os quais construímos este país continente. E, mais recentemente, importam movimentos dos Estados Unidos, como se não comungássemos nossa tradicional união racial. Deturpam o noticiário como se brancos estivessem dizimando negros no Brasil. E não fica aí; o que a natureza aproxima, eles querem distanciar, jogando mulheres contra homens. Tentam separar-nos até por opções sexuais, que são questões íntimas de cada um. E como as religiões são fonte de valores morais, disseminam preconceitos contra elas. O objetivo é enfraquecer o país, para um dia dividi-lo como botim entre bárbaros. E neste aniversário da unidade nacional, é bom prevenir, para manter nossa união. Somos fortes unidos, irmãos igualados pelo sangue verde-amarelo.

Título e Texto: Alexandre Garcia, Gazeta do Povo, 9-9-2020, 15h12

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