Patrícia Silva
Cansei. Cansei de ouvir
pessoas dizerem o que eu tenho que fazer, o que e como eu tenho que pensar, com
quem devo me associar e quais ideias devo seguir.
Cansei de ouvir militantes do
movimento negro dizerem como meu cabelo deve ser. “Não alise seus cabelos!”,
eles disseram. Cansei!
Cansei de ouvir feministas
dizerem que mulher pode ser o que ela quiser, menos se declarar não feminista.
Aparentemente, você, mulher, é obrigada a ser feminista. Sua cabeça, minhas
regras.
Deus, como estou cansada!
Cansei de ouvir
socialistas/comunistas classificarem como alienados ou ignorantes todos os
pobres, negros e gays que não são alinhados à esquerda do espectro político. Na
visão vitimista desses seres iluminados, somente o combo
“homem-branco-heterossexual-classe média-morador do Leblon” pode querer ser o
que quiser. Será que não percebem a incoerência nisso? Será que não percebem
que essa massacrante rotulação é só mais uma forma de opressão do livre pensar?
Aliás, quem eles pensam que são para determinar o que outros indivíduos devem
pensar?
Cansei. Estou farta da
patrulha ideológica.
Desejo que você possa pensar de forma livre.
Desejo que você possa ser o que quiser. Use e abuse da sua individualidade. Seja livre!
Desejo que você possa ser o que quiser. Use e abuse da sua individualidade. Seja livre!
Desejo que, em nome da
liberdade individual, respeitemos todos os pensamentos e todos os indivíduos.
E eu desejo isso porque me
inspiro em Ayn Rand, que disse: “A menor minoria na Terra é o indivíduo.
Aqueles que negam os direitos individuais não podem se dizer defensores das
minorias.”
E digo ainda: grito que cansei
inspirada no jornalista e escritor brasileiro Luiz Gama: “O escravo que mata o
senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa.”
Entenda: ser liberal não é
gostar de todas as escolhas das pessoas, mas entender que não é porque eu não
as aprovo que eu tenho o direito de proibi-las.
É como já disse a fantástica
escritora Clarice Lispector em sua obra “Água Viva” (1973): “escuta: eu não te
deixo ser, deixa-me ser então”.
Título e Texto: Patrícia Silva,
Instituto Liberal, 25-3-2017
Sobre a autora: Patrícia
Silva é Doutora em Educação pela UFF com realização de estágio doutoral na Ohio
University. Trabalha como Pedagoga na Escola de Serviço Social da UFRJ. É uma
das administradoras da Libertas, página do
Facebook que tem como objetivo a apresentação de estudos sobre o liberalismo na
educação e os ideais de liberdade.
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