Com três meses de um governo mais
tumultuado do que mil MOABS, presidente foi da agonia a um respeitável conjunto
de indicadores positivos. Vejam por quê
Vilma Gryzinski
Todos os muitos problemas que
já aconteceram com Donald Trump – e os que ainda estão por acontecer - serão
maciçamente expostos quando ele completar cem dias de governo.
![]() |
Olhem a cara de infelicidade: haters não vão parar de odiar, mas o casal Trump não parece preocupado. Foto: Justin Sullivan/Getty Images |
Este marco foi criado por
Franklin Delano Roosevelt. Na verdade, ele se referia aos “cem dias do
Congresso”, mas o critério passou a ser usado para definir a etapa inicial de
todos os presidentes – e nenhum deles foi mais ativo do que o próprio
Roosevelt.
Já que os aspectos negativos
de Trump são e serão dissecados, não vamos esperar pelos cem dias. Em quase
três meses de governo – 85 dias -, Trump saiu da agonia inicial, depois de
passar pela vergonhosa retirada do projeto de re-reforma do sistema de saúde e
pelos imensos problemas de imagem, criados por ele próprio, inventados por seus
adversários e propagados incessantemente pela imprensa anti-trumpista.
A seguir, alguns sinais disso:
1
- O otimismo face às perspectivas econômicas atingiu o maior índice dos últimos
dez anos entre os agentes econômicos, segundo Bernie Marcus, dono da rede Home
Depot (fortuna: 3,5 bi)., num artigo para o site RealClear Politics.
2
- Marcus foi um caso raro de empresário trumpista, pelo menos abertamente. Mas
não é bobo de não citar um dado concreto. O Índice de Confiança do Consumidor
bateu no número mais alto desde o ano 2000. Este índice avalia o ambiente do
mundo dos negócios e as condições no mercado de trabalho.
3
- Desregulamentação a pleno vapor. Durante os oito anos de governo Obama, diz
Marcus, o Código Federal de Regulamentações teve um acréscimo de 103 milhões de
palavras – o tipo de cálculo que só pode sair da cabeça de americanos
4
- Agora, segundo um decreto assinado logo no começo do governo, a cada nova
regulamentação criada, duas têm que ser eliminadas. Uma avaliação otimista esta
que, agora, a cada ano serão criados 6 000 novos empreendimentos, abrindo 100
000 postos de trabalho.
5
- Sempre é possível fazer uma avaliação pessimista. Ou pelo menos mais
cautelosa.
6
- A bolsa subiu 12%. Vale a mesma ressalva mencionada acima. Mas não dá para
dizer que é um indicador negativo, como tantos se esforçam para fazer.
7
- Neil Gorsuch está na Suprema Corte, apesar das compreensíveis, porém
patéticas, além de inúteis, manobras da oposição para impedir isso.
8
- Tem credenciais impressionantes como jurista. Quando votar contra algum caso
favorável a Trump, os oposicionistas do Congresso e da imprensa terão alguma
dificuldade em explicar isso.
9
- O que interessa para a direita, trumpista ou não: há poucos indícios de que
venha a mexer significativamente nos direitos garantidos pelo segundo artigo da
constituição americana, referentes à posse e porte de armas.
10
- O outro lado do corredor alega que ele pode influir numa futura decisão sobre
o aborto – permitido, aliás, por voto da Suprema Corte. Como em outros países,
dificilmente seria aprovado pelo voto da maioria dos representantes do povo no
Congresso. A ver o que Gorsuch virá a fazer, se a Suprema Corte decidir
“chamar” algum caso nessa esfera.
11
- Para Trump, quanto menos se mexer nisso, melhor. Mas presidentes americanos
não mandam em juízes da Suprema Corte – o que deixa alguns brasileiros em
estado de profunda perplexidade.
12
- Nem um único tijolo do “Muro” foi assentado, mas a número de imigrantes
clandestinos apreendidos na fronteira com o México caiu 72% desde o começo do
ano.
13
- O Daily Beast, site cheio de
informações interessantes, mesmo quando distorcidas pelo anti-trumpismo
desesperado, atribui isso ao “fator medo”. De Trump, evidentemente.
14
- É possível execrar, abominar e ter chiliques com o muro prometido por Trump.
Mas é preciso muita má fé para ignorar que a maioria dos americanos deseja
controles maiores na imigração que não passa pelos meios legais.
15
- Aliás, estamos falando, nesse caso, de imigração clandestina. Não dos milhões
de pessoas que entraram e continuam entrando legalmente nos Estados Unidos.
16
- Trump mandou bombardear com Tomahawks uma base aérea do regime de Bashar
Assad e liberou o uso da mega-bomba MOAB contra o Estado islâmico no
Afeganistão.
17
- Qual é a parte disso que pode ser ruim? Assad mandou jogar gás sarin numa
área tomada por rebeldes, acoitados entre a população civil. Crianças, homens e
mulheres em idade adulta, idosos e bebezinhos morreram sufocados pelo gás que
penetra através da pele. Vai pensar melhor antes de fazer isso de novo.
18
- Ao ser obrigada a defender Assad, a Rússia foi exposta como patrona de um
assassino voluntário de criancinhas. Precisou inventar a tese do ataque “falso”
para justificar sua posição vergonhosa.
