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Foto: Guadalupe Pardo, Reuters |
Tamara Lopes
Daniel Deusdado, diretor de programas da
RTP, afirmou que a transmissão de mais espetáculos destes "está fora de
questão". Últimos dois espetáculos transmitidos pela televisão pública
irão acontecer no dia 11 de agosto e 12 de outubro.
A RTP transmitiu recentemente
uma corrida de touros que aumentou a sua audiência. A PróToiro considera esse
aumento a confirmação do sucesso televisivo das touradas, ao passo que a
Plataforma Basta (antitaurinos) duvida dos resultados, avança o Diário de
Notícias. Para os antitaurinos se as “corridas” dessem audiências, então os
três canais abertos não teriam reduzido ou mesmo deixado de transmitir.
Por sua vez, Daniel Deusdado,
diretor de programas da RTP, afirmou que a transmissão de mais espetáculos
destes “está fora de questão”.
A GfK/CAEM realizou estudos de
audiência que mostram que a transmissão da Corrida TV Norte, no dia 17 de
julho, a partir da Póvoa de Varzim, atingiu uma audiência média de 400 mil
telespectadores, com picos de audiência a superarem os 600 mil. Isto significa
que a subida média passou para os 13,1% na RTP, representando mais 1,7% em
relação ao dia anterior e 1,6% face à sexta-feira da semana anterior.
Paulo Pessoa Carvalho,
dirigente da PróToiro, considera isto como uma “prova de que o público
português tem interesse em ver corridas de touros televisionadas e que não faz
sentido reduzir as transmissões das touradas”, acrescentando considerar uma
“atitude castradora por parte da RTP” as três transmissões agendadas para este
ano e “o seu diretor de programas”, Deusdado, “parcial”.
“Lá porque não gosta de
touradas, não tem de ser contra as touradas”, frisa a PróToiro, referindo que
os aficionados “não estão a ser tratados de igual forma” pelo canal público.
“Enquanto serviço público pago por todos, [a RTP] devia levar touradas às
pessoas que não têm este espetáculo nas suas terras ou que não têm dinheiro
para o pagar”, afirma José Fernando Potier, presidente da Associação Nacional
de Grupos de Forcados.
Deusdado refere, em
declarações ao DN, que o aumento de audiências “não é relevante para a decisão
de ter ou não touradas em antena”. “Não há consenso no Parlamento ou na
sociedade portuguesa sobre as touradas” refere o diretor de programas, quando
questionado sobre se considera a tourada um espetáculo com cariz cultural e
tradicional.
Sérgio Caetano, da Plataforma
Nacional para Abolição das Touradas, Basta, referiu os dados que provam a perda
de público nas praças de touros, nos últimos seis anos. Perda essa traduzida
numa quebra de 680 mil espetadores, para menos de metade, relata o DN.
“Se as touradas dessem
audiências as televisões iam apostar nesses programas. Mas não o fazem, porque
isso não é verdade”, assegurou o responsável, que considera a transmissão de
touradas pela RTP “o principal motivo de queixa” ao provedor Jorge Wemans que,
por sua vez, após ter sido acusado de desrespeitar os “milhares de cidadãos”
que denunciaram a transmissão em direto da Póvoa de Varzim, afirma ser preciso
“obter legislação específica nesse sentido”.
Por fim, o Ministério da
Cultura afirma que não se pronunciará ou intervirá, uma vez que “a
responsabilidade pela seleção e pelos conteúdos dos diferentes serviços de
programas da RTP pertence aos respetivos diretores”. A liberdade de programação
é um instrumento decisivo do serviço público de televisão “pelo que só pode ser
questionada em situações excecionais”, cita o DN.
As últimas duas transmissões
dos espetáculos irão acontecer no dia 11 de agosto, pelas 22 horas, e no dia 12
de outubro.
Título e Texto: Tamara Lopes, Jornal de Negócios, 29-7-2017
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