Nuno Melo
Quando na Europa os atentados terroristas se sucedem, praticados
muitas vezes por quem acolhemos, cá vive e trabalha, quem se atreva a sugerir
melhores regras que filtrem os fluxos migratórios terá garantido em alguma
Esquerda o insulto gratuito, tratado como xenófobo, racista e nacionalista.
Entre outros argumentos, virá
o disparate fácil e simplista de que a Europa está velha, fazem-se por cá
poucos filhos, estamos condenados a prazo a uma espécie de demografia grisalha
e, por isso, todos são indistintamente bem-vindos. Depois, fixados na fantasia
idílica que lhes marca o discurso, recusarão aceitar que entre esta conversa do
"venham todos" e o contraponto absurdo das portas fechadas, que
também haveria quem gostasse de ter, há um meio-termo de bom senso e lucidez
básica, que seria suposto assegurar a regra de maior consenso. O ponto é:
realmente, a Europa não precisa de qualquer pessoa. Só faz cá falta quem esteja
disposto a integrar-se, a cumprir as nossas leis, a respeitar os nossos modos de
vida, a não atentar contra a nossa existência, a garantir que não nos
sentiremos sequestrados e com medo dentro da nossa própria casa. Para estes,
tudo. Aos outros, simplesmente nada.
Os apologistas do fim da
Europa fortaleza, convenhamos, não são só líricos. São também perigosos. E
infelizmente são muitos.
Esta semana em Espanha, numa
homilia justificada pelos atentados em Barcelona e Cambrils e pela chacina de quinze
pessoas inocentes, um padre católico de Madrid, Santiago Martín, decidiu
ultrapassar as considerações previsíveis de natureza religiosa. Expressando a
revolta de muitos, apontou o dedo à presidente da Câmara da cidade catalã, Ada
Colau [foto] eleita na plataforma radical que integra o Podemos. Saudou as
manifestações públicas de repulsa e também as orações. Mas reforçou que rezar
não basta e há que fazer algo mais. A propósito, recordou que na sequência do
atentado que um ano antes, com recurso a um camião, também provocara dezenas de
mortos na cidade francesa de Nice, o Governo espanhol recomendara que se
colocassem obstáculos nos pontos de acesso aos locais das cidades que
registassem grandes concentrações de pessoas. Sob pretexto de que coartava a
liberdade, este mecanismo de segurança foi recusado para as Ramblas, por Ada
Colau. Por isso, o padre Santiago Martín, concluiu assim:
"Coarta a liberdade, é
verdade; a liberdade dos assassinos. Portanto, uma parte da culpa (...) é da
presidente da Câmara de Barcelona. Menos lágrimas e mais fazer coisas".
Título e Texto: Nuno Melo, Deputado Parlamento Europeu
(CDS), Jornal de Notícias, 24-8-2017
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