Ingrid Riocreux
“O peso das palavras, o choque
das fotos”: a célebre divisa de Paris
Match deixa na sombra a fase crucial de produção de informações: a escolha das palavras. Veremos que para o
Jornalista, trata-se essencialmente de retomar as palavras dos seus colegas, agindo assim ele não se renega
(é o que nós chamamos de o entre si
ideológico). Isso torna mais do que necessário questionar a utilização
desta palavra ou esta palavra, quer dizer pré-escolhida.
Uma pesquisa publicada pela
revista Marianne em 2002 apontou que
80% dos jornalistas votam à esquerda. (Ora, grande novidade!). Este número causou - e ainda causa
muito falatório. Mas, per se, ele não
tem nenhum interesse; tampouco a orientação política dos professores ou dos
açougueiros. Todavia, se a opinião política do professor não influencia,
teoricamente, os conhecimentos que ele transmite, e menos ainda a opinião do
açougueiro sobre o gosto da carne que vende, o Jornalista que não está atento à
maneira como o seu ponto de vista pode contaminar o seu vocabulário, oferece
uma informação poluída, talvez até sem se aperceber. Efetivamente, é
perturbador constatar a ingenuidade dele imaginando passar despercebido atrás
do seu discurso.
Seu desconforto é percebido
quando alguém o interrompe assinalando que tal palavra colocada na sua questão ou
no lançamento de uma reportagem mostra a sua posição pessoal: “Ah?! Eu disse um
‘avanço’? Ah, euh, sim... Eu queria dizer um ‘avanço’ para os que defendem esta
causa, claro”, balbucia Léa Salamé na iTélé.
Também na iTélé, na noite de
23 de setembro, anunciando os títulos da atualidade, Laurence Ferrari menciona “um
grande passo em frente para as crianças nascidas de um casal de mulheres” e
encadeia com “o alívio para os defensores da IVG1
na Espanha”: a cada vez que fala ela adota automaticamente o ponto de vista de
um dos partidos presentes, mas ela acharia um absurdo, bizarro, proceder
diferentemente.
A sua posição em favor do que
chamam homoparentalidade a leva até a
formular um absurdo biológico, com as “crianças nascidas de um casal de
mulheres”. Mesmo os militantes LGBTQI mais aguerridos não imaginariam essa expressão!
Temos aqui um exemplo típico da burrice do Jornalista quando ele quer sair
muito bem!
Título e Texto: Ingrid Riocreux, in “La langue des
médias – Destruction du langage et fabrication du consentement”, páginas 60 e 61.
Tradução: JP
Tradução: JP
1 Interrupção Voluntária
da Gravidez
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