Rui A.
Em 2011, findo um longo
período de seis anos de governação socialista, quatro dos quais em maioria
absoluta, o país faliu e o governo de José Sócrates chamou a troika. Quatro
anos depois, o PS nunca admitiu qualquer responsabilidade por esse facto.
Durante o período de
assistência financeira, o PS raramente se disponibilizou para ajudar a
encontrar soluções para os problemas do país. Ao contrário, continuou entretido
com a pequena política de ataque ao governo, sem mais.
O PS julgou que convencia os
portugueses de que a «austeridade» era somente uma consequência das políticas
do governo do PSD/CDS e não, também, dos governos anteriores de sua
responsabilidade. «O governo foi muito para além da troika», foi o mantra repetido
à exaustão. Não colou.
Quando o país precisava de
políticos responsáveis que o acompanhassem nos sacrifícios por que os
portugueses estavam a passar, o PS entreteve-se com jogos florentinos e guerras
fratricidas. António José Seguro saiu da liderança com uma faca nas costas. Não
foi coisa bonita de se ver.
António Costa apresentou-se
como o salvador da pátria. Erro grave de percepção: os portugueses já não
acreditam em messias.
Chegado à liderança do PS, em
vez de ter um discurso moderado e que transmitisse confiança, Costa foi a
correr entregar-se à extrema-esquerda, ao Bloco e ao Livre. Não era isto que os
eleitores esperavam dele, muito menos do PS.
Na vitória do Syriza, um
grupúsculo de extrema-esquerda que circunstâncias particulares conduziram ao
poder na Grécia, Costa saudou a vitória como se fosse a sua, sem sequer ter
intuído no esmagamento do PASOK sinais de alerta para si próprio. Quando, sem
grande surpresa, o Syriza começou a disparatar, Costa tentou fugir a galope do
buraco onde se metera. Mas já era tarde.
A prisão de José Sócrates
transformou boa pare do PS num partido anti-sistema, que atacou a justiça como
se de um bando de malfeitores se tratasse. Perante evidências que mereceriam,
no mínimo, algum distanciamento institucional, todo o PS histórico rumou a
Évora, em homenagem ao novo mártir. Costa não se envolveu demasiadamente nisto?
Pois não. Mas também não impôs a barreira de higiene de segurança que se
impunha. Agora, essa falta de cuidado está a cair-lhe em cima.
O PS convenceu-se que os
quatro anos de austeridade seriam suficientes para ganhar as eleições, fizesse
o que fizesse, dissesse o que dissesse, acontecesse o que acontecesse. Não
percebeu o que aconteceu com a vitória de David Cameron.
Promessas e mais promessas já não
convencem os eleitores, sobretudo quando algumas parecem decalcadas de
anteriores campanhas socialistas, cujos resultados o país testemunhou. Muitas
delas, como a célebre criação de 207 mil novos empregos, desditas vinte e
quatro horas depois de anunciadas.
O PS acreditou que bastaria
apresentar ao país um grupo de «sábios» que jurassem pela excelência do seu
programa, para conseguir o voto dos indecisos. Também não é verdade: em
circunstâncias excepcionais, as pessoas parecem preferir pessoas normais como
elas. E tem sido esse registo de normalidade, muito em falta no PS de António
Costa, a garantir o aparente sucesso de Passos Coelho.
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