Rui A.
O que se tem passado, nos
últimos dias, nas principais cidades brasileiras tem certamente um conjunto de
motivos explicativos, mas aquele que é, de longe, mais importante é a sensação,
que se instalou no país, de que o governo Dilma está a fraquejar na economia e
que vêm aí novos tempos de pobreza e de elevada inflacção. Isso mesmo é
sensatamente referido no Economist, e pode ser testemunhado em qualquer parte
do país, em conversas com as pessoas, na leitura dos jornais, nas notícias e
opiniões transmitidas pelas estações televisivas. Quem veio para a rua foram
essencialmente dois grupos: um, maioritário e gigantesco, de pessoas pacíficas
que querem protestar contra o rumo da política e da economia, e outro,
minoritário mas muito mais impressivo, de bandidos e agitadores violentos, que
aproveitam a onda para pilhar, roubar, assaltar e provocar distúrbios. Estes
últimos são aqueles a quem se presta mais atenção, dada a violência dos seus
actos e a cobertura que deles é feita na comunicação social. Mas que ninguém
duvide que o sentido do descontentamento expresso nas manifestações nada tem a
ver com essa violência oportunista, mas com a insatisfação do rumo que a
política federal tem tomado ultimamente e o medo das consequências que poderá
ter na vida das pessoas. De resto, o PT já compreendeu isso mesmo, e a
“presidenta” e o ex–presidente têm promovido reuniões com os principais
dirigentes do partido, para encontrarem novas bandeiras que os reaproximem da
população. O choradinho do monopólio petista da retirada de milhões de pessoas
da pobreza extrema foi considerado já gasto, e o partido procura agora um novo
discurso. João Santana, o mago do marketing do PT, não tem faltado a nenhuma
dessas reuniões.
Título e Texto: Rui A., Blasfémias, 19-06-2013
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