Alberto José
No dia 15 de abril de 2019, uma das catedrais góticas mais famosas do mundo, a Catedral de Notre-Dame de Paris, construída entre 1663 e 1345, visitada anualmente por 130 milhões de pessoas e que guardava obras de arte e símbolos católicos antigos, foi tomada por um incêndio de grandes proporções, que pode ter sido causado por um curto-circuito na rede elétrica, junto às vigas de madeira de uma das abóbodas.
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Foto: Thierry Mallet |
A sua reforma, estimada para
levar cinco anos, teve o custo orçado em 500 milhões de euros com uma força de
trabalho composta por 250 empresas e cerca 500 pessoas, entre engenheiros,
geólogos, químicos, eletricistas, marceneiros, pedreiros, pintores, serralheiros,
escultores, vidraceiros e outros artesãos arrebanhados em toda a França e até
no exterior.
A primeira providência foi
construir uma estrutura metálica sobre a catedral, como um telhado, para
preservar o que ficou de pé e reforçar as estruturas do prédio! O passo
seguinte foi iniciar um processo de descontaminação do pó tóxico liberado pelas
telhas de chumbo que despencaram durante o incêndio.
A seguir, foi iniciado o
processo de garimpo das peças que sobraram e da observação dos cortes e
entalhes das vigas que não estavam queimadas bem como a recuperação das
estruturas, a secagem química da alvenaria e dos tetos impregnados da umidade
causada pela água no combate ao fogo.
Foi criada uma grande oficina
para a recuperação de cerca de 300 estátuas menos danificadas; as outras que se
perderam, foram copiadas dos arquivos e reproduzidas em máquinas 3D, que
produziram formas em plásticos que serviram para que os escultores fizessem
peças novas em material mais resistente.
Para preparar as vigas
obedecendo aos cortes e encaixes da época da construção foram produzidas
milhares de ferramentas idênticas às usadas na Idade Média! Foram cortados 600 carvalhos na França, para
obter a madeira necessária para a reforma. As vigas foram deixadas 20 dias ao
ar livre, monitoradas por sensores para medir o grau de contração da madeira, a
fim de marcar os encaixes com exatidão.
Em uma usina de vidro, especialmente contratada, artesãos selecionados prepararam as placas para os vitrais seguindo a mesma receita do vidro que foi fabricado em 1163!
As vigas de carvalho foram
selecionadas e cortadas em um canteiro próximo, tendo sido montadas no solo
para verificar a exatidão dos encaixes!
Uma fundição inglesa foi contratada para
fornecer 2,5 toneladas de chapas de chumbo de 3 mm, seguindo a receita do
processo original de fundição sobre camada de areia, produzindo chapas para
serem cortadas no momento da instalação.
Quando as chapas chegaram na
obra, as pesadas estruturas de carvalho foram desmontadas e transportadas por
guindastes para serem ajustadas para receber as telhas cortadas das chapas de
chumbo.
Na oficina de marcenaria,
foram esculpidas peças de carvalho para as portas, janelas, púlpitos e outros
elementos da catedral! O que deu mais
trabalho foi instalar a pesada torre de madeira e aço, com uma cruz na sua
extremidade e que se eleva sobre o conjunto da catedral! Outra etapa importante é a instalação da
proteção elétrica (para-raios) da catedral e, principalmente, sistema
contrafogo com câmeras e sensores térmicos e ejetores de neblina sob alta
pressão junto ao madeirame, para evitar danos causados pela água de combate a
incêndio!
Os dois primeiros anos de trabalho foram gastos para garantir a segurança do que restou da catedral; centenas de empresas e oficinas de arte entraram nesse projeto de cerca de 700 milhões de euros (R$ 3,7 bilhões), tendo sido arrecadados 846 milhões de euros (R$ 4,5 bilhões) de 350 mil doadores em todo o mundo!
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Abril de 2024, foto: Agence France-Press |
Título e Texto: Alberto José, 1-7-2024
A reabertura está prevista para 8 de dezembro de 2024.
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