quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

O pincismo

Helena Matos

Escreve Nuno Severiano Teixeira no PÚBLICO:  «Desde o 11 de Setembro para cá os muros proliferaram, dizem que são mais de cinquenta em todo o mundo e todos contra os imigrantes e os refugiados. Neste novo mundo de muros muitos estão na Europa. E mesmo nos Estados Unidos, partes do muro tinham já sido construídas por Bush, depois suspensas por Obama, mas substituídas por tecnologias de vigilância mais sofisticada. A verdade é que os muros nunca deram bom resultado. Nem a Grande Muralha da China impediu os ataques dos mongóis, nem o Muro de Adriano evitou as invasões bárbaras. Assim como os 28 anos que durou o Muro de Berlim não impediram o colapso do comunismo e a reunificação da Alemanha.»

O texto de Severiano Teixeira é um exemplo do pincismo, ou seja, o excluir e omitir o que não serve a nossa argumentação. Assim Severiano Teixeira vai até à Muralha da China e ao Muro de Adriano, mas não lhe ocorreu referir muros bem-sucedidos como o que foi construído por Israel na Cisjordânia e que visa impedir a entrada de terroristas em Israel, coisa que de facto tem sido conseguida. Muito menos se lembrou da Vala de Ceuta construída anos antes do 11 de Setembro, em boa parte com verbas da UE e que se destina a impedir a entrada de imigrantes.

Curiosamente achou por bem referir a interrupção da construção do muro na fronteira dos EUA com o México por Obama, mas não só excluiu qualquer referência a Clinton como omitiu o apoio de Obama ao controlo dos migrantes na fronteira do México com a Guatemala, onde não foi levantado um muro, mas foram levantadas estruturas em postos sensíveis.

Não sei e duvido que muito saibam se a melhor forma de impedir a entrada de ilegais nos EUA é um muro ou não. Mas sei que colocar a questão como fez Severiano Teixeira não ajuda nada.
Título e Texto: Helena Matos, Blasfémias, 16-11-2019

NdE: O autor citado é do Partido Socialista e foi ministro dos governos dos socialistas Guterres e José Sócrates. Wikipédia.

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