Cristina Miranda
É todos os dias isto. Notícias
atrás de notícias a dar conta de mais trafulhices, de mais roubalheira, de mais
corrupção. Um fartote de ilegalidades à descarada a que chamam depois de
descobertos, “lapsos e percalços”
(estão a gozar literalmente conosco) como se fossemos todos mentecaptos! Não há
pachorra para tanto abuso de poder à luz do dia enquanto se movimentam como se
tudo isto fosse perfeitamente normal num Estado de direito. Só numa semana (sem
mencionar os casos acumulados durante os três anos de governação) foi uma
catadupa de acontecimentos vergonhosos que nos coloca ao lado dos países mais
subdesenvolvidos! É a indecência a governar como na Venezuela! Siza Vieira é
agora o protagonista do “filme” (mais um) onde contracena com Ivo Rosa e
António Costa. É isso mesmo. Um no MAI, outro na Justiça, outro como 1º
Ministro. Que fantástico!
Esta semana foi a notícia de
que António Costa fez especulação imobiliária (sim ouviu bem). Usando o seu
status de Primeiro-Ministro comprou a um casal de idosos uma casa no Rato por 55 mil,
valor muito abaixo do preço de mercado, vendendo dali a 10 meses pelo dobro
insinuando que era para a filha, coitadinha, que queria morar ali pertinho do
café do irmão. Que ternura! Nada disto teria tido grande importância se não
tivesse este mesmo condenado até à exaustão estas práticas nos privados (essa
“raça” de gente que ele persegue). Vamos recordar o que foi dito por ele: “O
PSD e CDS criaram uma lei das rendas injusta e desumana que nem os idosos poupa
a especulação imobiliária”. Está a ver o carácter desta criatura? Pior: usou a
confiança depositada pelo casal, que tinha melhor proposta, por ser o Ministro
de Portugal. Abominável. Ora a transação deveria ter sido comunicada ao TC em
60 dias. Só o foi passados 287 e a venda 71 dias depois. Costa alegou lapso.
Pois está claro. Esse “senhor lapso” tem as costas largas.
Nada de novo.
Seguiu-se outro artista, Siza Vieira, aquele advogado cuja Sociedade de Advogados, a Linklaters, assessorou o contrato do SIRESP assinado por Costa e Constança em 2006 e o
transformou naquilo que é hoje: um negócio que iliba a empresa de qualquer
responsabilidade em caso de catástrofe. Não é digno de gênio? E que depois
foi contratada de novo por Constança para dar um parecer sobre essa mesma cláusula!!
Ou seja, contrataram a “raposa” para verificar a segurança do “galinheiro” cujo
sistema foi implementado por essa mesma “raposa” e fazer assim uma análise
“independente”. Veio agora a público que este camarada tinha constituído 24h
antes de tomar posse como membro do governo de António Costa, uma sociedade
imobiliária – que não possui desde então qualquer registo de atividade –
vocacionada para a administração de bens próprios e alheios, assim como atividades
de consultadoria, da qual se esqueceu de desvincular por ignorar as incompatibilidades. Assim como se esqueceu que um
advogado não pode ser detentor de empresas de imobiliário. Sim porque há que
lhe dar desconto. Não é por ser advogado que tem de ter a legislação toda na
ponta da língua, não é? Pois. Soubemos ainda que se esqueceu de mencionar que
também era presidente da Mesa da Assembleia Geral da Metro e Transportes do Sul S.A. enquanto ministro! Também se esqueceu, coitadito, que fez uma reunião com os chineses em particular antes da OPA, os mesmos
que tinham sido seus clientes na Linklaters e pediu só mais tarde escusa do
processo. Há 4 meses que o Parlamento espera por respostas a esta trapalhada
toda onde se verificou para cúmulo que além dos “lapsos” por
“ignorância”, atualizou o seu histórico de atos societários alterando datas. Olha só que
interessante.
Outro lapso, precipitado por
este, esta semana, foi o do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto que teve de ser alertado pela Assembleia da incompatibilidade do seu cargo com a empresa que possuía. Meu
Deus, é só gente ignorante!
Mas a semana teve seu “momento
alto” quando todos assistimos incrédulos às movimentações das “peças do
tabuleiro político” do juiz Ivo Rosa que nos fez relembrar os “saudosos” Pinto
Monteiro e Noronha do Nascimento. Primeiro com o levantamento do estatuto de arguido a Manuel Pinho, depois com a ordem de destruição de e-mails e por fim o impedimento ao MP de acesso a dados bancários e fiscais de Mexia! Ora digam lá se
isto não vos lembra nada? Eu ajudo: a limpeza de provas com os casos de
corrupção que envolviam Sócrates.
A juntar a isto, que já é
muito, tivemos de ouvir Costa no Congresso do PS afirmar com todos os dentes
que tem na boca (e falta de vergonha também) que provaram que era possível
“sair da austeridade” sem sair do euro mesmo com dez subidas consecutivas de combustíveis
– e mais uma a caminho – e as cativações escandalosas. Que o PS está na linha
da frente no combate à corrupção mesmo com todos os casos de corruptos
políticos do PS revelados agora como não há memória em Portugal (a menos claro,
que se esteja a referir ao “combate” na eliminação de provas). Que o PS é o
partido que melhor governa as finanças públicas mesmo com três bancarrotas no
currículo e mais uma a caminho, onde aproveitou para aplaudir Sócrates o pai de
uma delas.
Este governo é um lixo. Um
bando de gente que se julga acima do poder, imune à justiça, fazendo os maiores
atropelos possíveis às leis com um sorriso cínico de quem sabe que ninguém os
vai punir, enquanto se mantiverem no poder, por mentirem, aldrabarem, enganarem
toda uma Nação. Parafraseando Moita Flores: “A curto prazo a principal
organização criminosa de um país será o próprio Estado.” Confirma-se.
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias,
27-5-2018
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