Hélio Brambilla
“Que du blé et du
maïs! Que du blé et du maïs!”
“As pessoas devem
novamente aprender a trabalhar, em vez de viver à custa do Estado”
Tive o prazer de acompanhar, não faz muito tempo, um
ilustre visitante africano residente na Áustria. Católico modelar, fluente em
vários idiomas, o Príncipe Bernard Ndouga [foto ao lado] é neto
do último rei dos Camarões. Ele veio conhecer o Brasil e, pelo que pude
perceber, ficou deslumbrado. Não com Brasília, mas com o Brasil real.
O visitante conhece mais de 50
países, quase sempre viajando de avião. Mas quisemos fazer o nosso percurso de
carro, pois de cima das nuvens quase nada se vê. Assim, começamos pela rodovia
Santos-Rio. Em seguida, até a divisa do Espírito Santo com a Bahia, a fim de
que dessa “janela” ele visse e sentisse um pouco da brasilidade nordestina.
Retornamos por Minas, onde o príncipe conheceu as suas riquezas minerais, além
da proverbial hospitalidade de seu povo.
Outro itinerário foi rumo ao
Sul, passando antes pelos laranjais, canaviais e florestas de São Paulo. A
partir do momento em que entramos no Paraná, e dali até Foz do Iguaçu, as
exclamações do príncipe foram constantes: “Ô! que du blé et du maïs!”
(“Oh! Trigo e milho!”). Mas qual não foi o meu embaraço ao ter de explicar a
ele que, na verdade, aqueles trigais e milharais eram da “safrinha”, e não da
safra normal, que viria dali a seis meses. Une petite moisson! Afinal,
como descendente de italiano explicando a um intuitivo africano, os
gestos ajudavam a completar as lacunas do meu francês…
Confesso que até para um
paranaense do norte como eu, habituado à paisagem dourada dos campos de trigo e
de milho maduro, aquilo realmente era empolgante. Mas, se na safrinha de hoje o
nosso visitante aqui estivesse, ficaria ainda mais maravilhado, pois ela
“explodiu”. Com efeito, podemos contar com a projeção de mais de 210 milhões
toneladas de grãos para este ano.
Venho fazendo análises anuais
a que chamo de “balanço de safra”. À última delas dei curiosamente o título “Volume
morto, a safra agrícola e eleições”. Além da versão virtual, lida por
milhares de pessoas, separatas impressas foram distribuídas pelo Brasil afora
durante as principais feiras agropecuárias. Na verdade, a expressão “volume
morto” simbolizava o mar de lama que havia aflorado da eleição presidencial.
Mas o fato é que cheguei a ser perguntado se Lula da Silva tinha lido essa
matéria, pois ele declarou que o PT estava “no volume morto”. Isso é
problema dele e de seu partido…
Como os produtores rurais
costumam dizer, “São Pedro ajudou”. O clima foi favorável e a safrinha
está sendo um sucesso. O milho colhido atingiu o recorde estrondoso de mais 54
milhões de toneladas. O trigo, por sua vez, atingiu 7.300 milhões de toneladas,
o suficiente para suprir 2/3 do consumo brasileiro.
A cana-de-açúcar também está
em alta, devendo ultrapassar 705 milhões de toneladas, ou seja, um total de 30
milhões de toneladas de açúcar e cerca de 30 bilhões de litros de álcool (o
equivalente a 500 mil barris de petróleo/dia, quase um quarto da produção de
petróleo da Petrobras, de infeliz memória).
Com uma agravante, pois os
barris são de petróleo bruto, que passam por refinarias caríssimas (e
roubadíssimas), sobrando muita borra asfáltica, ao passo que o etanol já sai
pronto para o tanque do veículo; sem contar que do bagaço da cana estão sendo
gerados em torno de 20 Giga Watts (“O Estado de S. Paulo,
17-2-15, sobre a produção de 2014). Como referência, quando trabalha com toda a
sua potência, Itaipu gera 16 Giga Watts.
Mais uma surpresa: o grupo Cosan de
açúcar e álcool, acaba de inaugurar uma mega-usina em Piracicaba para
aproveitar o bagaço da cana para a produção de etanol denominado “geração II”.
Oetanol I é produzido pela destilação do caldo da cana fermentado,
ativado pela sacarose. Já o etanol II é gerado pelo bagaço e
pela palha da cana, por meio de enzimas que atuam na celulose da planta, que
sofre um novo processo de fermentação e uma segunda destilação.
Com isso, um novo incremento
no setor sucroalcoleiro está se tornando realidade, pois com esse sistema teremos
mais 70% de álcool por hectare, sendo que as fibras restantes são aproveitadas
da mesma forma para a geração de energia, queimando e aquecendo as caldeiras.
De todos os ângulos por onde
se observa o agronegócio, sempre há soluções novas para superar, a cada
instante, sucessos anteriores. Já pensou o leitor se a nossa agropecuária
estivesse sendo gerida pelo Estado, exatamente como os assentamentos de Reforma
Agrária? Será que ainda existiria Brasil?
