Aparecido Raimundo de Souza
“Nosso terceiro olho, não se presta a traições. Sua fidelidade é
imbatível“.
Caio Eduardo de Almeida, no
pórtico do livro “Nossa bunda, e seu fabuloso lado místico” Editora do Autor
Emergente São Paulo, 1ª Edição, 2016.
O VOTO NO BRASIL É UMA
VERGONHA. Sempre foi, diga-se de passagem. Começa por ser obrigatório. Tudo o
que é injuntivo cheira, não a democracia, mas a orgia, a troça em sua melhor
forma de expressão. Essa vergonha não nasceu agora. Remonta de velhos e
desgastados janeiros. Surgiu com a tal da justiça eleitoral, outra merda que
fede tanto quanto quem a instituiu. Para começar, somos empurrados, conduzidos
a comparecer a esses bailes funks e expressar as nossas opiniões, ou as nossas
vontades. No sentido prático e figurado, evidentemente. Temos plena
consciência, as nossas aspirações, os nossos anseios descambam, literalmente,
para as casas das Mães Joanas.
Na prática, somos
constrangidos, manietados, dominados, empurrados a votar. Quem não vota, não
existe. É um zero à esquerda. Não só à esquerda, à direita também. Aquele cidadão, ou aquela cidadã que não
comparece a essas bodegas (montadas nas escolas onde nossos filhos estudam),
não abre conta em banco, não tira passaporte. Tampouco arranja trabalho. Enfim,
a criatura vira um zumbi, um morto vivo. Esse quadro dantesco, amadas e amados,
vai acabar. Ou, pelo menos, está prestes.
A todo vapor, surge uma nova modalidade de falcatrua, de engodo, de
armadilha, de embuste: a BIOMETRIZAÇÃO.
O que é isso? Dá para se comer
com um PF de beira de estrada acompanhado de um refri gelado? Calma, meus caros
leitores. Muita calma nessa hora. Estamos falando do fabuloso voto biométrico,
ou seja, daquele voto identificado pelas digitais. Pelas suas digitais. Não é lindo? Segundo a
galera do TSE (entendam TSE como Tribunal de Safados e Espertalhões), o lema,
ou o jargão que puxará o novo esquema de safadeza será enfiado na cabeça dos
otários, como uma meditação mantral, suave, amena e delicada aos ouvidos. Para
não ferir os tímpanos: “SUA DIGITAL FAZ TODA A DIFERENÇA, SUA DIGITAL FAZ TODA
A DIFERENÇA, SUA DIGITAL FAZ TODA A DIFERENÇA”.
Fará mesmo, estejam certos. Tanta, e tamanha, que os coitadinhos dos
votantes não saberão para onde (os seus votos) serão destinados. Isso é legal, faz um bem danado, age nas
pessoas, como um chute nos colhões.
Para quem nunca ouvir falar, o
voto biométrico é aquele voto igualmente secreto, tão secreto, tão
ordinariamente secreto, que o Barnabé Povinho começará a fazer papel de besta,
a partir do momento em que sair do conforto de sua casa e comparecer ao
bacanal, perdão, a zona eleitoral (é uma zona mesmo, acreditem) para meter o
dedinho e, uma vez mais, mostrar o quanto é burro e imbecil.
Na zona, o Mané adentrará com
cara de palhaço na seção, se encaminhará a um paspalho com cara de veado
mal-acabado, mostrará seus dedinhos e depois será direcionado para a maquininha
(ou urninha) que colherá a sua importante e imprescindível digital. Sem ela, a
corja de sacripantas não se elege aos olhos da sociedade, “entre aspas”. A
nosso entendimento, essa forma de biometria, acreditamos ser totalmente errada.
Incoerente, imprecisa. O voto biométrico deveria ser ou se dar da seguinte
forma.
Esperamos que as senhoras e os
senhores concordem com a nossa humilde sugestão. Os cidadãos, uma vez
enfurnados em suas seções eleitorais, desceriam as calças, abaixariam as
cuecas, e, no lugar de ficarem digitando números, com os dedos, consultando
colinhas, para rever as fuças dos filhos da puta que pretendem mamar nas tetas
da nação, o escambau, simplesmente enfiariam (repetindo, ao invés dos dedos com
as suas digitais) desculpem, sentariam confortavelmente as gordas bundinhas nos
deslumbrados e deslumbrantes leitores eletrônicos.
Passo seguinte dariam uma
esfregadinha básica da esquerda para a direita, ou vice-versa, e pronto.
Estaria cumprida, assim, na íntegra, com seus deveres de honrados
brasileiros. Para os homens, a
confirmação final, após as friccionadas com os traseiros, na hora de assinar a
lista de presença, se realizaria com os membros, popularmente alcunhados de
“paus”. As mulheres, igual operação,
exceto na hora de sustentarem os sacramentos endereçados aos seus candidatos.
