Vitor Cunha
Hoje, nas redes sociais, só se
fala da cabazada de demolição que o deputado Miguel Morgado administrou de forma
intravenosa e acção fulminante no mais destacado dos desossados membros deste
governo de matilha uivante, Mário Centeno, o Ministro das Finanças.
Centeno, cabeça de cartaz do happening cultural
que consiste na destruição intelectual da politizada Academia portuguesa, a
começar pelo próprio e passando por todos os estultos que apoiam o golpe do
bimbo da Caras, foi escolhido como o manequim de reduzido biquini na capa do
magazine de uma espécie de Cientologia a que deram o nome de “programa do PS”,
isto na esperança de transmitir uma credibilidade aos patos dos contribuintes
que só querem ver esta gente devidamente estuprada por um urso com SIDA. A
alegada credibilidade que um esbelto capa da Caras podia almejar, não sendo
particularmente cómica, é – e sempre foi – uma má anedota, tão seca como a capacidade
do país para aturar o culto de hienas que insiste em rebentar com isto tudo
pelo menos uma vez por década.
Não menosprezando a excelente
intervenção do Miguel Morgado, que considero um dos grandes trunfos
parlamentares que o PSD apresentou para esta legislatura, o mérito é, em grande
parte, do próprio Centeno, capaz de afirmar peremptoriamente que o que defendia academicamente era uma receita para o desastre. Centeno
brilhou, abrindo caminho para justificar a sua acção governativa, daqui a uns
tempos, como “defendi a receita para o desastre”: usando esta desculpa uma vez,
pode ser usada sempre. É isto que caracteriza um ser invertebrado, a capacidade
da enguia de se enrolar em torno de si própria, demonstrando que, realmente,
este governo não é ideológico, só tristemente patológico.
Título, Imagem e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias,
3-12-2015
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