José Manuel
No Brasil, e isso não é mais
novidade, pois cada vez que aparece alguém querendo fazer algo aparentemente
certo, logo é o indicado perfeito ao cargo de presidente, sem que se conheçam
ou se estudem previamente seus antecedentes.
Já foi assim com o Joaquim
Barbosa, logo defenestrado, depois com o Juiz Sérgio Moro, agora com o
Bolsonaro e por aí vai, escalando uma lista de futuros super-heróis salvadores
da pátria.
O caso atual do prefeito de
São Paulo, que ainda não temos certeza de suas ambíguas, ou não, intenções, pois
é muito cedo e precisam ser melhor analisadas, está deflagrando uma enorme onda
de satisfação da sociedade paulistana e no país de um modo geral, pelas
características como as que vem realizando, lavando, por assim dizer, a alma
dos cidadãos que por isso esperam dos poderes executivos.
Só que precisamos tomar
cuidado com esse tipo de marketing muito rápido e com respostas satisfatórias
em primeira mão.
Não podemos esquecer de que os
cargos públicos, principalmente os de escalão principal como presidentes,
governadores, prefeitos, são para ser usados exatamente dessa maneira, ou seja,
executando, afinal o povo vota neles (que são o poder executivo) para que
trabalhem pela sua sociedade. Os excessos, como no caso Dória, tais como varrer
ruas, conviver com os sem-teto, tudo isso feito com muita exploração midiática,
é que são aparentemente perigosos. Há um certo DNA Janista nessas atitudes e, é
bom lembrar, que quando Dória nasceu em 1957 Jânio já praticava de longa data
ações do mesmo tipo que ele pratica hoje em dia.
Acredito em João Dória, porque
me parece a priori, que coloca a função gestor na frente da função cargo para o
qual foi eleito. E é exatamente disso que o país precisa, de gestores, não de
políticos de carreira. Só espero que toda essa "mise-en-scène", não
seja só para atingir o objetivo da presidência. Se for, é infelizmente mais um
capítulo conhecido de mera atuação teatral para auferir vantagens políticas. Se
não for, parabéns e está no único caminho viável para este país perdido em
contradições, encontrar o seu caminho rumo ao futuro, dependendo também do
sistema de governo em que se insira.
Porém, há sempre os poréns, o
cidadão brasileiro não se recorda e na maioria das vezes não sabe, e nem se
interessa por fatos e fatores passados, não tão passados assim que a história
não possa ser revisitada, em que situações muito semelhantes já passaram na
tela da vida e só não viu ou não vê quem não quer.
Por exemplo, você sabe o que
são "forças ocultas" ou "forças terríveis"? Não?
Pois é, hoje, passados 55 anos
da renúncia de Jânio Quadros, e através da Lava Jato, descobrimos agora o que
significavam as "forças ocultas", que derivaram para a sua renúncia.
Ele simplesmente não podia governar porque não deixavam, queriam royalties, queriam
caminhões de nepotismo, queriam pedágio para tudo o que ele quisesse fazer.
· Jânio se recusava a contribuir com o que
chamava de espórtulas constrangedoras que os congressistas estavam
acostumados a exigir para aprovar Leis de interesse da nação.
Espórtula -
pagamento em dinheiro, o popular caixa dois, propina etc.
Percebeu isso em apenas sete
meses, e com a personalidade forte que tinha, não cedeu e aí só tinha duas
opções, usar a força ou ir embora. Ninguém entendeu, nem na época, nem até hoje
querem entender convenientemente o porquê daquele desvairo.
Isto está muito claro hoje em
dia.
As corruptoras
empreiteiras, associadas a presidentes fracos e corruptos como os dois últimos
do PT, dentro de um sistema fraco e plenipotenciário de presidencialismo
viciado, explicam muito bem hoje, o que eram as forças ocultas ou terríveis a
que Jânio se referia.
Retrocedamos ao passado:
Qual a razão do sucesso
de Jânio Quadros? Castilho Cabral, presidente do antigo Movimento Popular Jânio
Quadros, sempre se perguntava por que esse moço desajeitado conseguiu realizar,
em menos de quinze anos, uma carreira política inteira - de vereador a
Presidente da República - que não tem paralelo na história do Brasil. Jânio não
alcançou o poder na crista de uma revolução armada, como Getúlio
Vargas. Não era rico, não fazia parte de algum clã, não tinha padrinhos,
não era dono de jornal, não tinha dinheiro, não era ligado a grupo econômico,
não servia aos Estados Unidos nem à Rússia,
não era bonito, nem simpático. O que era, então, Jânio Quadros?
Hélio Silva, em seu
livro A Renúncia, tenta explicar:
Jânio trazia em si e em
sua mensagem, algo que tinha que se realizar. E que excedia, até mesmo excedeu,
sua capacidade de realização… Todo um conjunto de valores e uma conjugação
de interesses somavam-se em suas iniciativas e aliavam-se, nas resistências que
encontrou. Analisada, a renúncia não tem explicação. Ou melhor, nenhuma das
explicações que lhe foram dadas satisfaz.
Fonte: Wikipédia
Perceberam em algum momento
alguma coincidência com o fator Dória?
Jânio também era um bom
gestor, também midiático e criador de factoides, mas os cargos porque passou em
apenas quinze anos atestam a veracidade de sua fidelidade ao correto, ao dever
público em primeiro lugar.
Ser gestor é o desejável para
este país e, digamos, até relativamente fácil de executar pois é só ter vontade
de o fazer, mas ser político, ou melhor, tratar com políticos dentro de um
sistema presidencialista vicioso como é o caso do brasileiro aí são outros
quinhentos.
O Dória, tenho quase certeza,
será um ótimo gestor, um excelente primeiro-ministro num regime
parlamentarista.
Mas, se for eleito presidente
no atual regime, com toda a certeza do mundo terá o mesmo destino do Jânio
Quadros, pois a mim parece que a sua formação pessoal, a sua formação
profissional, a sua formação intelectual não compactuarão com as "forças
ocultas ou terríveis", as espórtulas que o
rondarão sem dó nem piedade.
O próprio Presidente em
exercício, Michel Temer, revelou há pouco tempo que como Vice, era um zero à
esquerda, não o deixavam fazer nada, nem lhe comunicavam nada. Aliás, para que
uma vice-presidência, num país que nem a presidência funciona?
Voltando a um possível alcance
à presidência de João Dória, e neste momento político, tudo o é, caso
ele não compactue com o "status quo", não governa, se endurece, o
congresso não o deixa governar e aí voltamos a 25 de agosto de 1961, pelo túnel
do tempo a que estamos eternamente fadados.
"A mim não falta a
coragem da renúncia", é um trecho da carta de Jânio, que vale a
pena ser revisitada como lições futuras, e onde vamos encontrar muitas
similaridades com o conceito da delação da Odebrecht.
Em tempo, a vassoura também
fez parte do seu marketing.
Título e Texto: José Manuel - ou mudamos o regime de
governo, ou tudo continuará igual e prosseguiremos num país equivocado, não
valendo a pena perder tempo com o que não deseja evoluir. 13-3-2017
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