quinta-feira, 5 de abril de 2012

"Queimar o Título de Eleitor em praça pública. Talvez fosse o início do Basta!"

Plínio Sgarbi

Não foi surpresa para mim, e esses como o Demóstenes, que investem como arautos da moralidade e se vestem de paladinos da justiça e da ética, são os piores. DEMóstenes, PTóstenes, PSDBóstenes  e outras cacas mais. Para os criminosos, as penas da lei, não importa quem sejam eles e quais sejam elas.

Mas num país paraíso da impunidade, a Têmis está vendada a vista grossa que nada cega, e, vendida, pendendo a balança para o vendável com a espada como um martelo na pancada de um leilão no "quem dá mais".

Por isso que venho há anos, e até, provocando calorosos debates, com a proposta da fogueira cívica: queimar o título de eleitor em praça pública. Talvez seria um início do povo começar a dizer: Basta!

Creio que o valor das pessoas é proporcional à seriedade com seus compromissos.

Onde a sociedade não se impõe de forma organizada, não são gerados controles efetivos do poder. Assim, seus detentores não se sentem obrigados a prestar contas e a corrupção e a roubalheira correm soltas.

Se o voto mudasse alguma coisa, o povo seria proibido de votar. E, entre tantas razões da minha proposta da fogueira cívica, que até cansei de divulgar, uma delas é a simples continha matemática, por exemplo: um candidato a vereador precisa investir na sua campanha em média 100 mil reais. Há dois caminhos possíveis de onde decorre este montante: primeiro, do próprio bolso do candidato; segundo, de empresas e amigos interessados na sua eleição. Caso decorra do primeiro caminho, fica a pergunta: por que o candidato gastaria 100 mil reais para, caso se eleja, ganhar de salário uns 5 mil reais por mês? E se por acaso sua campanha for financiada por uma empresa, ou amigos, também resta uma pergunta: os financiadores farão essa doação gratuita, sem esperar nada em troca?

Ora! É impressionante a fé do eleitor em crer que há realmente alguém limpo, honesto e acima de qualquer suspeita nesse business.

De religiosos a partidos e partidários, não há ninguém e nada realmente limpo.

Uma das origens dessas "tretas demóstinianas" é a campanha eleitoral e o poder Executivo e Legislativo estão amarrados a uma estrutura corrupta (lícita e ilícita) que envolve financiamento de campanha e círculos viciosos em que os agentes trabalham apenas para se conservarem e reproduzirem, que emana de uma estrutura visivelmente invencível, seja pela estabilidade com que essas máfias se apropriaram do espaço público, seja pela ausência de alternativas por dentro capazes de reverter significamente o quadro geral.

Aqueles que entram pelo seu próprio prestígio já se valeram de seus cargos para apoderamento do dinheiro público. Os políticos em cargos eletivos são fantoches de grandes corporações, segmentos da sociedade que os financiam para que governem, legislem e etc., sob os seus interesses, transformando órgãos públicos em fábricas de licitações forjadas e outras tantas mais serventia (chega-se a ser tragicamente hilário, num país reconhecidamente corrupto pelos seu povo, já teve o circo das obras dos jogos do pan e haverá as obras da copa de futebol e dos jogos olímpicos, para o delírio do povo).

Decorre aí a mazela principal do atrelamento dos parlamentares eleitos aos interesses das empresas financiadoras, ficando seu comportamento e seus votos no Congresso amarrados a esses interesses, tantas vezes distintos do interesse da Nação, isto é, do povo nacional. Ainda uma segunda e funesta mazela: Os grandes grupos econômicos, bancos e grandes empresas, só financiam as lideranças, os políticos que comandam e influenciam mais as votações no Congresso. Os parlamentares menos destacados, do chamado baixo clero, têm que recorrer a grupos menores, empreiteiros locais, empresas ou ONGs que captam recursos públicos alocados por eles, deputados financiados, em operações ilegais, ilícitas e corruptas. A maior fonte de corrupção dos políticos de hoje está na formação da caixa para a reeleição, que é uma necessidade criada pelo crescimento dos gastos de campanha e pelo sistema de financiamento.

Seria muito ingênuo imaginar que existe algum parlamentar que escapa dessas "tretas demóstinianas".

O Poder seduz.
O Poder corrompe.

O processo de incorporação dos partidos repartidos e partidos ao sempre continuísmo e oportunismo, não ocorre somente na compra da consciência com cargos públicos, mas, sobretudo, na formação de redes de negócios que se estabelecem entre corporações privadas, cúpulas partidárias e aparelhos de Estado, com a adesão aberta ou dissimulada das lideranças políticas e dos partidos aos interesses dos diversos segmentos do capital. Banqueiros, industriais, ruralistas, gestores de negócios especulativos, empreiteiros, especuladores imobiliários, publicitários, órgãos de comunicação, enfim, os detentores do poder real-paralelo, com raízes dentro e fora do país, não encontram obstáculos para cooptar grupos inteiros. A mercantilização do processo eleitoral facilitou, em muito, esse trabalho.

