sexta-feira, 11 de maio de 2018

O Jornal Nacional sobre Trump e a Coréia do Norte é um show de manipulação de trouxas

Flavio Morgenstern

É impossível deixar de reconhecer o mérito de Trump no fim da Guerra da Coréia e na soltura de prisioneiros políticos por Kim Jong-un. Bem, impossível? Deixe com o Jornal Nacional.


Donald Trump fez três americanos serem soltos de uma prisão política na Coréia do Norte (Bill Clinton, para fazer o mesmo, deu todo o plano nuclear que Kim Jong-un hoje tem; Trump, pelo contrário, ameaçou Kim publicamente dizendo que seu botão nuclear era maior e funcionava; jornalistas diziam que isso causaria a Terceira Guerra). 

Como o Jornal Nacional poderia fazer o que sempre faz: culpar Donald Trump por tudo o que acontece no mundo, como furacões (sim, Jorge Pontual fez isso), a KKK (Democrata) ou as birutices de Kim? Bem, deve ter demorado o dia inteiro de laboriosas reuniões infundadas.

Mas um jornalista teve uma ideia: ao invés de uma análise sobre como Trump fez isso, sobre por que os jornalistas foram soltos na era Trump, e não nos oito gloriosíssimos anos de Obama, quando o presidente americano dizia “Bom dia” e todos os jornalistas noticiavam como a democracia no mundo aumentava com os dentes do primeiro presidente negro sorrindo ao mundo, sobre qual o plano de Trump para a península coreana sem precisar disparar um míssil, sobre como a Guerra da Coréia foi terminada depois de 73 anos (a idade da sua avó) pelo Twitter, que tal inverter a relação?

Ninguém precisa pensar, ainda mais nestas coisas, que destroem a narrativa de que Obama é bom porque… bem, porque todo dia diziam que ele era bom, e que Trump é ruim porque… bem, porque todo dia dizem que ele é ruim.

Bastou fazer o contrário: destacar no noticiário a fala de Trump: “Eu agradeço a Kim Jong-un por…” [corte brusco meio segundo depois]. Se não tem argumentos (pode perguntar a qualquer marqueteiro), use a associação imediata. O cérebro das pessoas funciona assim para comprar refrigerante e absorvente, mas só o cérebro dos tolos funciona assim para definir o que pensar politicamente. E se tem uma aposta certa, é que o espectador da Globo (e a esquerda brasileira, o que dá no mesmo) tem cérebro de tolo e só pensa por associação imediata.

Não, nenhuma palavra sobre análise geopolítica além disso. Basta colocar um agradecimento diplomático (cujo subtítulo é: “Obrigado por não me obrigar a gastar alguns milhões de dólares soltando um míssil na sua moringa, seu gordinho escroto do inferno”) e pronto: Trump até está parecendo um pouco com Kim Jong-un, ao contrário de Obama, que é um grande democrata.

Isto para não falar no Acordo Nuclear do Irã, que a Globo relata como se Trump tivesse acordado de mau humor e dissesse: “Quer saber? Vou sair dessa meleca, só para mostrar que a gloriosa política genial e salve-salve do Obama vai ser destruída, BUAHAHAHAHAHAH! Amanhã ainda pretendo linchar negros no meio da rua, e depois de amanhã, vou envenenar a maçã da Branca de Neve!”

Alguma palavra sobre Israel ter encontrado provas de que o Irã está desenvolvendo bombas nucleares justamente porque o acordo que Obama deu de presente para os ayatollah’s atômicos gritando “Death to America!” dia sim, dia também, permitia isso? (alguém aí lembrou do que Bill Clinton deu de presente para Kim Jong-il? ah, sim. mas não foi a Globo.)

Quem se informa pela Globo realmente só sabe fazer associações imediatas com o que jornalistas resolvem RECORTAR, ao invés de informar e mostrar um todo concatenado, com começo, meio e fim, sem contradições e sem sensacionalismo emocional.

Mas fake news, obviamente, somos nós.
Título, Imagem e Texto: Flavio Morgenstern, Senso Incomum, 10-5-2018

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