domingo, 20 de fevereiro de 2011

Cai de novo a máscara dos petistas: Ministério da Educação quer progressão continuada no Brasil inteiro; na campanha, para atingir SP, Dilma e Mercadante atacaram modelo

Alguns leitores até de boa-fé me indagam de vez em quando se não exagero nas críticas ao PT. Bem, a resposta vai nos meus textos. Se eu achasse que sim, certamente mudaria de rumo. A exemplo da maioria dos que me lêem, também me quero um homem justo. O que posso fazer se a amoralidade dessa gente me enoja? Se vocês quiserem saber, incomoda-me menos o que pensam os petistas — embora absolutamente não me agrade — do que o que eles não pensam. “O que eles NÃO PENSAM o incomoda, Reinaldo? O que isso quer dizer?” Que seu escandaloso oportunismo corrói as noções elementares da civilidade política e impede o confronto honesto de idéias. São, antes de mais nada, agentes da vulgarização da mentira e da trapaça política. Seu único princípio — único — é conquistar o poder e nele permanecer. Os adversários de véspera podem se tornar aliados fraternos desde que aceitem se submeter às diretrizes do partido — e, nesse caso, o PT também sabe ser generoso. Lula, por palavras oblíquas, já chamou José Sarney de bandido em palanque. Hoje, o amor entre ambos é inquebrável e inquebrantável. Quem mudou? Nenhum dos dois! Feita essa consideração inicial, peço que vocês leiam um trecho de reportagem da VEJA desta semana.
"Uma nova diretriz do Ministério da Educação (MEC) pode levar a uma transformação radical nas escolas brasileiras - públicas e particulares. Trata-se de abolir a repetência até o 3° ano do ensino fundamental, fase crucial da vida escolar, em que as crianças são alfabetizadas e começam a cultivar curiosidade pelos estudos. Caberá às escolas e às redes de ensino decidir se adotarão o sistema, mas, à luz da experiência com esse tipo de sinalização oficial, pode-se esperar que a maioria siga o ministério. É notícia que, à primeira vista, causa apreensão quanto à preservação da cobrança e do mérito, ingredientes essenciais para o progresso acadêmico. O bem-sucedido exemplo internacional pode ser útil ao Brasil. Países que aplicam modelo semelhante, como França e Japão, têm alcançado ótimos resultados, renovando o interesse pela sala de aula entre os alunos com mais dificuldade e reduzindo a evasão escolar".

Voltei
Vocês leram direito. O ministro Fernando Haddad, da Educação, recomenda que se estenda ao Brasil inteiro a progressão continuada. Os leitores — e eleitores — de São Paulo, onde vigora o modelo, devem estar escandalizados. Aloizio Mercadante, hoje ministro da Ciência e Tecnologia (Jesus!), candidato ao governo de São Paulo, atacava a progressão com unhas, dentes e bigode — idéias, não, que seria pedir demais! Ela seria fonte de todos os males da educação no estado.
Em seu primeiro pronunciamento oficial, Dona Dilma Primeira, a Muda, falou sobre educação. E lá está uma menção oblíqua — e crítica — ao modelo vigente em São Paulo. Nos debates eleitorais, a então candidata do PT fustigou o sistema. No governo há menos de dois meses, ficamos sabendo que a prática deve ser estendida a todo país.  E essa gente se olha no espelho e deve gostar do que vê! É um misto de psicopatia com sociopatia.
Atenção, leitores! Eu, pessoalmente, não gosto da dita progressão. Gente que entende da área me diz, no entanto, que, bem-aplicados um modelo ou outro (este ou o seriado), os resultados são mais ou menos equivalentes. A vantagem da progressão está em evitar a repetência numa fase em que o correto é aproximar o aluno da escola. Pois é… Por razões puramente políticas, por vigarice partidária, o modelo foi impiedosamente espancado na campanha eleitoral. Aderindo ao discurso mais bucéfalo, mas atrasado, mais canalha, os petistas passaram a chamá-lo de “aprovação automática”. Boa parte da imprensa, sempre tão apegada ao “progressismo”, assistiu calada à depredação dos fatos e da verdade.
O mais impressionante é que foi o PT que introduziu o modelo no país: Paulo Freire, então secretário da educação de Luíza Erundina na Prefeitura de São Paulo, implementou a progressão nas escolas municipais. Outras cidades aderiram. E então se expõe, mais uma vez, a natureza desse partido: o modelo que ele mesmo abraçou pode ser alvo do ataque mais feroz se for para atingir um adversário. A lista das “coisas que o PT não pensa” é gigantesca. O partido vai fazendo escolhas segundo as necessidades da hora.
Haddad vai tentar escapar: a resolução em favor da progressão continuada é do Conselho Nacional de Educação, não dele. Não tem força de lei. Trata-se de uma recomendação — RECOMENDAÇÃO ESTA QUE, ATENÇÃO, FOI HOMOLOGADA PELO MINISTRO AINDA NO FIM DO GOVERNO LULA. Vale dizer: enquanto Mercadante descia o sarrafo na progressão em São Paulo e Dilma fazia o mesmo em rede nacional, o ministro da Educação do PT, referendado no governo Dilma, abraçava a… progressão continuada!