Em outras palavras, ao ouvirem
aquela musiquinha sonora dos tempos medievais (que nos traz à memória, os idos
de quando nossos avós andavam de bicicleta de uma roda só), as representantes
do belo sexo chancelariam seus pleitos roçando, ou melhor, esfregando as suas
respectivas “perseguidas” (ou bocetas) nos leitores eufóricos das urnas. Após isso, estariam completadas as suas
obrigações e, de modo idêntico, validados os seus préstimos para com a pátria
amada.
Se faz mister deixarmos
explicitado o seguinte: num país onde nossos governantes ou representantes
vivem botando em nossos rabos, todos os dias (só a título de ilustração, vejam
as novelas do mensalão, do petrolão, e outros esquemas famosos), nada melhor
que a bunda. Caros leitores raciocinem friamente. Em nossa parca visão, entendemos ser
compatível, aqui, um pequeno parêntese. Por que a bunda? Porque a bunda é literalmente
a preferência nacional. Como o cigarro. Temos outras iguarias elegantes que
fazem nossas cabeças, como a maconha, o LSD, a cocaína, a cachaça, o vinho,
etc. Contudo, o cigarro supera todas as expectativas nessa lista de fino apuro
e aclamação.
De norte a sul do país,
portanto, o cigarro prevalece. Dá IBOPE.
Nessa via de trânsito infernal, para elegermos nossos futuros larápios e
punguistas de colarinhos brancos e terninhos de grifes (seja para as vagas de
vereadores, governadores, deputados, senadores, presidentes e outras altas funções
pagas com o nosso dinheirinho mirrado e suado) substancial se faz, iminente e
essencial, pois, as suas intervenções, quais sejam, as digitais ou as cuzais de
suas bundinhas nos olhos dos outros orifícios, perdão, nos visores
identificadores das cabaças biométricas. Parêntese fechado.
Vale lembrar, ainda em tempo,
caras amigas e amigos, por aqui é tudo uma esculhambação só. Uma balburdia
única, porquanto, barbaramente generalizada. Um câncer. Segundo a medicina moderna, esse mal não tem
cura. Uma torre de babel milenária, desde o fabuloso dilúvio de Noé, adaptada
com algumas políticas de surubas mecanizadas por baixo dos tapetes cheirosos,
felpudos e macios dos Palácios do Planalto e Jabucu (é Jabucu mesmo, com “u”)
criadas para esses insofismáveis e tétricos tempos modernos.
Somos, via igual, a favor do
fabuloso e incondicional voto biométrico. Reiterando, retumbadamente, não com a
captura das digitais, porém, com a forma primitiva dos rabos, dos fundilhos dos
eleitores colados aos leitores das urnas eletrônicas. Seria, assim, no geral,
as bundas dos brasileiros ajudando os nossos parlamentares (fosse essa
colaboração nos caminhos do congresso, da câmara, do senado, ou mesmo uma
trilha paralela para os quintos do inferno), a botarem melhor, a acomodarem com
o tal “jeitinho brasileiro” as bananas rombudas em nossas sofridas olhotas.
O “jeitinho brasileiro”, neste
caso específico, estaria programado a afundar, a penetrar, com força, com
vigor, em nossos próprios traseiros, por sinal, a cada dia, mais pressionados e
esquartejados ou violados pelos cacetes que saem voando de Brasília e ganham
vida e forma, forma e vida, ao se espalharem como ervas daninhas por todos os
estados da fuderação. Dissemos fuderação. Por favor, senhoras e senhores, não
confundam aqui alhos com bugalhos, ou como se apregoam além-mar cagalhões com
nêsperas.
Com a biometria feita pelas
carinhas dos nossos ânus, batendo mesma tecla, acomodando as suadas bundas nos
visores, o único inconveniente, seria na hora de acavalar ou abundar o
sufrágio, os eleitores lavarem com acuidade, com delicadeza e mimo, seus belos
e intocáveis cuzinhos. Passar, a depois, um talquinho, jorrar um perfuminho
fugaz, para, não sujar de bosta e, em vista disso, melindrar, magoar, ofender
ou abespinhar os sensores desses novos e insuperáveis aparelhos.
Portanto, senhoras e senhores,
votos biométricos pelas bundas, nas eleições de 2018. As digitais podem levar a
vários tipos de falsificações. As bundas, em contrário, jamais, trairão seus
proprietários. São fiéis. Não traem. Levando em conta, ainda, um fator muito
importante. Diferente das digitais, as pregas das nossas olhotas são únicas,
particulares, individuais. Vivem bem guardadas, não pegam fungos e, sobretudo,
as suas discrições e princípios de condutas, em vista das demais partes do
corpo, são inteiramente idôneas, leais, seguras e fidedignas e o melhor de
tudo, puras e intocáveis acima de quaisquer suspeitas. Votos biométricos pelas bundas, sem mais
demora, JÁ.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, de Santa Rita do
Passa Quatro, interior de São Paulo, 4-9-2017
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