sábado, 9 de dezembro de 2017

[Para que servem as borboletas?] A angústia da doença...

Valdemar Habitzreuter

Em nossa existência somos surpreendidos por muitas ocorrências que nos afetam sobremaneira. Uma delas é a doença. É um fato que sempre nos angustia. O natural é a saúde. Mas, sabemos que um ser vivo tem suas fases: nascimento, crescimento e morte. Neste interim, a saúde se reveza, muitas vezes, com as mazelas da doença. E na velhice as ocasiões se apresentam com mais frequência. A morte se dá em decorrência da degeneração e decrepitude do corpo e, geralmente, acompanhadas de uma doença.

Mas, em nós seres humanos, essa angústia da doença pode nos ensinar muito na compreensão da vida. Não resta dúvida que na doença o indivíduo é assaltado pela tristeza, principalmente no início de seu aparecimento. E é natural que usará todos os meios de cura disponível para restabelecer a saúde, pois é na saúde que a vida é mais apreciada e venturosa, tem-se mais movimento psicofísico de perseguir nossos projetos de vida. O que não quer dizer que nos envolvemos de modo intuitivo de apreender e apreciar a vida.

Na doença, o que geralmente nos advém no início é o sentimento de revolta e nos indagamos, por exemplo assim: por que justo eu agora que estou a desfrutar de uma vida formidável e prazerosa? Boa formação universitária. Bem orientado profissionalmente. Sucesso nos negócios... Ou: bem aposentado. Bom capital para usufruir. Família bem constituída... Ou: olhe o outro, bem de vida esbanjando saúde e eu aqui doente sem ânimo para a vida!...

Essas indagações e sentimentos martelam dia e noite na mente do indivíduo e conclui que a vida já não vale mais à pena, principalmente se a doença, que se instalou, persiste por um tempo prolongado ou é incurável. Sobrevém, as mais das vezes, o desespero e a depressão. As reações para ainda enxergar a beleza da vida se fragilizaram. A inteligência simplesmente não enxerga beleza alguma no estado doentio em que o indivíduo se encontra.

Nem poderia ser diferente, a inteligência humana é afeita aos prazeres momentâneos que a vida oferece e isso só mediante boa saúde em que a experiência do prazer é mais profundamente impressa num corpo sadio. Num corpo doentio, a impressão é a de sofrimento e dor, as mais das vezes.

É neste ponto que o conhecimento intuitivo da vida pode fazer a diferença. Intuir a vida é vivenciá-la de maneira íntima sem o concurso da inteligência egoísta que sempre visa vantagens prazerosas. Intuir a vida é simplesmente entregar-se a ela de maneira amável sem mágoa, na alegria e na dor. Intuir a vida é tê-la como amante ‘até que a morte nos separe’. Intuir a vida é compreende-la na complexidade da existência onde tudo é possível: tanto a saúde como a doença... Portanto, intuir a vida é estabelecer-se no seu interior como morada de nosso ser e dentro dela aguardar e lidar com serenidade no que der e vier.

Com essa compreensão da vida, a melancolia e a tristeza da pessoa doente transformam-se e vão dando um colorido sereno à vida, e os sofrimentos deslizam mais amigavelmente como companheiros na jornada da vida. A ânsia do ‘aproveitar a vida’ da inteligência é ultrapassada e um novo enfoque de vida é percebido pelo conhecimento intuitivo e a vida ainda mais valorizada. Portanto, sempre gritando: VIVA A VIDA!...  
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 8-12-2017

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