quinta-feira, 31 de maio de 2018

Injustiça Rápida: O Caso de Tommy Robinson

Ilustração: Ben Garrison
Bruce Bawer

§  É impressionante a rapidez com que a injustiça foi imposta a Robinson. Não, mais do que isso: é aterrorizante.

§  Impedido de contatar seu advogado, foi imediatamente julgado e condenado a 13 meses atrás das grades. Na sequência, ele foi levado para a Hull Prison.

§  Enquanto isso, o juiz que sentenciou Robinson também ordenou à mídia britânica que não divulgasse nada sobre o caso. Jornais que já haviam postado reportagens sobre a sua prisão as retiraram rapidamente. Tudo isso aconteceu no mesmo dia.

§  No Reino Unido, os estupradores desfrutam do direito a um julgamento justo com plenas garantias, direito à representação legal de sua escolha, direito de ter tempo suficiente para preparar a defesa e o direito de ir para casa sob fiança entre as sessões dos julgamentos. No entanto, nenhum desses direitos foi dado a Tommy Robinson.

A primeira vez que estive em Londres, aos vinte e poucos anos, tive um surto de adrenalina que durou a semana inteira da minha visita à cidade. Jamais, nos anos seguintes, outro lugar teve tanto impacto em mim, nem Paris, nem Roma. Sim, Roma, berço da civilização ocidental e Paris, centro da cultura ocidental, mas foi na Grã-Bretanha que os valores do mundo anglo-saxônico, acima de tudo a dedicação à liberdade, haviam tomado forma integral. Sem a Grã-Bretanha, não teria havido a Declaração de Independência, Constituição ou Carta de Direitos dos EUA.

Lamentavelmente, nos últimos anos, a Grã-Bretanha deu as costas ao seu compromisso com a liberdade. Críticos estrangeiros do Islã, como o estudioso norte-americano Robert Spencer e, por um tempo, até o parlamentar holandês Geert Wilders foram barrados de entrarem no país. Agora, pelo menos um proeminente crítico autóctone da Grã-Bretanha em relação ao Islã, Tommy Robinson, tem sido recorrentemente assediado pela polícia, coagido pelos tribunais, desprotegido pelos funcionários da prisão que permitiram que os presos muçulmanos o espancassem até ele ficar inconsciente. Indubitavelmente, as autoridades britânicas consideram Robinson um encrenqueiro e gostariam nada menos que vê-lo desistir de sua luta, deixar o país (como Ayaan Hirsi Ali deixou a Holanda) ou ser morto por um jihadista (como aconteceu com o cineasta holandês Theo van Gogh).

Na sexta-feira, conforme relatado aqui, a saga de Tommy Robinson entrou em um novo capítulo. Policiais britânicos o tiraram de circulação de uma rua em Leeds, onde, desempenhando seu papel de jornalista amador, estava transmitindo ao vivo um evento no Facebook do lado de fora de um tribunal. Dentro, vários réus estavam sendo julgados por fazerem parte de uma assim chamada "gangue de abusadores de crianças", grupo de homens, quase todos muçulmanos, que sistematicamente estupram crianças não-muçulmanas, em alguns casos centenas delas, em um espaço de tempo de anos ou até décadas. Cerca de dez mil usuários do Facebook ao redor do mundo viram com os próprios olhos a prisão de Robinson, ao vivo.

Policiais retirando Tommy Robinson (centro) de uma rua em Leeds, Inglaterra, onde, em seu papel de jornalista amador, transmitia ao vivo um vídeo via Facebook do lado de fora de um tribunal. (Imagem: captura de tela de vídeo de TommyRobinson.online)
A polícia prontamente arrastou Robinson colocando-o na frente de um juiz, onde, impedido de contatar seu advogado, foi imediatamente julgado e condenado a 13 meses atrás das grades. Na sequência, ele foi levado para a Hull Prison.

Enquanto isso, o juiz que o sentenciou também ordenou à mídia britânica que não divulgasse nada sobre o caso. Jornais que já haviam postado reportagens sobre a prisão as retiraram rapidamente. Até mesmo cidadãos comuns que escreveram sobre a prisão nas redes sociais retiraram as postagens, com medo de acabarem tendo o mesmo destino de Robinson. Tudo isso aconteceu no mesmo dia.

Um julgamento com 'cartas marcadas' depois uma ordem de mordaça. No Reino Unido, onde os estupradores desfrutam do direito a um julgamento justo com plenas garantias, direito à representação legal de sua escolha, direito de ter tempo suficiente para preparar a defesa e o direito de ir para casa sob fiança entre as sessões dos julgamentos. No entanto, nenhum desses direitos foi dado a Tommy Robinson.

É impressionante a rapidez com que a injustiça foi imposta a Robinson. Não, mais do que isso: é aterrorizante. Em diversas ocasiões ao longo dos anos eu fiquei diante de ameaças iminentes de violência islâmica, tive uma faca encostada em mim por um jovem de uma gangue, fui cercado por uma multidão de homens beligerantes vestidos com jebalas (robe muçulmano) do lado de fora de uma mesquita radical, mas isso não era assustador. Isto é assustador: esta violação total das liberdades britânicas básicas.

