Cristina Miranda
Apesar do salto qualitativo do
papel da mulher na sociedade ocidental onde hoje as barreiras que as separavam
dos homens caíram, o histerismo feminista nunca foi tão estridente. Pior: a
mulher que ouse discordar desta narrativa é imediatamente trucidada com
violência verbal à qual juntam uns quantos insultos para a diminuir
intelectualmente acusando-a de não defender as mulheres. Porque há uma agenda
para cumprir: convencer o Mundo que as mulheres ocidentais (sim porque as
outras não lhes interessa para nada) não são livres e continuam a ser oprimidas
e que elas, as feministas, fazem falta para as “salvar” desses abusos. Nada mais
errado. O feminismo faz tanta falta hoje na nossa sociedade ocidental como o
machismo.
É verdade que durante séculos
a ignorância dos homens em relação à anatomia e psicologia feminina era quase
medieval. Assim como era em relação, por exemplo, à própria higiene (quem não
sabe que nessa época eram proibidos os banhos por “fazerem mal à saúde”?) Era a
ignorância, medo do desconhecido, dos homens que impunha limitações às mulheres
e que em 1878 fazia com que o British
Medical Journal questionasse sobre a possibilidade de uma mulher estragar
um presunto ao tocá-lo por estar menstruada ou ainda uma mulher que confessasse
desejos sexuais ao seu médico era imediatamente receitado banhos frios, entre
outras medidas do género e caso persistisse o problema, o internamento em
asilo!!
Judith Flanders relatou em “Inside the Victorian Home: A Portrait of
Domestic Life in Victorian England”, que um inglês levou sua esposa de meia
idade a um oculista, por esta se ter tornado míope onde foi
informado que o problema dela tinha origem em seus órgãos sexuais pois
seus desejos libidinosos deterioraram os seus olhos e que a única cura possível
era a retirada de seu útero.
Foi graças às reformas
LIBERAIS que a ignorância foi combatida com a circulação de jornais na
Europa que aumentou oito vezes entre 1712 e 1757. Esta “revolução silenciosa”
permitiu que em 1771 as publicações britânicas pudessem relatar de forma
pública os debates no Parlamento popularizando assim a instrução. Em
consequência, no norte da França, entre 1786 e 1790, 44% das mulheres já sabiam
escrever o nome o que indicava um salto na alfabetização nunca antes registado.
A Revolução Industrial que se seguiu foi o resultado desta “revolução
silenciosa” que criou instrução que se espalhou por todo o velho continente
numa sinergia entre produção e educação. Sem as máquinas que popularizaram
os manuais de alfabetização e o comércio livre dos livros, jamais esta
barreira da ignorância seria derrubada e aberto o caminho para a libertação da
mulher como o descreve Stevn Roger Fisher no seu livro “História da Leitura”.
Com a Revolução Industrial, as
mulheres tornaram-se a principal força de trabalho nos EUA representando 88%
dos operários em 1818. Os homens iam para a agricultura onde se exigia maior
força física. Nas fábricas, as mulheres ganhavam um pagamento semanal com base
numa escala “hora à hora” algo inédito naquele tempo que permitia ganhar o
DOBRO do trabalho agrícola. Fala-se dos abusos às mulheres e crianças (trabalho
infantil) durante a Revolução Industrial, mas branqueando o facto de antes,
suas vidas terem sido miseráveis onde as únicas opções para sobreviver à
fome, era a prostituição, mendicidade ou serem criadas de servir (algo
desprezível na sociedade que as tratava como animais).
A Revolução Industrial trouxe
ascensão social e económica sem precedentes para as mulheres. Devido às
mudanças sociais ocorridas depois com a chegada de imigrantes aos EUA, as
mulheres foram levadas para cargos mais bem pagos e para novos campos de
trabalho em ebulição. As oportunidades fora das fábricas aumentou e em 1850 o
número de professoras em Massachusetts foi o dobro dos homens! Em 1900 as
mulheres estavam presentes em 195 das 300 classificações de emprego enumeradas
pelo Censo. Algo absolutamente inédito na época. Nem aqui fez falta quotas.
Foram as medidas liberais da
“revolução silenciosa” e a Revolução Industrial que se lhe seguiu que deram
LIBERDADE DE ESCOLHA às mulheres que passaram a ter seu próprio sustento sem
depender dos homens. Não foi o feminismo que as libertou. Foi o
capitalismo. O feminismo da época apenas melhorou suas condições.
Hoje, esta onda feminista de
3ª geração, por tudo e por nada alega discriminação. Não interessa saber que
uma mulher naturalmente escolhe áreas profissionais diferentes dos homens. Que
naturalmente optam por serem elas a cuidar da família. Que naturalmente têm um
conceito de felicidade diferente do homem. Que possuem cérebros diferentes,
logo pensam e agem diferente. Não. Interessa convencê-las que são vítimas. Que
são coitadinhas que “precisam ser libertadas da opressão masculina” quando os
homens de hoje são em tudo diferentes do passado. Apoiam-se nos estudos subjetivos
de quem os faz. Pouco se importando com o fator óbvio da natureza humana. E por falar em estudos, já está na hora de trazer alguma seriedade sobre as estatísticas enganadores das diferenças salariais quando as categorias profissionais estão todas tabeladas sem diferenciação de sexos! Se há diferenças é porque teimosamente nesses estudos não se tem em conta fatores primordiais nessa avaliação como por exemplo a escolha natural de especialidades menos bem remuneradas ou menos horas trabalhadas para assistência voluntária à família. Nas empresas que geri era
impossível fazer diferenciação no salário base devidamente tabelado. Se isso
acontecesse, a Inspeção do Trabalho entrava imediatamente em campo com multas
pesadas.
No fundo o feminismo de hoje
consiste em substituir o machismo dos homens doutros tempos pelo feminismo atual
segregador das mulheres com vista ao domínio destas. Não buscam o equilíbrio e
igualdade entre as partes. Buscam a primazia.
A verdadeira defesa pelos
direitos das mulheres faz-se pela defesa de todas as pessoas
pela igualdade de direitos sem discriminação pelo sexo, idade, cor, etnia, raça,
sensibilizando e envolvendo toda a comunidade nesta luta. Defender as
pessoas é defender todos por igual criando sinergias em vez de
fissuras entre grupos. E esta é a verdadeira defesa por direitos iguais.
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias,
21-5-2018
Enquanto seres humanos, somos iguais. Creio ser preciso urgentemente uma outra revolução para se provar isso. Tudo hoje em dia gera "processo", visando em primeira instância lucro financeiro. Nem tanto para defender-se, nem tanto por sentir-se "oprimido (a).
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