quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O melancólico drama dos aposentados

Almir Papalardo

Hans Jæger, pintura de Edvard Munch, 1889
O cidadão brasileiro quando jovem ingressa no mercado de trabalho, recebendo toda assistência do Regime Geral da Previdência Social. Contribui para o INSS mensalmente durante trinta e cinco anos ou mais, com alto percentual descontado na fonte, calculado sempre sobre o valor do salário. Esta contribuição à Previdência é feita sob a ilusão de que está se resguardando para uma velhice tranquila, segura e digna, garantido pela Constituição Federal. Deveria ser assim tanto no início da sua atividade laboral, quanto na sua saída do mercado de trabalho originado por conta de um natural desgaste físico, quando passa a vaga para um novato incauto.

Começa aí a desdita do aposentado com a quebra do contrato acordado entre governo, Previdência e o trabalhador. Este passa a ser marginalizado pelos governos centrais! Por que perpetua-se esta deslealdade contra ex-trabalhadores que através da Carta Magna têm a garantia da manutenção do seu poder de compra, livre de defasagens, com direitos amplos à saúde? Não se trata de plena maldade?

É porque existem governantes indignos do cargo que ocupam, incompetentes, equipes econômicas incapacitadas, não demonstrando um mínimo de respeito ao trabalhador agora idoso, numa fase da vida em que mais necessita de proteção dos poderes públicos. Só para relembrar, o governo do presidente Collor, mostrando grande insensatez, queria dar só 54% de aumento para o aposentado, enquanto dava para o salário mínimo 154% de reajuste. Quem explica tamanha disparidade entre estes dois valores? Quebra da Previdência? Pelo amor de DEUS!!

A falsa resposta como sempre é a já manjada e mentirosa desculpa de que as contas da Previdência não suportam! Felizmente apareceu uma juíza ética, transparente, justa, que teve a coragem de enfrentar a equipe econômica do governo, batendo o martelo, e estendendo os 147% também para os todos os aposentados. E a Previdência não faliu como alardeavam!!

Fernando Henrique Cardoso imbuído do mesmo preconceito nocivo ao aposentado, desvinculou o seu reajuste ao do salário mínimo, com a única e covarde intenção de impedir o aposentado de recorrer à justiça, como ocorrido no episódio dos 147% já citado acima, quando a memorável Juíza Salete Maccaloz deu a resposta que até hoje não vimos ninguém com coragem suficiente para repetir aquele episódio histórico! FHC não soube contornar uma situação, talvez difícil sim, mas, não mostrou justiça e criatividade. Optou pelo mais cômodo, causando um prejuízo contundente ao aposentado, tornando a sua perversidade uma bola de neve que, a cada ano amargado, mais nos tritura...

Até hoje pergunta-se como o Congresso teve a coragem em plenário de aprovar uma indecência como o malfado desvínculo? Quantos aposentados diante da sua desesperada situação financeira não se suicidou, conforme acusava sempre o ex-senador Mão Santa?! Já o presidente Lula, sem dúvida, mais algoz, que se vangloriava de ter tirado milhões de brasileiros da miséria, ignorou, que em contrapartida empurrou outros tantos milhões de aposentados para a pobreza! Tirou o máximo proveito daquela armadilha criada por FHC, oprimindo sem piedade os escorraçados aposentados!

Quando teve uma chance de amenizar um pouco o massacre imposto ao aposentado, como naquele reajuste que nos foi dado pelo Congresso de 16,67%, mesmo índice do salário mínimo, não teve a mínima sensibilidade, vetando-o, tachando os congressistas de picaretas e irresponsáveis! Quem na realidade foi o picareta e irresponsável?

Já a presidente Dilma, com a sua conhecida irreverência, não ficou por baixo dos presidentes anteriores e, com apenas cinco anos de mandato, já superou-os, inclusive em vetos, empreendendo como sabemos a maior e mais tenaz perseguição aos velhinhos desamparados. Esta manifestação veemente, sabemos, já se tornou enfadonha, por estar sendo repetida centenas de vezes. Entretanto, esta discriminação e preconceito contra o aposentado também teima em se manter atuante, degradando cada vez mais os proventos de aposentados e pensionistas. Não podemos nos calar!!

Só nos resta agora apelar para que a Câmara dos Deputados, se revestindo de brios, com o seu presidente acuado, ponha em discussão e votação o nosso PL 4434/08, único projeto que ainda nos resta, como esperança, para não sermos de vez classificados como cidadãos extintos...
Título e Texto: Almir Papalardo, 25-11-2015

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Um comentário:

  1. Prezado Almir, como Aposentado do RGPS, estou contigo, na esperança de alguma lei a favor de todos Brasileiros Aposentados, como este PL na Câmara dos Deputados, temos que fazer alguma coisa para que mostrem alguma dignidade.

    Veja, não adianta encherem o metrô e os transportes coletivos de banquinhos preferenciais a idosos, caixas preferenciais, nos bancos e nas lotéricas, estacionamento preferencial, enfim , leis e estatutos que nem sempre são cumpridos. Mas o nosso Pão de cada dia, nossa sobrevivência, nossa dignidade, cada vez mais deteriorada, quando um idoso já não se alimenta com qualidade, é a farmácia que ele procurará, e em procurá-la cada vez terá menos recursos para se alimentar com qualidade, tomar seu vinho, comer seu queijo, sinceramente eu preferia ter melhores recursos de sobrevivência à ter tantas regalias eleitorais, em bancos de ônibus e etc.

    Caro Almir, tem que haver uma brecha jurídica, em qual tribunal não sei, mas deve haver, pois se eu Recolhi "x" valores durante 30 anos ou mais, não posso receber igual a quem recolheu "y", revisto este lado, logo isto estará ocorrendo.

    Aposentei em 1996 como aeronauta, a Especial, por insalubridade com laudos de engenheiros, e recolhia sobre 10 salários, eram valores altos, pois bem comecei a perder logo e passei a receber 8 salários, hoje 2015 recebo um pouco mais de 3 salários. Penso que isto juridicamente tem que Ser questionado e mudado, claro que aos poucos, pois com o desemprego se generalizando no Brasil, por incompetência deste governo, o recolhimento formal para a Previdência está cada vez menor.

    Almir, na esperança.
    Abs
    Volkart

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