terça-feira, 29 de março de 2016

Mais um ex-ministro do Supremo desmoraliza a conversa mole de que impeachment é golpe

Eros Grau passa um carão naqueles professores da USP que foram à Faculdade de Direito do Largo São Francisco mentir sobre a Constituição e a lei

Reinaldo Azevedo
Eros Grau [foto], ex-ministro do Supremo, mais uma vez, toma uma atitude corajosa, deixando-se pautar pela Constituição e pelas leis, não por chacrinhas e chicanas.


Em entrevista ao Estadão, Grau disse com todas as letras o que sabem os sensatos: “O golpe é algo contra a Constituição. E o impeachment está previsto na Constituição. Deve ser tratado como uma coisa normal. Não é ilegal”.

Grau ficou irritado com a patuscada protagonizada no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP por petistas disfarçados de professores: “Desde que eu me aposentei e sai do Supremo, há seis anos, eu nunca dei entrevistas, escrevi nada com conteúdo político. Sempre me recusei. Mas, quando eu vi o que ocorria na Faculdade, eu fiquei uma arara. Aquilo foi um absurdo. Aqueles professores da Faculdade estão fartos de saber que não existe ilegalidade em se fazer uma investigação sobre o presidente da República. Está previsto na Constituição. Foi uma manifestação política de agressão à Constituição. Foi isso que me fez sair do meu silêncio. Quem está pedindo que a Constituição seja cumprida não está dando golpe nenhum. Golpe é descumprir a lei”.

Eis aí. Não custa fazer aqui algumas observações. Grau é um homem com formação de esquerda. Durante a ditadura, foi preso e torturado. Mesmo assim, no Supremo, na condição de relator, votou contra a revisão da Lei da Anistia com um argumento irrespondível também do ponto de vista técnico. O texto que convocou a Assembleia Nacional Constituinte tinha a anistia como pressuposto. Há uma diferença entre ser um jurista e um chicaneiro. Grau demonstrou que não era ministro para se vingar, mas para fazer valer a Constituição e as leis.

Aliás, além de Grau, já desmoralizaram publicamente a tese estúpida do golpe os ministros Dias Toffoli, Celso de Mello, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia e ex-ministros Ayres Britto e Carlos Veloso.

E o ex-ministro diz ainda: “Eu acho que Michel Temer vai ter de ser o presidente. Essa vai ser a forma de cumprir a Constituição. É o que a lei diz”.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo. VEJA, 28-3-2016

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