quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Contrastes dos últimos dias

José Manuel Moreira
Quase não dá para acreditar que os farsantes que delapidaram a herança de pais e avós e que insistem em endividar ainda mais filhos e netos sejam os mesmos que querem salvar o Planeta. Surpreendente é o número de jornalistas que se presta a proclamar a boa-vontade da casta que viaja de jacto e dorme em hotéis à medida da sua grandeza.

Tudo em clima de união burocrática cheia de certezas sobre o dilúvio que aí vem e do “castigo” politicamente correcto que nos espera: tornando os pobres mais pobres e os diferentes ainda mais diferentes. Num caminho-purgatório onde há títulos para todos os gostos: como “Os sapatos do Papa contra o suicídio (colectivo)” ou a “Terra desespera por acordo em Paris”.

Mesmo assim há quem, desconfiado, lembre Christiana Figueres, responsável das Nações Unidas para o “Climate Change”. Ao admitir que o objectivo dos activistas do ambiente não é salvar o mundo da catástrofe ecológica. É destruir o capitalismo: “mudar o modelo de desenvolvimento económico que tem dominado nos últimos 150 anos”. Terá razão Dan Mitchell, economista do Cato Institute, quando a acusa de fazer o mundo olhar para a sua mão direita para com a esquerda estrangular as economias desenvolvidas? Veja-se a alteração de conceitos para justificar novas transferências: com a “ajuda ao desenvolvimento” a dar em “ajuda climática”, para agora – com o crescendo de migrações – passar a “migração ambiental”. Falta só o envelope das novas obrigações que reforçam o poder dos artesãos da redistribuição que gerem os fundos verdes do “Mercado de Natal” de Paris. Louvando-se na justiça climática: o novo animal de estimação criado para a COP21.

Por falar em animais, como conciliar o empenho contra a violência sobre os ditos com a indiferença perante a morte de seres humanos indefesos e inocentes? Contraste que se agrava com a pressa em tornar ainda mais gratuita a causa do aborto. Tudo em nome do progresso e de uma liberdade de escolha negada em outros âmbitos, como na educação. E num tempo em que o direito a barrigas de aluguer choca com as loas à dignidade dos animais.

Mais contrastante é a forma como os bem-pensantes de um Portugal envelhecido e falido aplaudem alguém como Stiglitz que aconselha o governo a aumentar impostos para investir mais nas pessoas e na tecnologia. Isto a convite de uma Fundação (FCG) e num País perto do abismo: fruto da crença na salvação por via do aumento do consumo, não da poupança. Do agravamento do mal para o corrigir. Loucura que conta com empresários sem preparação para assumir a defesa da economia de mercado e sempre dispostos a apoiar um capitalismo clientelar/socialismo de compadrio e a subsidiar com jornais e fundações o ódio à civilização. O medo ao insulto (fascista) é tanto que pagam para se concertar com comparsas de regimes criminosos. Dá ideia de que vivemos os últimos dias de um mundo rastejante. Mas ainda vai dar para ver se os votos da FN, em França, como cá os do BE e PCP, são mesmo iguais aos outros. Entretanto, há quem insista em pedir bifes e leite de vaca que, dizem, originam 51% das emissões de gases com efeito de estufa.
Título e Texto: José Manuel Moreira, Diário Económico, 10-12-2015

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