Assim sendo, que condições conscientes têm os eleitores para escolher o Candidato "menos ruim" que realmente os representem?

Mas o fato é que também perpetuam-se as "tretas demóstinianas" graças aos currais eleitoras, ao custo de dentaduras, pares de botinas e dinheiro vivo, além de todo tipo de favores bolsas-voto, bolsas disso ou aquilo e toda uma claque paga com dinheiro público. Tudo isso sob as vistas grossas e complacentes do TSE, que não enxerga a dinheirama usada nas gastanças de campanhas.

Os políticos nascem, crescem e se reproduzem no ventre da sociedade, ou seja, são gens dominantes, que, em tese, representam a maioria. Entendo também que enquanto nós, "cidadãos honestos", dermos gorjeta ao garção de uma festa de aniversário para sermos melhor atendidos, não teremos força moral e genética para depurar a nossa genealogia política".

Tão logo resolveram os militares devolver o país às mãos dos civis, estes, trataram logo de escrever a quinhentas e tantas hábeis mãos em manipular o dinheiro público em proveito próprio e explorar a indigência intelectual das massas estúpidas e ignorantes, é a democracia dos seus sonhos, ou seja, um esquema criminoso para funcionar em proveito próprio e jamais aquela democracia que estabelece a ordem para gerar o progresso.

Lamentável, triste e decepcionante que chegamos à perfeição de nossa ruína e decadência.

O brasileiro sempre será vítima de uma quadrilha de marginais muito bem articulada e organizada, composta por diversas agremiações criminosas empenhadas em saquear o país e que descaradamente se auto-nomeiam de partidos políticos. Também passando à condição de cúmplice o povo brasileiro ao comparecer as Urnas Eleitoreiras, postando-se na mais covarde letargia, aceitando todas as vilanias perpetradas pela quadrilha oriundas das fartas colheitas das Urnas Eleitoreiras sem esboçar a menor reação.

Em qualquer país sério do mundo os assuntos de estado são resolvidos de acordo com a vontade da maioria. No Brasil, faz-se o contrário: tudo é resolvido em proveito das minorias, não das minorias desamparadas pelos poderes públicos, os verdadeiramente carentes da proteção do estado, mas das minorias imorais e criminosas.

Mas é assim mesmo, a democracia para funcionar bem exige que a população do país onde ela se instala tenha um certo nível de instrução e cultura que possibilite à maioria escolher bem os seus dirigentes. Isto porque a alma da democracia é o voto popular. Democracia, o sistema de governo menos imperfeito do mundo mas que só funciona em países onde o povo tem um alto ou bom nível educacional e cultural.

Os Eleitores não têm a mínima ideia das consequências do Voto, pois o ato de votar, nessa tal democracia que foi muito mal planejada e está ainda pior na forma pela qual está sendo conduzida, continuará valendo nada vezes nada para o povo, valerá apenas para manter viva essa piada chamada de nossa representação. O Voto é uma arma pela qual alvejamos apenas em nossas testas. Porém, mesmo sabendo o efeito dessa arma, surgirão sempre novos esquemas tentando convencer ser os melhorista, com os mesmos velhos discursos, vendendo esperanças na humanização da política e do trato social nesse estado de coisa que não tem mais conserto. A esperança pode tornar menos difícil suportar o momento presente e aí sempre aparecerão aqueles vendendo oportunisticamente essas esperanças que faz eleitores a se oferecerem a uma sempre e certa servidão voluntária.

E por essas e tantas outras mais, o Brasil segue sem povo e continua sendo público desses oportunistas, dessas encenações, desses espetáculos de militantes, políticos, bispos e pastores. No processo Eleitoral não há inocentes e a cada eleição, em dois em dois anos, o povo comparece alegremente às urnas eletrônicas para eleger seus algozes.

Com eleição de A ou B, C ou D, 1ª, 2ª ou 3ª via, seja quem for o eleito, esse será o administrador dos interesses de apoios "interesseiros".

Creio que devemos colocar muito de nosso senso crítico para analisarmos todo esse processo do oportunista continuísmo em que vivemos e não sair por ai comprando qualquer produto ou qualquer teoria aos modos do entre os piores, o menos ruim. Taí o Demóstenes para comprovar.

Será que o eleitor ainda não percebeu que o Sistema Político e Eleitoreiro é um grande esgoto a céu aberto onde o fedor contamina toda a consciência da Nação.
Texto: Plínio Sgarbi
Edição: JP

Foto: do blogue Parque Evereste

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Um comentário:

  1. Queimar título de eleitor, bater panela, etc....etc...pura babaquice, ato de covardes, o que resolve mesmo é bala em todos esses vagabundos

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