19
- Nikki Haley, nomeada por Trump como embaixadora na ONU, está sendo uma
revelação. A ex-governadora da Carolina do Sul, nascida Nimrata Ramdhawa, em
uma família de imigrantes (legais) indianos da religião sikh, ela tem sido
apaixonada na condenação das monstruosidades cometidas na Síria.
20
- Tão apaixonada quanto sua antecessora, Samantha Powers. Como esta era cria de
Barack Obama, a imprensa anti-trumpista se derretia.
21
- O intervencionismo pontual revelado com o ataque à base aérea de Assad – sem
vítimas que possam ser comprovadas – foi muito criticado, com boa dose de
razão, por muitos simpatizantes de Trump. Qual é a parte errada em mudar de
ideia quando criancinhas morrem envenenadas?
22
- Mas esperem, tinha outra surpresinha no arsenal americano. Por decisão do
comandante das forças americanas no Afeganistão – os chefes na cadeia de
comando nos teatros de operações estão liberados para isso, com menos constrangimentos
do que no governo anterior -, uma única Mãe de Todas as Bombas foi jogada numa
montanha remota cheia de túneis controlados pelo Estado Islâmico no
Afeganistão.
23
- O recado sob a forma de mais de 8 000 mil quilos de TNT turbinado por pó de
alumínio foi ouvido nos seguintes lugares: China, Coreia do Norte, Síria etc.
24
- A superbomba só pode ser lançada em concentrações inimigas em lugares
remotos, pois civis inocentes seriam inevitavelmente atingidos em outras
circunstâncias. É por isso que os Estados Unidos não podem usar um armamento
desse tipo em Mosul, por exemplo. Mas tem muitos comandantes do Isis dormindo
pior.
25
- Bashar Assad também não está com o sono tranquilo. Nem Kim Jong-Un.
26
- Para criticar Trump e exaltar Obama, o New York Times disse que a MOAB nem é
assim essa coisa toda. Obama matou mais de 100 militantes do Estado Islâmico em
bombardeios no Iraque nos últimos dias de seu governo, disse o jornal.
27
- É muito instrutivo ver o Times reconhecendo que aqueles aviões usados para
combater inimigos dos Estados Unidos não jogam ovos de Páscoa.
28
- É muito instrutivo ver o New York Times elogiando um presidente americano por
matar combatentes do Isis e esculhambando outro por fazer a mesma coisa. Alguns
leitores podem tirar certas conclusões sobre este ensaio sobre a cegueira
escrito involuntariamente por um jornal espetacular, apesar de obscurecido
pelas lentes ideológicas.
29
- Outras publicações inimigas de Trump criticaram o preço da bomba e o
resultado obtido – 36 militantes do Isis, segundo o governo afegão.
30
- Custo da MOAB por unidade: 16 milhões de dólares. Explodir militantes de um
movimento que queima presos vivos, decapita adversários, escraviza sexualmente
meninas e mulheres, joga homossexuais do alto de prédios: não tem preço.
31
- A MOAB no Afeganistão também “reequilibrou” o que seria uma alteração na
balança criada pelo ataque contra a base aérea de Assad, que é inimigo do
Estado Islâmico.
32
- Trump brigou com os russos.
33
- Vladimir Putin não está feliz com o novo presidente americano. Nossa,
justamente o cara que ele elegeu.
34
- Atenção: a última frase é uma ironia com os comentários que atingiram as
raias da maluquice em relação às conexões entre Trump e os russos. Há muito,
muito ainda por explicar nessa área e Trump, ou próximos a ele, ainda podem se
enrolar. Mas Vladimir Putin continua infeliz.
35
- Melania Trump ganhou uma indenização de uns 3,5 milhões de dólares
contra o Daily Mail por publicar declarações – agora desmentidas pelo jornal –
de terceiros dizendo que ela havia trabalhado como garota de programa de luxo,
sob a fachada de agências de modelos.
36
- Melania Trump não se separou do marido.
37
- Melania Trump continua a usar o anel com um diamante de 25 quilates que
ganhou dele de presente nos dez anos de casamento.
38
- Os “leitores” de linguagem corporal que viam sinais de infelicidade,
tristeza, desgosto e outros sentimentos similares nas expressões dela deram um
tempo.
39
- A Coreia do Norte não atacou os Estados Unidos. Até agora.
40
- A Coreia do Norte não destruiu nuclearmente os Estados Unidos. Até agora. Os
jornais que levaram a sério as declarações do governo da Coreia do Norte a
respeito vão ter que passar um tempo no cantinho da reflexão, pensando a
respeito. Ah, não…
Título e Texto: Vilma Gryzinski, VEJA,
15-4-2017
Relacionados:
Enquanto isso, a CNN vai divulgando as sátiras a Donald Trump e os cartoons de Jack Tapper...
ResponderExcluirQuanto à Coreia do Norte, soltam uma materinha de um 'correspondente' ou 'enviado'que entrevista uma cidadã norte-coreana que responde com a espontaneidade e liberdade que caracterizam os cidadãos daquele paradisíaco país! Delícia!
E como se sentem inseguros, vão dizendo "Trump Administration". Se e quando, por qualquer razão, sentirem que não é a maioria que apoia Trump – nesta questão – passarão a referir 'Donald Trump'.
Percebe a diferença (e intenção), abnegado leitor?
A propósito da insanidade contra Trump, por favor, abnegado leitor, guardemos este bote de cuspideira:
ResponderExcluirIntel sources: first big arrests in Donald Trump’s Russia scandal could come next week
By Bill Palmer | April 13, 2017