Maria Lucia Victor Barbosa
Quem pensa que o PT acabou
está muito enganado. Quem subestima o inimigo perde a guerra. E não é impróprio
usar o termo inimigo para classificar o partido que arruinou a economia,
corrompeu as instituições, falsificou dados financeiros, mentiu aos eleitores,
aniquilou valores e fez a opção pelo atraso que se evidencia na quebradeira da
indústria, no descalabro da Saúde, na ruina da educação, na trava do comércio
internacional com países que trariam vantagens e progresso ao País.
O mal foi entronizado pelos
eleitores e está disseminado, empesteando a máquina administrativa com
incompetentes que se agarram aos cargos com unhas e dentes. E o mal se
avantajou e se fortificou pela inexistência de oposições, notadamente do PSDB
sempre pronto a apoiar o PT, além da idolatria tucana por Lula da Silva.
Em outra vertente, na
tentativa de recompor a fracassada experiência soviética e a derrocada do
comunismo no mundo foi constituído o Foro de São Paulo, que congrega
organizações de esquerda e dá diretrizes para a América Latina onde o atraso e
a desigualdade social é terreno propício para as pregações de ditadorezinhos
travestidos de socialistas, mas que vivem como nababos usufruindo das delícias
do capitalismo.
Para exemplificar o caminho
traçado pelo Foro de São Paulo tomemos a Venezuela ainda sob o comando de Hugo
Chávez, outro que destruiu seu país e que mesmo morto continua a governar
através de seu genérico, Nicolás Maduro. Chávez primeiro tentou um golpe. Não
deu certo. Em outra etapa logrou se eleger. Posteriormente dominou o
Legislativo, o Judiciário e as Forças Armadas. A partir daí fez uma
constituição á sua imagem e semelhança e governou despoticamente até morrer,
chamando-se de democrata.
Voltemos ao Brasil. No
mensalão ficou evidente como é fácil comprar o Legislativo. E não só com
dinheiro se adquire uma base para o PT chamar de sua. Cargos também servem.
Rousseff tentou agora salvar-se do impeachment com sua desastrada reforma
ministerial.
O Judiciário surpreendeu com o
ministro Joaquim Barbosa, que logrou por na cadeia figurões do PT e pessoas
endinheiradas. Outro destaque foi o juiz Sérgio Moro que desbaratou o cartel de
empreiteiros e desmascarou diretores da Petrobras que recolhiam propinas para
irrigar campanhas, notadamente as do PT. Eles foram presos e condenados pelo
juiz.
Moro, porém, teve suas asas
cortadas quando o Ministro do STF, Teori Zavascki, decidiu que ele só poderia
atuar no âmbito da Petrobras, em que pese as mesmas quadrilhas agirem em outras
entidades estatais.
No momento, as delações premiadas
apontam para os crimes de várias autoridades do Executivo e do Legislativo,
além Lula da Silva e sua família, mas parece haver só um grande corrupto da
República: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Só ele tem contas na Suíça.
Só ele recebeu propina. Destaque na imprensa que devassa suas contas e
documentos ele está sob ataque seletivo do Procurador-Geral da República. O
PSDB pede seu afastamento. Deputados valentes pedem sua cassação e já se falou
até em prisão.
Por que só ele? Porque o
presidente da Câmara é quem abre o processo de impeachment. E ele o fez.
Contudo, os ministros Teori Zavascki e Rosa Weber, a pedido de fiéis emissários
do PT, muito oportunamente concederam três liminares que suspenderam as regras
de tramitação determinadas por Cunha e Rosa Weber, em “juridiquês”, impediu
através de uma dessas liminares que o presidente da Câmara retomasse o rito do impeachment.
Com isto o governo ganhou um tempo precioso para acabar com Eduardo Cunha. Sem
ele cessa o perigo do impeachment, pois não se pode esperar nada da chamada
oposição. Terá, então, havido uma ingerência entre Poderes? Um fato muito grave
como o é um rompimento institucional?
Outro acontecimento dá o que
pensar: Os comandantes das Forças Armadas tiveram seus poderes subtraídos e
passados para o Ministro da Defesa. Isso foi feito por um decreto, cuja
iniciativa partiu de uma senhora que é secretária geral do ministério da Defesa
e que vem a ser mulher do segundo na hierarquia do MST. O atual ministro é o
comunista Aldo Rebelo. Dizem que quando precisam de alguém muito incompetente o
chamam.
Em recente declaração à Folha
de S. Paulo, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, disse ver
risco de a atual crise virar uma “crise social” que afetaria a estabilidade do
País. Segundo o general isso diria respeito às Forças Armadas e cita a
Constituição mostrando que as FFAA “destinam-se à defesa da Pátria, à garantia
dos Poderes constitucionais e, por inciativa de qualquer destes, da lei e da
ordem”, sob autoridade presidencial. Fiquei na dúvida se o general se preocupa
em defender o povo ou a autoridade presidencial, em caso de crise social.
Com tanto poder o PT pode
salvar Rousseff. Ela continuaria até fim do mandato ensacando vento e
conduzindo o País ao agravamento da crise econômica, cujas dimensões dão medo
aquilatar.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa, Socióloga,
17-10-2015
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