José Carlos Bolognese
Não sou eu, mas é a história quem
conta que, toda nação ou qualquer outro grupo em todos tempos, colheu os piores
resultados face a uma ameaça que tenha sofrido e preferido ignorar, seguir em
frente, como se não fosse algo a considerar. Ou tenha tido a mesma atitude
escapista ante uma agressão de fato, modificando sua vida para pior, mas nem
tanto. Todos nós no Brasil de hoje, podemos – e devemos - ser escapistas
individualmente, afinal sair ileso de um assalto com perdas materiais
reparáveis é melhor do que sair sem vida. Mas a negação ou a espera até que o
tempo resolva tudo devia ser banida de nossas atitudes como sociedade ou grupos
de interesse. Ao contrário, com o passar do tempo e a persistência dos eventos
que nos incomodam, mais parecemos aplainar as arestas na ilusão de um conforto
fugaz. Há, é claro, problemas que não podemos resolver de imediato, mas existem
atitudes melhores mesmo com relação às questões mais difíceis. Se não temos a
solução já, mais motivo existe para que se fale mais – e não menos – sobre o
que nos aflige.
Neste 2015 que pareceu ter
sido o ano da redenção, voltamos ao pântano das procrastinações. O pouco que
recebemos do nosso dinheiro roubado só não desmobilizou os que antes já estavam
se mexendo, cobrando, reivindicando. As elusivas datas de ações no Congresso
Nacional só vieram a comprovar que a instituição – com as poucas e honrosas
cobranças que uns poucos parlamentares fazem em nosso nome - só não carece de
sensibilidade quando as ameaças são alusivas aos seus bolsos, cofres e cuecas.
Em cento e oitenta dias
fechamos os dez anos de um calote tão inimaginável quanto velhaco. Tudo o que
era preciso dizer sobre o fim da Varig e o roubo pela via institucional que
sofrem até hoje seus funcionários já foi dito e repetido à exaustão. Tanto que
– para mim pelo menos – soa estranho que, para reaver o produto de um roubo, as
vítimas tenham de contar com a feitura de uma lei – como se antes, lei não
houvesse - com toda a embromação que sua votação e aplicação acarretam neste
país.
Mas o pior da história está na
inação da maioria dos interessados que não se dão conta do valor da reação
individual de cada um ao reclamar por seus direitos. Este assalto ao Aerus – a
nós todos, aposentados e demitidos – é muito mais grave que um assalto de rua...e
também vem matando gente. Mas ele não impede uma reação apropriada ainda que
pareça distante de resultados. Reação que está ao alcance de qualquer um deste
grupo lendo essas linhas diante de uma tela e de um teclado. Os e-mails alvos
são fáceis de acessar, o argumento que defendemos é cristalino, os danos que
sofremos não param de acontecer e parte do tempo de vida que nos roubaram já
chega a uma década. Mas nenhum de nós variguianos está impedido de – ao menos –
manter o assunto em voga com o recurso formidável da Internet.
Ou podemos continuar
no...”business as usual?
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 13-10-2015
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