Ricardo Noblat
Já não está mais entre os
vivos “a mulher de Lula”, a “gestora” mais competente do que ele, apta a dar
continuidade à nobre tarefa de melhorar a vida dos pobres sem esquecer-se de
forrar os bolsos dos ricos.
Descansa em paz desde a semana
passada quando o Brasil perdeu o título de país bom pagador. Ficam seus
exemplos de fé, perseverança, dedicação e de certa dificuldade em se fazer
entender.
O infausto acontecimento havia
sido precedido de outro de igual natureza.
Refiro-me ao passamento,
depois de longa agonia, da “faxineira ética”, que escolheu seguir convivendo
com ministros investigados sob a suspeita de ferir a lei.
Um deles por omitir da Justiça
dinheiro recebido por fora para pagar despesas de campanha. O outro por
extorquir empresários com o mesmo objetivo.
“A faxineira ética” se tornara
conhecida como tal ao demitir seis ministros de Estado no seu primeiro ano de
governo. Nunca se viu nada parecido na centenária história da República
brasileira.
Diante de reles indícios de
que eles haviam aproveitado os cargos para roubar ou facilitar o roubo, ela não
hesitou. Veloz como um raio, sacou da caneta e fuzilou-os sem piedade. ''Hasta
la vista, baby”!
Estreia digna de um Oscar de
efeitos especiais.
Pena que o resto do filme não
tenha sido condizente com o seu início. Ministros demitidos indicaram seus
substitutos ou foram contemplados com outras sinecuras.
Ao mensalão, sucedeu a
roubalheira apurada pela Lava Jato. Lula jura que não sabia do mensalão. A
“ex-faxineira”, que tampouco sabia do saque à Petrobras. Triste fim!
O que resta dos atributos
agregados pelo marketing à imagem pública da chefona de maus bofes, detestada
pelos seus subordinados, centralizadora em excesso por se julgar uma sábia,
quando, na verdade, é uma mulher insegura e solitária?
Quis o destino, com a ajuda
dela, que fosse assim. Quis Lula, com os votos que já teve, que ela se elegesse
e se reelegesse.
É a criatura que costuma se
rebelar contra o criador. Lula merece o rêmio de melhor roteiro por se insurgir
como criador contra sua criatura. Quer distância dela. E torce em silêncio pela
sua possível desgraça.
Assim poderá passar à oposição
ao novo governo na esperança de voltar à presidência em 2018. “Aquela mulher”,
ele repete, amargo, entre amigos.
Cada vez mais enfraquecida,
ela se mantém no cargo graças ao fato de que foi eleita. Não é pouca coisa.
Deveria bastar. Mas, não. Balança.
Não é crime de
responsabilidade governar de maneira desastrosa. Nem ter mentido à farta para
se eleger.
Também não é crime ser impopular,
rejeitada por oito em dez brasileiros. Seis em dez querem seu impeachment. Se
ocorrerá? E como? E em que data?
Certa vez, perguntaram a Louis
Armstrong, cantor e trompetista, um dos ícones da música negra norte-americana:
“O que é jazz?” Ele respondeu: “Quando ouvir você saberá”.
Você saberá quando estiver
madura a ocasião para se abrir o processo de impeachment. Impeachment não depende só de desejo. Nem
mesmo de maioria de votos no Congresso.
Haverá de acontecer se as
circunstâncias o determinarem.
E se as contas do governo de 2014
forem rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União? E se a Câmara entender que
as “pedaladas fiscais” do governo violaram a lei?
Por outro lado,e se Fernando
Baiano, ex-operador de propinas do PMDB na Petrobras, fizer revelações que
alcancem os caciques do partido?
Um fato novo revoga um fato
consumado.
Via Alberto José
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