Vitor Cunha
Às vezes, torna-se necessário
falar a sério. Regra geral, tal não é necessário, mas, em certos assuntos,
exige-se uma seriedade que ajude a balancear tópicos importantes. Sim, vou
falar do Eurofestival da Canção.
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Foto: João Porfírio/Observador |
Circulam aí críticas ao teor
político/ativista/pró-LGBTiPad2xxxOXOX (é assim, acho) da canção vencedora, a
israelita. Meus amigos, nas artes e no entretenimento, uma pessoa deve dizer o
que quiser. Deve enaltecer drogas, deve propor a extinção dos coelhos, deve
explicar que fought the law and the law won, deve ver a Lucy no céu
com diamantes e deve bombardear Londres à vontade. Também deve ter sexo com
bitches, com o automóvel e com o patinho. Pode colocar crucifixos em urina,
preservativos no nariz do Papa, representar o Maomé com bombas na cabeça,
enfiar chicotes por orifícios e walk on the wild side sem
medos.
A diluição entre
entretenimento e política é que vos deveria preocupar. Já sei que uma canção é
uma arma, que esta guitarra mata fascistas e que *uma gaivota voava, voava*:
mas isso é o que acontece numa sociedade livre – dizem-se e escrevem-se coisas.
Numa sociedade pouco livre, não se distingue o cantor do político, o escritor
do deputado. Por isso, vendo as vossas críticas ao teor da canção israelita, o
que concluo é que o problema não são as canções e sim a política tornada em espetáculo
dos que artisticamente enchem a boca contra o populismo.
Se queremos seriedade,
comecemos por enaltecer o javardo no local que lhe é destinado: no
entretenimento e na arte.
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias,
15-5-2018
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