quarta-feira, 30 de maio de 2018

As (in)Capazes

Cristina Miranda

Assumo sem problema algum que não sou nem nunca serei feminista. Mas isso não significa “ódio às mulheres” como alguns homens e mulheres feministas me conotaram (francamente!).

Bem pelo contrário: significa que não aceito que se diminua a mulher retirando-lhe capacidades intrínsecas de conquistar objetivos para justificar sua pseudodefesa por grupos de mulheres radicais e obsessivas. Dizer que uma mulher para conseguir algo na sociedade precisa de outra mulher ou grupo delas, é ofensivo. A mulher para conseguir tudo o que quer na vida só precisa de vontade, determinação e acreditar nela sem medos para iniciar a mudança.  Mulher só não consegue o que não quer.

Lutar pela igualdade de direitos é uma luta de todos, por todos, sem discriminação. E ao fazê-lo por uns, abre-se portas aos outros. Mas a mulher em particular pela sua poderosa natureza de lutadora resiliente capaz de superar barreiras inimagináveis aliada a uma persistência invulgar, foi desbravando caminho para chegar a todo o lado praticamente sozinha. As mulheres sempre souberam ultrapassar tabus e preconceitos com sua teimosia rebelde e poderes de sedução. Sim. Sedução. São as únicas que conseguem dar a volta aos homens fazendo-os perder a razão em segundos e dominá-los sem que se deem conta usando a narrativa certa. Usaram e usam essa arma desde que existem. Por isso são as mais poderosas dos dois sexos. Se você é mulher e nunca viu isto, é cega.

Ter direitos iguais não significa eliminar as diferenças entre sexos como se as diferenças fossem algo pejorativo para a mulher. Ser diferente é ser o complemento, a diversidade que traz mais valias à sociedade. Precisamos tanto da sensibilidade e intuição feminina como da razão e objetividade do homem. Um ambiente de trabalho que não seja equilibrado entre géneros trará problemas. A propósito, trabalhei como docente em escolas com mais de 100 pessoas onde as mulheres eram sempre em maioria. Nesse universo desequilibrado (com poucos homens), os problemas começavam a aparecer (devido à natureza fortemente competitiva entre elas) assim que uma outra mulher se destacasse e fosse mais popular junto dos alunos ou professores masculinos.

Porque as diferenças não são uma construção social. Podem vir com todos os estudos encomendados que quiserem. Jamais conseguirão que eles expliquem porque uma célula masculina é diferente de uma feminina. Não vale a pena bater no ceguinho. A biologia é incontornável e determina os géneros vincando o que os diferencia e ainda bem. As feministas que insistem em contrariar este facto, mas dizem-se casadas, que me perdoem: começo a duvidar que têm realmente um homem em casa porque quem os tem sabe o quanto são diferentes sem precisar de estudos para o demonstrar.  Por outro lado, se fosse realmente uma construção social, como se explica que minha filha mais velha nascida nos anos 80, onde não havia ainda lavagem cerebral da ideologia de género, nunca tivesse pedido uma boneca, nas fileiras dos brinquedos devidamente separados pedia para que comprasse action-man, tartarugas ninja, jogos da Sega  e legos enquanto os dois mais novos, nascidos nesta nova era da estupidez da ideologia de gêneros, a rapariga escolhia bonecas, cozinhas e maquilhagem e o rapaz sempre se interessou por máquinas com rodas? Afinal em que ficamos?

Num programa da tarde em que Rita Ferro Rodrigues [foto] era apresentadora, falava-se de mulheres e homens que tinham renunciado a carreiras profissionais para tomar conta da família (sim, existem pessoas assim). Quando as senhoras referiram ter sido por opção – e que eram discriminadas por outras mulheres por isso –  Rita ignorou completamente. Mas quando foi a vez do homem, elogiou, louvou, e até se emocionou! Porque não teve a mesma reação para ambos? A hipocrisia das feministas não termina aqui. A mesma Rita que diz defender as mulheres defende a entrada massiva de migrantes islâmicos com uma cultura de opressão bárbara sobre a mulher. Mais ainda: as Capazes que ela lidera defendem coisas como por exemplo a suspensão do voto de homens brancos para equilibrar a sociedade. É isto a defesa pela igualdade?

A lógica das Capazes é esta: a mulher pode ser enfermeira em vez de médica ou simplesmente renunciar a uma carreira para tomar conta da família? Pode, mas não deve porque isso revela que inconscientemente a sociedade a oprimiu. Pode dirigir uma multinacional, governar um país ou ter um cargo de direção na Administração Pública? Pode e deve porque só assim luta pela igualdade. Assumir-se diferente do homem? Nunca, porque isso é desvalorizar-se! Na óptica destas senhoras, temos todas de ambicionar altos cargos e carreiras de topo senão significa que estamos a ser oprimidas. Tal e qual.

As Capazes não passam de incapazes que não foram habituadas a lutar por nada. Que não sabem os caminhos para as conquistas porque tudo lhes foi dado de bandeja, sem esforço. É gente incapaz de esfolar as mãos, para atingir metas. Nunca tiveram de construir nada por si, com derrotas e fracassos pelo meio. Viveram numa bolha social fofinha onde um dia sonharam criar associações inúteis para arrecadar 73 000€ por quatro sessões de palestras no Alentejo fazendo crer aos incautos que estão a defender algo quando na verdade estão apenas a orientar-se à conta do erário público. É tão somente isto.
Título e Texto. Cristina Miranda, Blasfémias, 29-5-2018

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