quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

[Atualidade em xeque] Stockholmssyndromet Tupiniquim

José Manuel

Síndrome de Estocolmo ou síndroma de Estocolmo (Stockholmssyndromet em sueco) é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor. De um ponto de vista psicanalítico, pessoas que possam ter desenvolvido ao longo de experiências na infância com seus familiares ou cuidadores, algum traço de caráter sádico ou masoquista implícito em sua personalidade, podem em certas circunstâncias de abuso desenvolver sentimentos de afeto e apego, dirigidos a agressores, sequestradores, ou qualquer perfil que se encaixe no quadro geral correspondente a síndrome de Estocolmo. Há também a possibilidade, amplamente considerada, de que para algumas pessoas vítimas de assédio semelhante, possam desenvolver algum mecanismo inconsciente irracional de defesa, na tentativa de projetar sentimentos afetivos na figura do sequestrador ou abusador que possam "amenizar" ou tentar "negociar" algum tipo de acordo entre a relação vítima/agressor na tentativa de reduzir a tensão entre os entes envolvidos.

No português coloquial, "tupiniquim" costuma ser usado como sinônimo de "brasileiro". 

Estamos a alguns dias de uma festa popular que, poderíamos dizer, acontece a nível mundial, mas que no Brasil adquire uma grandeza fora do comum. Conheço esta festa chamada carnaval em várias cidades de mundo, mas nada é, foi ou será parecido como o que ocorre por aqui em terras brasiliensis.


O carnaval é um festival popular do Cristianismo ocidental, que ocorre antes da estação litúrgica da Quaresma, portanto na maioria dos países Cristãos se comemora essa festa popular.

Nada contra, e até pelo contrário, essa festa deveria ser sempre um momento no cotidiano, da eterna labuta pela sobrevivência, um lapso temporal de relaxamento e brincadeiras entre as famílias, os amigos, enfim toda a sociedade colocando para fora saudavelmente as agruras sofridas ao longo de cada ano. É, se bem utilizada essa festa comunitária, extremamente saudável e libertadora.

Agora, pensar em algo popular e saudável neste momento angustiante pelo que o Brasil passa, com miséria, corrupção sistêmica em todos os escalões governamentais, da mais simples prefeitura de uma cidade do interior às altas esferas de todos os poderes em Brasília, é antagônico àquilo que chamamos de convivência social saudável.

Os últimos eventos policiais nas cidades ou Estados de Goiânia, Natal, Ceará e principalmente Rio de Janeiro, onde chacinas monstruosas têm sido cometidas em centros urbanos e presídios, não pode em hipótese alguma ser comemorado com uma festa popular que pseudo está, acima de tudo. Não, não está.

O Rio de Janeiro, por exemplo onde seus dirigentes podem ser considerados representantes latinos de um famigerado ditador Sírio Bashar al-Assad, tal o estado de guerra em que o Estado vive com mais vítimas do que a própria guerra civil Síria, é um dos sinais de que algo vai muito mal por aqui, com sérias consequências futuras e pior, sem que a sociedade vislumbre uma reação política a esse estado convulsionado. No Brasil só se pratica a reação, nunca a prevenção, e é claro que sem uma mudança radical a reação será sempre o foco, nunca a solução, o que não leva a coisa alguma.

O país corre um sério risco de uma convulsão social em larga escala, que pode fugir do controle, mas o seu povo não observa isso, nem tampouco se preocupa em corrigir através de atitudes cidadãs, preferindo um carnaval como uma válvula ilusória e temporal de escape. O pavio está muito perto do detonador, mas não se toma providências no sentido de apagar esse pavio aterrador.

O Brasil já era sintomático neste aspecto, pois "as circunstâncias de abuso da sociedade por parte de governos fracassados que só exploraram essa mesma sociedade" desde o fim do regime militar, e principalmente também os quase dezoito anos de regime governamental do PT, em que o Estado se deteriorou velozmente. Portanto praticamente duas décadas e uma geração perdida.

O momento atual e o início das comemorações carnavalescas nos levam a acreditar que  um "estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade"   é um indicador de que o povo está sofrendo da síndrome de Estocolmo, pois está sofrendo há dezoito anos com o Estado em crise, são 15 milhões de desempregados, empresas fechando as portas todos os dias, a miséria se espalhando pelas cidades, mas a admiração, o endeusamento e o fanatismo pelos seus ex-governantes, de seus atuais políticos corruptos, em sua grande maioria já condenados, é extremamente preocupante. 

"Há também a possibilidade, amplamente considerada, de que para algumas pessoas vítimas de assédio semelhante, possam desenvolver algum mecanismo inconsciente irracional de defesa, na tentativa de projetar sentimentos afetivos na figura do sequestrador ou abusador que possam "amenizar" ou tentar "negociar" algum tipo de acordo entre a relação vítima/agressor na tentativa de reduzir a tensão entre os entes envolvidos ".

É aqui, exatamente neste ponto do mecanismo inconsciente irracional, em que se situa o fenômeno da exaltação ao carnaval, que já se manifesta três semanas antes da festa oficial. É a tentativa psicológica da síndrome de Estocolmo e irracional de reduzir a tensão entre os entes envolvidos.

Isto vem se repetindo há décadas, mas agora no olho do furacão em que o país se encontra, torna-se cada vez mais claro. 
Título e Texto: José Manuel - apenas um observador, 5-2-2018

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