quarta-feira, 4 de abril de 2012

O estrangeiro e a movida de Beja

Isabel Stilwell 
Imagine-se, o vice-presidente da Ryanair, Michael Cawley, disse que o aeroporto de Beja «é muito longe de Lisboa». O País ficou chocado. Longe de Lisboa, mas longe como? A avaliar pelo desprezo com que um taxista nos recebe no aeroporto da Portela quando pedimos para ir até ao Saldanha, uma “corrida” de Beja ao Marquês de Pombal é um saltinho que se faz em menos de nada.
Mas o senhor, já apelidado de arrogante nos blogues deste canto à beira-mar plantado, não se fica por aqui. Atreveu-se a dizer que o dito aeroporto «não interessa» à companhia. Não interessa? Mas quem é o vice-presidente da empresa para saber o que interessa à empresa? Pior, o estrangeiro, essa raça com que temos uma relação de amor e ódio, foi ao ponto de afirmar que em Beja «não existe nada além do aeroporto».
Mais uma vez, não passa de um infundado juízo de valor, que só pode resultar da preguiça reconhecida aos povos do Norte: está bom de ver que o senhor em lugar de lá ter ido pelo seu pé, se limitou a uma vista aérea via Google Earth, não entendendo o potencial turístico para as máquinas fotográficas dos japoneses daqueles hectares de campos sem uma casinha, nem tão pouco a atracção irresistível das oliveiras em jovens em busca de copos e de lugares onde possam abanar o capacete.
Aliás, foi a afirmação que mais revolta provocou nos blogues, em que portugueses indignados recordam a beleza da Igreja matriz e do pelourinho, sem deixar de referir a mítica agitação social do Grande Lago. Decididamente só a má fé podia levar o senhor Cawley a não perceber a movida em Beja, ou a fechar os olhos às praia banhadas pelo oceano, com as suas ondas boas para surfar, tal e qual vem descrito nos sites de turismo local. Que na realidade a extrema do distrito seja em Odemira, praticamente tão distante do aeroporto de Beja como o de Lisboa, agora não interessa nada!
Mas como se tudo isto não chegasse o vice-presidente dá a machadada final, alvitrando que o aeroporto «não deveria» ter sido construído. Mas o que é isto? Então o governo português gasta 33 milhões de euros a criar um aeroporto destinado às linhas low cost, e as linhas low cost têm a lata de vir dizer que não querem voar para lá? Agora, nem que a Ryanair continue a prometer que traz cinco milhões de turistas para Lisboa, não deixamos, ora essa!
Título e Texto: Isabel Stilwell, Destak, 03-04-2012
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