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Menina Kaiowá-Guarani banhando |
Maria Lucia Victor Barbosa
O ensinamento que dá título a
esse artigo pertence ao filósofo Heráclito, considerado o pai da dialética.
Para ele tudo está em movimento. Isso significa que nós e nossas circunstâncias
estão sempre mudando, portanto, nada se repete.
Transpondo o antigo e sempre
atual pensamento do filósofo grego para a política do momento, tomemos como
exemplo o caso de Lula e de seu partido, o PT. Discute-se se ele ganha ou não a
eleição presidencial de 2018. Surgem pesquisas onde ele figura com 30% de
votação, porcentagem que o PT manteve por muito tempo sem lograr vencer. Mas na
mesma pesquisa ele é rejeitado por 54% dos entrevistados. Para confundir mais a
opinião pública Lula é no momento o único candidato em campanha frenética mesmo
antes de ser indicado pelo PT, o que é ilegal, mas permitido ao petista.
Pesquisas podem ser eficiente marketing de campanha e muita gente pode até crer
que o candidato único já ganhou.
Entretanto, é interessante
analisar se Lula e suas circunstâncias são as mesmas de antes, quando ele pairava
acima da lei e hipnotizava as massas com bravatas, mentiras e palavreado
vulgar.
Relembre-se que Lula foi
transformado pelo marketing em um mito inatacável, sendo que no Dicionário
Aurélio uma das definições de mito é: “ideia falsa, sem correspondente na
realidade”. Será que agora o mito está
sofrendo uma erosão? Recordemos
resumidamente alguns fatos que mostram como mudaram as circunstâncias do
poderoso chefão e do seu partido.
1º - O impeachment de Rousseff foi antecedido por impressionantes,
inéditos e espontâneos protestos populares em todo o país, quando milhões foram
às ruas gritar: “Fora Dilma”. “Fora Lula”. “Fora PT”.
2º - A pressão das ruas desencadeou o impeachment que venceu por
larga margem de votos na Câmara e no Senado. Muito pedidos foram protocolados,
mas foi aceito aquele em que um dos signatários, significativamente, foi Hélio
Bicudo, um dos fundadores do PT, eminente companheiro por muito tempo.
Em vão Lula tentou evitar que
deputados e senadores votassem a favor da cassação de sua criatura política.
Seu desprestígio ficou evidente e pode ser simbolizado pela “traição” do
deputado Tiririca. Nem este obedeceu ao “mestre”.
Mesmo Rousseff tendo
conservado seus direitos políticos por uma manobra inconstitucional, seu
impeachment foi um tiro de canhão no peito da Jararaca e do PT, algo cuja
profundidade ainda não foi devidamente analisada. De todo modo, pode-se dizer
que ali começou a erosão do mito.
3º - Uma das consequências do impeachment apareceu nas eleições de
2016, quando o PT perdeu 60% de suas prefeituras. Em termos de poder e cargos
isso foi uma enormidade. Se o PT repetir a performance em 2018, o que pode
acontecer, se transformará em partido nanico, com pouca representação no
Congresso.
4º - A descrença com o partido foi demonstrada não só por Hélio
Bicudo. Em 9 de abril deste ano, membros do PT escolheram dirigentes municipais
e delegados estaduais. Compareceram cerca de 200 mil militantes, o que
representa menos da metade dos votantes de 2013. Além disso, 27% dos municípios
não conseguiram sequer formar uma chapa de 20 filiados para compor o diretório
municipal.
5º - Diante da crise
petista, que sem dúvida enfraquece o “lulismo”, ditos movimentos sociais
resolveram arregimentar forças. Duas greves gerais foram tentadas e as duas
fracassaram redondamente.
6º – Lula, o inimputável foi condenado pelo Juiz Sergio Moro que
também sequestrou seus bens. Houve um ralo movimento de apoio ao líder na Av.
paulista, alguns gatos pingados em poucas cidades. Nenhuma multidão foi às ruas
para rasgar as vestes e arrancar os cabelos como Lula e o PT esperavam.
7º - Enquanto isso, Temer não cai, está melhorando a economia e
conseguindo aprovação dos seus projetos no Congresso. Inclusive, as mudanças na
ultrapassada Lei Trabalhista, em que pese o espetáculo pueril e ridículo das
senadoras que tentaram em vão barrar a votação se aboletando por sete horas na
mesa diretora.
8º - Lula não tem mais a força do PMDB, os magnatas empreiteiros
que o elegeram estão presos, sem falar que seu próprio partido está
enfraquecido e atônito.
Poderá Lula ser absolvido por
outros tribunais? Tudo é possível no país da impunidade. Wesley Batista não
recebeu “indulgência plenária” e disse que processa quem o chamar de bandido?
Se lula for absolvido poderá
voltar à presidência em 2018? Ninguém dispõe de bola de cristal para prever o
futuro e o povo é facilmente enganado, como já demonstrou em eleições passadas.
Um fato, porém, é real: nem
Lula nem suas circunstâncias são as mesmas e, assim, está difícil para ele
conseguir nadar de novo no rio do poder. Pelo bem do Brasil que isso não
aconteça.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
24-7-2017
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ResponderExcluirValdemar