terça-feira, 22 de agosto de 2017

A prova de que o PS, o PCP e o BE são racistas e xenófobos

João Lemos Esteves

Não deixa de ser curioso notar que a extrema-esquerda que se indigna com as declarações de Pedro Passos Coelho e André Ventura é a mesma que se pronuncia sempre contra os “estrangeiros”, que é “antieuropeia” e que promete dar prioridade às empresas portuguesas e aos trabalhadores portugueses contra os estrangeiros.

1. Calma, muita calma, meus caros elementos da trupe dos “João-Galambas” que por aí pululam, que o mesmo é dizer todos aqueles cuja função social é somente defender acerrimamente (devemos afirmar acefalamente?) o PS, atacando com violência todos aqueles que ousam criticar o respetivo “querido líder” (chame-se ele José Sócrates ou António Costa, até porque as semelhanças entre os dois inúmeras – são dois géneros da mesma espécie política). Solicita-se que não fiquem excessivamente indignados com o título: afinal de contas, o próprio autor destas linhas é contrário a qualquer generalização na imputação de frases ou declarações que revelam um preconceito contra um cidadão ou classes de cidadãos, partindo do pressuposto de que o único responsável pelas opiniões emitidas é o sujeito que as emite, não o grupo social ou político ao qual pertence; bem como sempre se assumiu contrário à banalização de conceitos que exprimem realidades de vivência social adversas, as quais comprometem a coesão da própria sociedade.

2. Com efeito, a utilização indevida de conceitos como racismo ou xenofobia conduz à desvalorização da gravidade dos comportamentos que pretendem expressar: os verdadeiros casos de exclusão de pessoas ou grupos motivados por fatores de origem social, racial ou étnica acabam obnubilados por aqueloutros que são tratados como racistas ou xenófobos apenas por razões de conveniência político-partidária. Na verdade, infelizmente, entre nós, os casos de discriminação, ilícita e contrária à dignidade da pessoa humana, não têm merecido a devida atenção por parte dos nossos concidadãos e dos poderes públicos justamente porque se partidarizou o tema da luta contra as desigualdades.

3. De facto, em Portugal não se discute o caminho a seguir para combater a discriminação (seja ela qual for), que medidas adotar para promover a igualdade de oportunidades e uma sociedade mais inclusiva, prefere-se antes discutir quem pode reivindicar a luta contra a discriminação social. Mais concretamente, a “elite” política diverte-se a debater se a igualdade é um reduto exclusivo da esquerda ou se, ao invés, a direita pode assumir do mesmo modo a luta contra a desigualdade como um eixo central do seu programa de ação política. Neste ponto (também neste ponto!), o Bloco de Esquerda ganhou: ao institucionalizar o discurso sectário e (esse sim!) preconceituoso, segundo o qual a esquerda é dotada de uma superioridade moral que lhe confere uma legitimidade acrescida e singular para lidar com determinadas matérias, designadamente a efetivação do princípio da igualdade, metade dos portugueses (se não mais) foram excluídos de qualquer debate (sério!) sobre este tema tão fulcral para o nosso futuro coletivo.

4. Com a emergência do Bloco de Esquerda, a retórica política radicalizou-se, gerando as “convicções por natureza”: a esquerda é igualitária e antidiscriminação por natureza; a direita é “desigualitária” e discriminatória por natureza. Acresce ainda que o Bloco de Esquerda tem um poder desproporcional na comunicação social àquele de que dispõe em termos de apoio popular: apesar de os bloquistas raramente chegarem aos 10% nas urnas, dispõem de uma representação a rondar os 75% nas redações da maioria dos principais jornais portugueses. A retórica sectária do Bloco de Esquerda converte-se, assim, no discurso mediático oficial: sempre que há uma notícia sobre igualdade, discriminação ou exclusão social, lá aparece – em grande destaque – uma figura do Bloco ou da ala mais radical do PS.

4.1. Pense-se, por exemplo, em Boaventura Sousa Santos, que se tornou o único português preocupado com a desigualdade social, de acordo com os jornais diários portugueses do politicamente correto (ou do regime, conforme se quiser). E na simpatia de que este académico militante do BE goza nos media portugueses, apesar de o próprio se confessar como um “antidemocrata” e conseguir detectar qualidades políticas notáveis em Nicolás Maduro, esse político tão democrata quanto a democrata União Soviética.

5. Pois bem, tal como já havia sucedido relativamente aos homossexuais, o Bloco de Esquerda e o PCP aproveitam agora a polémica em torno dos ciganos e dos imigrantes como pura manobra de diversão política. Ao contrário do que apregoam, os bloquistas e os comunistas cometem um verdadeiro atentado contra a dignidade da pessoa humana: utilizam grupos de pessoas como simples meios para prosseguir os seus interesses político-partidários. Acusar o PSD de racismo ou xenofobia serve apenas para PCP e BE manterem o seu tom de protesto, omitindo a circunstância de que são o verdadeiro governo.

6. É, enfim, a forma de comunistas e bloquistas não abdicarem da sua postura cúmplice com a política económica e financeira de António Costa, fingindo ao mesmo tempo que são oposição – enquanto se fala nos direitos das minorias não se fala da economia, da qualidade do emprego criado, dos salários dos portugueses e das reivindicações frustradas da base de apoio popular de comunistas e bloquistas. Defender os direitos dos ciganos e das minorias étnicas e raciais passaria por promover um debate sério e alargado sobre a matéria, algo que a extrema-esquerda não quer. Porquê? Porque não tem soluções – apenas slogans publicitários fantasiosos. Ora, um debate implica a apresentação de soluções divergentes para chegar à melhor solução possível – logo, o BE e o PCP perderiam sempre. Não admira, por conseguinte, que prefiram a acusação simplista, o monólogo ensaiado e repetido, o labelo acusatório inconsequente – este é o seu terreno predileto, o único em que sabem atuar.

7. Para mostrar o quão ridículo é o PCP acusar o PSD de racismo por considerar que não se pode banalizar a atribuição da nacionalidade portuguesa ou a entrada permanente de estrangeiros em Portugal – por razões legítimas de interesse público e da própria respeitabilidade do Estado português -, basta pensar que seria o mesmo que o PSD acusar o PCP de ser um partido ladrão – isto porque o PCP incita ideologicamente à destruição da propriedade privada, o que corresponde à subtração de património privado pelo Estado de forma arbitrária e contrária aos direitos naturais da pessoa humana. Portanto, o PCP, no fundo, quer roubar os portugueses! Assim se vê a incoerência e o ridículo do PCP… e restantes companheiros da extrema-esquerda.

8. Por outro lado, não deixa de ser curioso notar que a extrema-esquerda que se indigna com as declarações de Pedro Passos Coelho e André Ventura é a mesma que se pronuncia sempre contra os “estrangeiros”, que é “antieuropeia” e que promete dar prioridade às empresas portuguesas e aos trabalhadores portugueses contra os estrangeiros. E que na campanha autárquica em Lisboa protesta contra o “turismo rasca”, ou seja, contra o turismo dos “mais pobres”. Conclusão: a esquerda geringonçada (PS de Costa, PCP e BE) tem tiques racistas e xenófobos. Uma vergonha democrática. 
Título e Texto: João Lemos Esteves, jornal “i”, 22-8-2017

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