Que contraste com as
roubalheiras sem paralelo na nossa história, praticadas principalmente por
políticos do PT e aliados dele, mas suavizadas e muito diminuídas pelas
palavras da presidente Dilma ao qualificá-las apenas de “malfeitos”! Expressão
mais própria a alguma chefe de disciplina de estabelecimento escolar para
qualificar puxões de cabelo entre meninas.
Bem diferente de quase todos
os setores da economia, o agronegócio girou, nos últimos dez anos, mais de 700
bilhões de dólares de superávit, sendo que até agosto no ano em curso, já
representou 46% de todas as exportações brasileiras, com superávit acima de 50
bilhões de dólares. São mais de 180 países que recebem a nossa produção,
suficiente para alimentar mais de um bilhão de pessoas. Graças a Deus, a
exportação para a China caiu para 23% desse total.
Graças a Deus, sim, pois não
queremos ficar jugulados pelo dragão vermelho chinês, pois já temos outro
dragão representado pelo PT e quejandos, que nos abocanha, a cada dia, mais de
40% de impostos. Neste ano, cada cidadão pagará o equivalente a 10 mil e 500
reais de impostos ao governo (OESP, 22-9-15). Como perguntar não ofende, para
que serve tanto imposto?
Para que o Brasil tenha:
I - uma dívida
interna bruta que já supera três trilhões de reais;
II - 678 bilhões
de dólares de dívidas de empresas estatais e privadas, que com a disparada do
“dólar” já alcançam quase outros três trilhões de reais;
III – uma empresa
como a Petrobras, que valia em torno de R$ 800 bilhões em 2006 e hoje vale
pouco mais de R$ 200 bilhões;
IV – a mesma
Petrobras, com uma dívida que no primeiro trimestre de 2013 representava R$ 200
bilhões e hoje ascende a R$ 442 bilhões;
V – o que parece
mais trágico, cerca de 8.000.000 de pessoas procurando emprego. (“O Tempo”,
26-8-15).
Diante de panorama tão
sombrio, o governo ainda demonstra estranheza pelo fato de o Brasil ter sido
rebaixado no seu grau de investimento. Essa somatória de fracassos assustadores
faz-nos parafrasear o saudoso Joelmir Betting. “Desgraça no governo
do PT é como banana, só dá em penca”.
Cabe ressaltar para os menos
avisados que todo o sucesso da agropecuária – atividade de alto risco no Brasil
– vem sendo alcançado em apenas 8% de sua área (destinada à agricultura), e 16%
(à pecuária), de acordo com a Embrapa Monitoramento de Satélite. Em
termos comparativos, se a população do Japão fosse colocada no Brasil na mesma
densidade em que existe lá, aqui caberiam mais de três bilhões de pessoas.
Como pode um setor tão vital
para o Brasil e para o mundo ser tratado como vilão e bandido pelo governo do
PT? Acabo de retornar do Mato Grosso do Sul, onde há 98 fazendas invadidas por
índios instigados pelo CIMI… Em Roraima, bem mais de uma centena de produtores
rurais, estabelecidos há mais de 100 anos na região da Serra da Lua, se veem
ameaçados de ser enxotados de suas terras para dar lugar a mais um parque
ecológico.
Consta que o propósito da
FUNAI é aumentar as reservas indígenas de 14% do território nacional para 25%.
Isso equivaleria a dar para 700 ou 800 mil índios o equivalente à metade do
território da Índia, cuja população em julho de 2014 era de 1.267.401.849
habitantes.
O Prof. Plinio Corrêa de
Oliveira, um dos homens mais lúcidos que já conheceu o Brasil, que se dedicou
de corpo e alma à defesa dos imorredouros princípios da tradição, da família e
da propriedade. Lembro-me de, pouco antes de sua morte, ele ter feito um
comentário que me ficou na memória, mais ou menos nestes termos:
“Não sei se terei a
desdita de ver instalado no governo o Partido dos Trabalhadores, criado pela
esquerda católica e pela teologia da libertação. Mas quem viver nesse período
fatídico, comprovará que depois desse governo serão necessários uns 50 anos
para conseguir colocar o País em ordem. E não se trata apenas nem
principalmente do ponto de vista econômico, mas de restabelecer a criteriologia
psicológica do brasileiro, que ficará obliterada pelo pseudo-paternalismo
socialista do PT”. Proféticas palavras…
Vêm ainda a propósito as
inspiradas palavras de Cícero ao alertar os seus conterrâneos para a decadência do
Império Romano: “O orçamento deve ser equilibrado, o tesouro público deve
ser reposto, a dívida pública deve ser reduzida, a arrogância dos funcionários
públicos deve ser moderada e controlada, e a ajuda aos outros países deve ser
eliminada, para que Roma não vá à falência. As pessoas devem novamente
aprender a trabalhar em vez de viver à custa do Estado.”
Que Deus e Nossa Senhora
Aparecida salvem o Brasil!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-