Há 17 anos na administração da
transportadora portuguesa, completou este mês 68 anos. E já tem sucessor.
Sofia Martins Santos
Fernando Pinto entrou para a
TAP em outubro de 2000. Objetivo? Preparar a empresa para a privatização.
Depois disso, foram necessários dez anos para o presidente da companhia aérea
nacional fazer saber que tinha informado o Governo de que pretendia deixar a
liderança da transportadora. No entanto, ainda não tinha, afinal, chegado a
hora. E manteve-se.
Agora, são cada vez mais os
sinais na companhia nacional de que desta vez é que é: Fernando Pinto estará
finalmente de saída. O próprio CEO da empresa fez saber, em junho deste ano,
que cumpriu «a missão» que o trouxe a Portugal. Quando questionado sobre o seu
futuro na nova administração, Fernando Pinto deixou claro que o cargo de CEO
«depende totalmente dos acionistas». Recorde-se que Miguel Frasquilho,
ex-presidente do AICEP, foi anunciado como novo presidente do Conselho de
Administração e como vogais ficaram Lacerda Machado e Ana Pinho. Mas,
entretanto, entrou também para o conselho de administração o ex-CEO da Azul
Antonoalvo Neves, que todos apontam como preferido dos acionistas (é homem de
confiança de Neeleman) para suceder a Pinto como presidente executivo.
Aumento de 30%
A privatização da TAP foi
concluída em novembro de 2015 e, além das várias alterações operacionais que
implicou na companhia aérea, trouxe também aumentos nos ordenados da
administração. Só Fernando Pinto viu o vencimento-base subir em mais de 30%,
fora prémios e regalias. O salário do presidente passou de 30 mil euros
mensais para cerca de 40 mil, numa altura em que os trabalhadores ainda
aguardavam a reposição de vencimentos.
Mas a verdade é que o salário
do presidente do conselho de administração da TAP é motivo de polémica há já
vários anos. Em 2009, quando apresentou no Tribunal Constitucional a declaração
de rendimentos, Fernando Pinto indicava ter recebido, em 2008, mais de 816 mil
euros - na altura, o CM noticiava que este valor representava quase o dobro do
estipulado pelo estatuto remuneratório do grupo.
Prémios investigados
A investigação que levou a
buscas na TAP, no ano passado, prossegue. Em maio de 2016, na mira do
Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e da PJ estavam os
prémios que foram pagos a Fernando Pinto e a outros administradores. Um dos
focos da investigação são os prémios de 2006 (Fernando Pinto recebeu cerca de
315 mil euros, o que representava cerca de 75% do que recebia anualmente, 420
mil). Também o negócio da VEM está a ser investigado.
Título e Texto: Sofia Martins Santos, SOL,
1-10-2017
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