(…)
Perante a perspectiva de mais
cinco anos de “frigideira”, os franceses parecem dispostos a saltar para o
fogo. Directamente. Pela mão de Hollande, por estes dias transformado em
esperança derradeira de uma esquerda europeia à procura de rumo. Que nos propõe
ele? Primeiro, umas vacuidades sobre o “crescimento” e sobre a necessidade de
acrescentar essa valência ao tratado europeu. As suas propostas oscilam entre
mais do mesmo – umas project bonds para uns indefinidos projectos transeuropeus
de duvidosa eficiência – e a tradicional receita de mais despesa (encontrando
formas de a financiar via Banco Central Europeu) e mais impostos (com destaque
para uma taxa destinada a castigar um sector financeiro que atravessa evidentes
dificuldades).
O pior, no entanto, está
reservado para as políticas domésticas. Primeiro, mais contratações pelo
Estado, agora uns meros 60 mil professores. Depois, mais subsídios (como um
destinado a dar novas habitações aos jovens), mais regulamentação (quer impor a
cada bairro um mínimo de “pobres”) e menos mercado (promete congelar o preço da
gasolina durante três meses). Apesar de o sistema de segurança social francês
ter mais dificuldades do que o português para assegurar as suas actuais
coberturas, Hollande propõe-se reduzir selectivamente a idade da reforma para
os 60 anos, isto depois de uma gigantesca luta para a fazer passar para uns
meros 62 anos.
A cereja em cima do bolo é a
intenção de taxar os rendimentos acima do milhão de euros (em França não são
assim tão poucos como isso) a 75%. Considerando as contribuições sociais, tal
representará quase 90%. O efeito desta intenção já se está a fazer sentir: os
franceses mais ricos começaram a mudar as suas residências para Londres, para a
Suíça ou mesmo para Hong Kong. Paris tem os seus encantos, mas não vale ficar
sem quase todo o rendimento.
O candidato socialista tem,
contudo, uma vantagem: é sincero. Uma das razões por que propõe estas medidas é
porque “não gosta de ricos”. Tão simples – e tão francês – como isso.
(…)
Continue lendo o artigo de José Manuel Fernandes, no blogue "Blasfémias"
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