Almir Papalardo
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Foto: Marco Pinheiro Costa |
Conta-nos certa fábula de
Monteiro Lobato, ‘As Razões do Porco’, que um determinado criador de animais,
transportava um carneiro, uma cabra e um porco para serem negociados no mercado.
O carneiro e a cabra seguiam a
viagem, silenciosos e tranquilos. Já o porco, demonstrava aflição, medo e não
parava de berrar, o que obrigou a cabra e o carneiro a adverti-lo:
- Por que tanta inquietação,
oh criatura? Significa apenas que seremos vendidos e trocados de dono.
O porco, berrando ainda mais
alto, retrucou expondo as suas razões:
- Você, cabra, a sua missão é
fornecer o leite. E a sua, oh seu carneiro, é a de dar a lã. Portanto, para
vocês pouco ou nada significa mudar de dono. Quanto a mim, fatalmente,
significa que serei comido, exposto numa mesa farta, assado com um limão na
boca, onde serei esquartejado e devorado por humanos famintos. Significa que
“não só mudarei de dono como também mudarei de mundo.“
Desta fábula também se pode
tirar algum proveito (apenas ironia), adequando-a ao chororô dos aposentados,
cada vez mais intenso, o que vem incomodando a todos os atuais governantes que
se julgam autossuficientes, com a tola pretensão de estarem realizando uma
grande e profícua administração.
Aproveitando a lição moral
contida nesta fábula, façamos, imitando a “Ilha da Fantasia”, as seguintes
adaptações imaginárias:
- A cabra que fornece o leite,
vamos substituí-la pelo Executivo que distribui bolsas-família e que se irrita
facilmente com as críticas de aposentados. Igualzinho a cabra não quer ouvir o
chororô dos segurados da Previdência. Tapa os ouvidos...
- O carneiro que dá a lã,
podemos trocá-lo pelos ministros e fiéis aliados da equipe econômica, que se
nega a escutar as razões dos aposentados. Dedicam-se somente na ampliação e
distribuição da bolsa-família (caça votos).
- O porco, realmente o único
prejudicado, pode ser substituído pelos aposentados que também são os únicos
prejudicados no processo previdenciário. Igualmente estamos inconformados,
inseguros, lamuriosos, antevendo um nefasto destino, o de ter dentro de algum
tempo nossa aposentadoria reduzida a apenas um salário mínimo, depois de ter
conquistado constitucionalmente quatro, cinco ou seis salários, de acordo com
as nossas contribuições na vida ativa, quando, verdadeiramente, já éramos lesados
e só percebemos isso mais tarde, porque nossos contratos de trabalho foram
rasgados covardemente no requerimento da aposentadoria.
É isso aí, amigos aposentados e pensionistas, vamos intensificar os nossos berros como fez o porco, até que algum pilar ético e moral que ainda exista no Brasil, mostrando o ar de sua graça, justificando o astronômico salário que recebe, resolva nos escutar.
Uma “Feliz Páscoa” para todos
os amigos internautas aposentados, que para espairecer um pouco a mente
castigada pelos maus tratos infringidos, adaptei esta despretensiosa historinha
do faz de conta...
Abraços a todos.
Título e Texto: Almir
Papalardo
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