sábado, 7 de abril de 2012

As razões do porco e as razões do aposentado

Almir Papalardo

Foto: Marco Pinheiro Costa
Conta-nos certa fábula de Monteiro Lobato, ‘As Razões do Porco’, que um determinado criador de animais, transportava um carneiro, uma cabra e um porco para serem negociados no mercado.

O carneiro e a cabra seguiam a viagem, silenciosos e tranquilos. Já o porco, demonstrava aflição, medo e não parava de berrar, o que obrigou a cabra e o carneiro a adverti-lo:
- Por que tanta inquietação, oh criatura? Significa apenas que seremos vendidos e trocados de dono.

O porco, berrando ainda mais alto, retrucou expondo as suas razões:
- Você, cabra, a sua missão é fornecer o leite. E a sua, oh seu carneiro, é a de dar a lã. Portanto, para vocês pouco ou nada significa mudar de dono. Quanto a mim, fatalmente, significa que serei comido, exposto numa mesa farta, assado com um limão na boca, onde serei esquartejado e devorado por humanos famintos. Significa que “não só mudarei de dono como também mudarei de mundo.“

Desta fábula também se pode tirar algum proveito (apenas ironia), adequando-a ao chororô dos aposentados, cada vez mais intenso, o que vem incomodando a todos os atuais governantes que se julgam autossuficientes, com a tola pretensão de estarem realizando uma grande e profícua administração.

Aproveitando a lição moral contida nesta fábula, façamos, imitando a “Ilha da Fantasia”, as seguintes adaptações imaginárias:
- A cabra que fornece o leite, vamos substituí-la pelo Executivo que distribui bolsas-família e que se irrita facilmente com as críticas de aposentados. Igualzinho a cabra não quer ouvir o chororô dos segurados da Previdência. Tapa os ouvidos...

- O carneiro que dá a lã, podemos trocá-lo pelos ministros e fiéis aliados da equipe econômica, que se nega a escutar as razões dos aposentados. Dedicam-se somente na ampliação e distribuição da bolsa-família (caça votos).

- O porco, realmente o único prejudicado, pode ser substituído pelos aposentados que também são os únicos prejudicados no processo previdenciário. Igualmente estamos inconformados, inseguros, lamuriosos, antevendo um nefasto destino, o de ter dentro de algum tempo nossa aposentadoria reduzida a apenas um salário mínimo, depois de ter conquistado constitucionalmente quatro, cinco ou seis salários, de acordo com as nossas contribuições na vida ativa, quando, verdadeiramente, já éramos lesados e só percebemos isso mais tarde, porque nossos contratos de trabalho foram rasgados covardemente no requerimento da aposentadoria.

É isso aí, amigos aposentados e pensionistas, vamos intensificar os nossos berros como fez o porco, até que algum pilar ético e moral que ainda exista no Brasil, mostrando o ar de sua graça, justificando o astronômico salário que recebe, resolva nos escutar.

Uma “Feliz Páscoa” para todos os amigos internautas aposentados, que para espairecer um pouco a mente castigada pelos maus tratos infringidos, adaptei esta despretensiosa historinha do faz de conta... 
Abraços a todos.
Título e Texto: Almir Papalardo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-