quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Munique 1938-2011

João Ferreira
Nos últimos anos, as sociedades ocidentais têm vindo a sofrer ataques sucessivos de quem está apostado em destruir um modo de vida baseado na igualdade dos cidadãos perante a lei, no governo pelo consentimento dos governados e no respeito pelos direitos humanos – em suma, o nosso modo de vida.
Por toda a Europa, os responsáveis políticos têm respondido a esses ataques com a receita “apaziguadora” do multiculturalismo. Em nome do respeito pela “cultura do outro”, fecharam os olhos ao sequestro de mulheres, ao impedimento de crianças frequentarem a escola, a casamentos forçados – muitas vezes entre pessoas cujas idades fariam soar os alarmes de pedofilia, não fosse estar em causa a tal “diferença cultural” que é míster apaziguar.
Um exemplo recente: em plena “revolução de jasmim”, um dos “libertadores” mais aclamados foi o chefe islamita da Tunísia, que durante o seu exílio em Inglaterra ameaçou enforcar uma feminista do seu país por esta ter tido o atrevimento de dizer que as leis nacionais deviam ter por base a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Até que, no penúltimo fim-de-semana (05/06 de fevereiro), um líder europeu decidiu reabilitar Munique, a cidade que há 73 anos se tornou sinónimo de vergonha, quando o primeiro-ministro britânico Chamberlain aceitou sacrificar a Checoslováquia a Hitler no altar do “apaziguamento”. Outro primeiro-ministro inglês – também conservador mas mais na linha de Churchill – falou ali curto e grosso, na Conferência Internacional sobre Segurança. David Cameron reconheceu o fracasso do multiculturalismo em confrontar, por exemplo, “o horror dos casamentos forçados”. Essa ideologia – disse -, é a mesma que alimenta o terrorismo e beneficiou décadas de passividade e tolerância. Cameron não teve papas na língua: “Em vez de ignorarmos esta ideologia extremista, nós – governos e sociedades – temos de confrontá-la.” Com a rua árabe a ferro e fogo, a internacional do politicamente correcto ficou em estado de choque. Mas Cameron está de parabéns: Churchill não diria melhor.
João Ferreira, Notícias Sábado, suplemento do Diário de Notícias, 12-02-2011
Digitado por JP
David Cameron. Foto: AD

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