Nelson Teixeira
Era o prenúncio da primavera,
folhas caídas eram sacudidas pelo vento.
Em dado momento comecei a observar
e tentar contar algumas.
Tentei, tentei… Concluí que
não adiantava porque mudavam de lugar.
Falei com o vento, não me
ouviu, olhei para a minha Sibipiruna e lá estava ela deixando cair sua roupagem
amarela.
Olhei para o alto procurando
Deus, observei que outras árvores erguiam seus galhos a procurar o infinito
como se estivessem de mãos postas agradecendo ao Pai.
Perguntei a mim mesmo: Se a
natureza se transforma numa simbiose de amor, por que sofremos com as nossas
transformações?
Não mudamos a pele, apenas
trocamos de roupa, não mudamos o nosso falar, apenas não ouvimos a nossa voz,
não sofremos a transmutação da lagarta que se ajusta para fortalecer os seus
membros, somos frágeis para mudanças e reclamamos quando precisamos mudar
alguma coisa.
Quando dormimos não estamos
hibernando, quando sonhamos não são sonhos agraciados pelo Criador, apenas
alguns pesadelos como se o mundo não obedecesse a uma sintonia da troca das
folhas e das flores para despertar em novo tempo.
Hei! Você reparou que a sua
vida não segue ao sabor das estações e que depende apenas da sua vontade, dos
seus caprichos e dos valores que enriquecem sua alma.
Não é assim com as plantas,
elas obedecem a uma força invisível.
E você somente acredita no que
vê e às vezes nem assim…
Título e Texto: Nelson Teixeira, Gotas de Paz,
21-11-2015
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