sexta-feira, 25 de agosto de 2017

[Aparecido rasga o verbo] Si vis pacem, para bellum

Aparecido Raimundo de Souza


“Metida tenho a mão na consciência, e não falo, senão verdades puras, que me ensinou a viva experiência”.
Camões – Sonetos.
(Epígrafe de abertura da trilogia “Os Subterrâneos da liberdade”, de Jorge Amado).

Senhoras e senhores, uma coisa é certa como a morte. Urgentemente, sem mais demoras ou delongas, precisamos de gente jovem no governo deste brasilzinho de fundo de quintal.  Brasilzinho descapacitado, mutilado, à beira de um ataque de nervos. Necessitamos de sangue jovem na câmara, no senado, nos ministérios, em todas as estrebarias e cocheiras existentes no grande avião pousado. Esse bando de velhos e ladrões que hoje temos no poder, notadamente no comando da nação, já deu o que tinha de dar.

Sabemos que não, porém, por descargo de consciência, perguntaremos aos prezados: Se lembram de William Pit?  Pit, apesar da sua imaturidade, do verdor dos poucos janeiros, assumiu brilhantemente o cargo de primeiro-ministro britânico em 1783, quando contava apenas 24 anos. Vale deixar claro, durante a sua estada nesse parlamento, nunca se soube que houvesse roubado ou prevaricado à custa do suor daqueles que o colocaram nos frontispícios desta função pública.

Por aqui deveria ser assim. Nossos parlamentares, nossos emissários, não deveriam meter as mãos em nossos bolsos. Grosso modo, nos roubar descaradamente, afrontosamente. Por isso batermos repetidas vezes na tecla de que precisamos de gente jovem, de um grupo decente, de reputação ilibada, que tenha no currículo, uma visão diferente dessa roubalheira que vemos em nosso cotidiano.

Esses gatunos que hoje estão no comando, que delegam poderes, que fazem e desfazem a bel-prazer de suas putarias particulares (e aqui citamos, como exemplos, as turminhas dos marotos engravatados do Supremo Tribunal das Falcatruas e da Confusão de Constituição de Jumentos, entre outras surubas) deveriam cultivar o bom senso, a dignidade, o decoro, a JUSTIÇA.  Apagar essa imagem distorcida de que justiça, no brasil (por isso brasil com “b” minúsculo) é peça rara, de museu, encontrada, talvez, quem sabe, em brechós e antiquários de periferia. Justiça, como a enxergamos, se tem muito, para vender, a preços módicos, na feira de Caruaru.

Em nosso entendimento, voltando ao foco, esses velhos levianos, esses desclassificados, esses impuros, deveriam estar em suas casas, de terços nas mãos, rezando ou orando, por suas almas apodrecidas, curtindo seus filhos, suas esposas e netos. Aproveitando o restante de suas vidas imundas e o que roubaram (dos desprotegidos da sorte, daqueles que não nasceram com as bundas para a lua), para se dedicarem às famílias.  Nessa altura do campeonato, surge aqui uma dúvida cruel: por que será que essa escumalha de vândalos não faz isso? O que os impede?

As respostas, amigas e amigos, são simples. De fácil entendimento e compreensão. Esses indignos, esses javardos e impudicos, não tem famílias. No mesmo ressoar da campainha, não criam limbo. Não deixam lastros, não tem porto seguro. Vivem na contramão, na esteira do “quem dá mais”. Certamente, as companheiras desses ministros de merda, desses deputadozinhos meia pataca, senadores de tigela sem eira nem beira, não os aguentam, não os suportam.

São encardidos, asquerosos, gagás. Não fodem e não trepam. Não trepam e não fodem, a não ser nos cangotes da santa paciência dos brasileiros, dos pés rapados, dos caraminguados, dos sem deus, dos sem tetos, dos sem chão. Mesmo galho, dos sem comidas e bebidas e, pior, dos sem futuro.

Esses infames que hoje vemos na capital do país, pousando de menores infratores dos nossos bolsos (menores infratores aprontam, roubam, sacam, e não podem ser punidos, porque a lei os protegem), têm ideias retrógradas. Alimentam pensamentos anacrônicos, planos ultrapassados e fora de moda. Vivem, apesar dos anos decorridos, atados a sotaina encardida de Benedito VIII, aquele papa que papeou entre 1.012 a 1.024.

Como dissemos no início deste, precisamos de cabeças novas. Mentes sãs. Urgimos, sem protelações, sem dilações, ou retardamentos, de criaturas decididas, que não venham diante das câmeras, empertigados em terninhos de grifes, sapatinhos de veados, iguais aqueles dos personagens dos contos de terror de Hitchcock.

Não queremos, de igual modo, donzelas travestidas com topetes à Lucas Lucco e Teló, ou que vomitem de suas bocas, discursos ornados de tropos e antíteses, como Cícero e Tertuliano, acostumados a engambelarem as tropas dos malpassados (malpassados, aqui entendidos, como os Zezinhos Cus Sujos espalhados de norte a sul deste rincão de cornos mansos). Almejamos, em verdade, homens de fibra e coragem, coragem e fibra, sangue nas ventas, decididos, capazes de darem suas vidas em defesa dos rebentos desta pátria sem rumo, em colisão iminente com a derrocada fatal.

Nessa eterna torre de babel, vivemos, desde Gêneses, numa sociedade falida, vencida, espedaçada, sórdida e esculhambada. É o desconhecido que se agigante a passos largos ganhando espaços não preenchidos.  Formamos a enorme legião de bufões dessa sociedade falida, e não só falida, fodida, vencida, espedaçada, acovardada.