Onde estava essa gente?
Informa o Estadão:
“O ensino fundamental tem 31 milhões de alunos estudando em 152 mil escolas, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Desse total, aproximadamente dez milhões estão matriculados nos três primeiros anos desse ciclo. Em 2009, a taxa de reprovação desses dez milhões de alunos foi de 5,1%. O índice é considerado alto pelos especialistas em pedagogia. ‘Isso mostra que, de cada cem crianças, cinco ainda são reprovadas logo que ingressam na escola. As pesquisas apontam que, se o aluno é reprovado nessa fase, dificilmente terá sucesso. A recomendação do CNE é para garantir que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos’, diz a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda.”
Onde estava Maria do Pilar durante a campanha eleitoral? Assistiu, então, calada à depredação da verdade? “Ah, mas progressão precisa de programas que estimulem os alunos e professores…” Pois é! Justamente o que havia e há ainda em São Paulo: dois professores no primeiro ano da alfabetização, programa de reciclagem de professores, promoção por mérito, premiação para as escolas que atinjam metas… Fez-se tabula rasa de tudo isso: permitiram que os hunos, especialmente o de bigode, atacassem o modelo da maneira mais primitiva, ignorando-se, inclusive, os números positivos que a reestruturação da educação em São Paulo passou a exibir.
Vejam este vídeo com Mercadante na sabatina da Folha. Ele promete acabar com a “progressão continuada” que, àquela altura, já havia sido homologada pelo também petista Fernando Haddad. Assistam. Volto em seguida:
Mercadante prometia dar o que já existe: aula de reforço. É claríssimo: poria fim à progressão continuada, mas “sem reprovação, gente! Ah, entendi! E, como se nota, o Rio, que Dilma tomou como modelo de segurança pública, era o modelo de educação do petista… Todo esse talento está agora a serviço da “ciência e tecnologia”… Ao fim de quatro anos, talvez os brasileiros já tenham aprendido a subir em árvores. Andar de cipó, só no estágio seguinte!
“Ah, mas por que você pega no pé dos petistas?” Acho que esse texto responde. E corrijo: pego “nos pés” — em todos os que eles têm!
Título e Texto: Reinaldo Azevedo

PS: O vídeo acima foi postado por movimentocoep, em 30 de julho de 2010, com a seguinte descrição:
Quem vai ganhar as eleições em SP? 
Resposta: o mau corporativismo que impera nas escolas públicas, os maus professores que não aceitam ser avaliados, os maus professores que não aceitam fazer cursos de capacitação, os maus professores que sabem que nunca serão demitidos...
A entrevista com o candidato da oposição Aloizio Mercadante foi lamentável: uma total confusão entre "progresssão continuada" e "aprovação automática"... O candidato Aloizio Mercadante fez a alegria dos jornalistas que têm filhos nas escolas particulares... ele disse que vai acabar com a "progressão continuada"...  Mercadante ignora completamente que a "progressão continuada" foi transformada em "aprovação automática" justamente pelos maus professores que não aceitam confessar o seu fracasso em ensinar nossas crianças... Já que uma possível "reprovação" exige que o professor comprove as aulas dadas e a recuperação paralela e continuada, os maus professores simplesmente "passam o infeliz"...
A principal proposta do candidato é dar um "laptop" para cada professor...
Nenhuma palavra sobre garantir a participação das mães e dos pais na gestão escolar...
Fez a promessa de vigiar a presença do alunos, mas nenhum comentário sobre os professores que assinam ponto a lápis...

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