De um ponto de vista, com certeza, a detenção de Robinson, o julgamento e o encarceramento na velocidade da luz não deveriam ter surpreendido ninguém. "Há uma campanha para 'pegar Tommy' ou algo muito parecido com isso, já faz algum tempo", uma fonte no Reino Unido, que eu vou chamar de Scheherazade me confidenciou no final da manhã de sábado.

A aparente justificativa para a prisão de Robinson é que ele estava gozando do benefício da SURSIS Penal. Em maio do ano passado, ele foi colocado em prisão preventiva enquanto reportava do lado de fora de um tribunal em Kent, onde outro grupo de réus muçulmanos estava sendo julgado, também acusado de fazer parte de "gangues de abusadores de crianças". Essa prisão também foi injustificada. Pelo menos Robinson gozou da SURSIS Penal. Desta vez, ao que tudo indica, foi determinado que o mero ato de reportar de novo em frente de outro tribunal constituía uma violação dos termos da sua SURSIS Penal.

O cinismo oficial neste caso é flagrante. Scheherazade realçou uma questão vital: que muitas vezes, quando um desses julgamentos de "gangues de abusadores de crianças" está em andamento, as famílias e amigos dos réus ficam do lado de fora do tribunal e "hostilizam e intimidam" as vítimas do estupro, bem como suasfamílias e simpatizantes. "Eu tenho relatos de crianças de até cinco anos que atiraram pedras em familiares das vítimas", ressaltou Scheherazade.

"Essa intimidação perpetrada por grupos de familiares da comunidade dos réus também compreende ir às residências e assediar as pessoas". Ela já ouviu falar de testemunhas de acusação que precisaram de proteção policial para usarem o banheiro dentro de um tribunal. Desnecessário dizer que este assédio e intimidação raramente é denunciado e jamais punido.

Um aspecto, ao que tudo indica, positivo nessa grotesca reviravolta inesperada na evolução dos acontecimentos é que ela chamou a atenção de pessoas que deveriam ter observado o que está acontecendo há muito tempo. Scheherazade observou que muitos de seus contatos no Twitter "estavam tuitando que eles não necessariamente apoiavam Tommy em tudo, mas ficaram chocados com o fato de alguém ter denunciado esses crimes (gangues de abusadores de crianças) ter sido preso". Alguns de seus conhecidos, segundo ela, "estão estupefatos e aflitos". No sábado, milhares de simpatizantes de Robinson se aglomeraram em Westminster. Esses protestos farão alguma diferença?

Um ex-policial britânico reagiu ao encarceramento de Robinson com um vídeo exortando os compatriotas não apenas a marcharem ou se aglomerarem, mas para se juntarem ao partido de Ann Marie Waters For Britain e fazer pela liberdade de expressão na Grã-Bretanha o que o UKIP (Partido da Independência do Reino Unido) fez para tirar os britânicos da UE.

Scheherazade tinha mais informações interessantes. Enquanto Robinson está sendo punido por chamar a atenção para as gangues de estupradores muçulmanos, a Sikh Awareness Society, que também denunciou os julgamentos dos "estupradores", é deixada em paz. "Eles são uma dádiva de Deus", disse Scheherazade, "porque eles não têm papas na língua, ainda assim não são intimidados como Tommy ou pessoas como ele o são". Obviamente, a polícia britânica não ousaria prender um homem barbado usando turbante. Scheherazade também mencionou um imã que foi preso recentemente e logo liberado assim que "um grupo enorme de simpatizantes exigiu sua libertação". Pelo menos um policial reconheceu que o imã havia sido liberado porque, do contrário, "haveria distúrbios em todo o país". Scheherazade resumiu a atual abordagem das autoridades britânicas em relação à situação islâmica da seguinte maneira: perderam o controle... e estão do lado daqueles que eles acham que darão menos dor de cabeça. O valentão da sala de aula aterrorizou o professor que acabou punindo as crianças que sofrem o bullying dele".

Supõe-se que as autoridades acreditam que perpetrar esse tipo de injustiça de alguma forma manterá a paz. Se eu fosse uma autoridade não teria tanta certeza. As pessoas naquela concentração em Westminster no sábado estavam com raiva. Quantos súditos britânicos sentem a mesma raiva? Scheherazade manifestou preocupação de que a situação neste verão na Grã-Bretanha poderá se tornar incontrolável. Bem, talvez tudo isso seja positivo.

De minha parte, por mais que eu me esforce, não consigo entender porque ninguém com certa notoriedade ou com alguma influência em todo o Reino Unido não se apresentou para contestar os maus-tratos dispensados a Tommy Robinson e por tabela defender a liberdade de expressão.
Será que o establishment britânico virou um bando de covardes? Acho que teremos a resposta a essa pergunta em breve, se é que ainda não a temos.
Título e Texto: Bruce Bawer, Gatestone Institute, 29-5-2018
Original em inglês: Swift Injustice: The Case of Tommy Robinson
Tradução: Joseph Skilnik

Bruce Bawer é o autor do novo romance The Alhambra (Swamp Fox Editions). Outro livro escrito por ele While Europe Slept (2006) foi best seller do New York Times e finalista do National Book Critics Circle Award. Alguns livros de sua autoria: A Place at the Table (1993), Stealing Jesus (1997), Surrender (2009) e The Victims 'Revolution (2012). Nascido em Nova Iorque, mora na Europa desde 1998.

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