Sempre lembrando, lembrando sempre, esses fantoches, essas marionetes somos nós, os vulneráveis estuprados por essa súcia crônica e infindável de facínoras e marombados que abundam, transbordam e atufam Brasília. Cambada de picaretas, escrotos e vadios. Trapaceiros, sem vergonha. Pústulas.

Às vezes, ou dito de outra forma, quase sempre, temos a impressão de que esses salafrários carregam tatuados em seus respectivos rabos (como os povos de trocentos anos atrás), o Sino Salomão. Para quem está chegando agora, Sino Salomão era (ou ainda é, para alguns) uma espécie de talismã formado por dois triângulos entrelaçados à formação de uma estrela. Segundo os gentios e embengalados dos tempos da Arca de Noé, esse amuleto protegia e fechava os corpos de quem o possuía.

Acreditamos, sinceramente, que todos os larápios soltos (soltos e aglomerados), nesse instante, no epicentro, apesar de, entre aspas, viverem chafurdando como porcos nos belos e frescos jardins palacianos, disporem de seguranças 24 horas em suas nucas, andarem de carros oficiais, possuam, em alguma parte de seus cus fedorentos, essa guia, como uma bússola. Por gozarem dessa suposta sorte, se sentenciam donos do mundo.  Proprietários do poder. São, embora usados pelos anos, cheios de rugas e pelancas nos chifres, os DITADORES.

Como escreveria Charles de Mazade para a revista REVUE, se vivo fosse. “O que o povo precisa conscientizar, como um mantra, é que, todo santo dia, ele vem sendo usado como material descartável. A ralé é lixo contaminado. Resíduo que nem os cães suportam comer”. Ao que tomamos a liberdade de acrescentar. O Mané não tem direito a nada, a não ser meter as mãos nos bolsos, pagar seus impostos em dia (e bota imposto nisso), para manter esses filhos da puta no poder.  Isso mesmo, caros amigos, FILHOS DA PUTA.

Em contrapartida, o humilde, não passa de um sucateado. Sobrevive, ou melhor, não sobrevive, padece aos peidos, aos trancos e barrancos, como bem descreveria Augier. O coitadinho do povinho, está de pé pela misericórdia de Deus, segue adiante a la nostalgia de la boue.  Resumindo o óbvio ululante: os “sem noção” engolem sapos, rãs, pererecas e outros anfíbios congêneres da ordem Anura.

Nessa desmoralização toda, nessa depravação a olhos vistos e narizes cheirando, vamos ser mais sensatos e coerentes. Nessa enorme e bem cuidada (para eles, logicamente, para nós, depravada) casa da luz vermelha sem precedentes, uma desconfiança azeda e lancinante nos fere com lanças agressivas e hostis. Acreditamos, piamente, deva derribar, de modo semelhante, a toda a sociedade oprimida, intimidada, discordada. Nesse balaio de vermes peçonhentos Michel Jackson Temer, como fica? Que apito toca? Ou melhor: Temer ainda toca alguma coisa??!!

Explicação (des)necessária. Bem sabemos esse parasita, esse bicho dos quintos de satã, atravancado em nossos caminhos, colado as nossas ombreiras, como uma sombra negra, opaca e intransparente, nos faz recordar, a todo instante, D. Bartolo, o pai ciumento de Rosina. Apesar disso, os leitores continuarão de queixo caído: quem é D. Bartolo, e quem é Rosina? Oxe! Que ele existe desse cidadão com nosso “onrado” e “onesto” presidente??!!

A alusão, aqui, caras amigas e amigos a D. Bartolo, está ligada, ou confundida, evidentemente, não com o progenitor da heroína do Barbeiro de Sevilha (a Rosina), porém, com a desgraçada figura paterna de Temer (D. Bartolo), que igual ao personagem do italiano Gioachino Rossini, extremamente zeloso, receoso, tacanho, inseguro, desvelado, não deixa que seu filhinho querido, batizado como Brasil, deslanche, crie vida própria, se amplie, se avulte, se centuplique, se engrosse, se realce, e se mostre, mais que tudo, e acima de qualquer obstáculo, SOBERANO, LOUVADO, PORTENTOSO entre as outras nações.

Sintetizando todo esse embaralho, toda essa atravancação, afiançamos só haver uma maneira para colocarmos o país nos trilhos. Botarmos fogo no circo armado. Acabarmos de uma vez para sempre com os bozós e tiriricas. Deixarmos nós, os babacas, de sermos os carequinhas e arrelias.  Mandarmos para a forca, em praça pública, os verdadeiros, os originais torresmos, os patatis e patatás, esses atchins e espirros. Em suma, que sumam que desapareçam, que se amortizem esses descarados e vadios, esses baderneiros e rameiros que nos escravizam. Reclamamos por conta desse jugo e domínio, a nossa pronta e merecida ALFORRIAÇÃO.

Devemos, mais que qualquer propósito, ambição, ou intento, estar preparados para o pior. Apesar dessa nossa inidoneidade, dessa nossa incompetência, dessa falta de habilidade, carecemos de força. Não só força. Notadamente gotas de animo, grandes porções de energia e potência. União, galera, união. Les absents (ont) toujours tort. Juntos, coesos, harmonizados e afiados num só pensar, num mesmo conceito de objetividade, seremos invencíveis.  Se como meta primordial temos, se queremos... se almejamos, se ansiamos, se aspiramos a PAZ, nos preparemos para a GUERRA.
Título e texto: Aparecido Raimundo de Souza. De Itaparica, Salvador, na Bahia, 25-8-2017   

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