Leo Daniele
Se o leitor pensa que
“vidinha” é apenas o diminutivo de “vida”, está enganado. Como “vidinha” é com
frequência o apego à rotina, cabe um esclarecimento. Pode ser até virtude aceitar
uma rotina, desde que o façamos sem perder os grandes horizontes que devem nos
nortear. Caso contrário, a rotina poderá nos tornar medíocres e, aí sim,
poderemos cair naquilo que chamamos de “vidinha”.
Não podemos permitir que a
rotina se transforme em indiferença. Este é o ponto. Nem desejar ser
“daqueles a quem só interessa a coisinha deles, a virtudezinha deles e a
pessoinha deles”, levando a sua vidinha e recitando o seu
credo: “Creio num só Deus, o dinheiro onipotente, criador da fartura e
da tranquilidade etc.”.
Assim se exprimia Plinio
Corrêa de Oliveira em uma oração que compôs para combater essa má tendência.
Mas a vidinha não é o
auge, ela é o cinza da vida.
O cinza não é incolor, nem
merece fazer parte da vistosa galeria das cores vivas como o vermelho, o azul,
o dourado etc. É neutro, sem sabor. Sempre se deve ter uma atitude interna,
ainda que silenciosa, diante das coisas más, pois sempre se pode ser inconformado
com as conformidades erradas dos outros.
Nosso Senhor Jesus
Cristo não se contenta com as almas que são generosas somente no teor miudinho
da vida cotidiana. Como afirma Dr. Plinio, “num dia ou
outro, uma tragédia vem para os que Ele prefere. Tragédia interior ou tragédia
exterior, uma coisa e outra em geral, e na maioria dos casos, várias tragédias
se sucedem até à morte”.
Oh, a apatia! A falta de ação
e reação! Mas como, reação? Nas condições em que vivemos, muitas vezes é uma
coisa difícil. No entanto, sempre devemos tomar uma atitude interna,
silenciosa, de inconformidade com os erros que notamos para não nos submetermos
à onda. A inconformidade está sempre ao alcance de todos, pois
conformismo é sinônimo de egoísmo e passividade.
Título, Imagem e Texto: Leo Daniele, ABIM,
31-8-2017
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