Reinaldo Azevedo
A presidente da Argentina,
Cristina Kirchner, começou a flertar com a derrocada. Vamos ver quanto tempo
vai demorar até a desmoralização. O discurso anti-imperialista costuma ser o
último refúgio de quem não tem mais nada a dizer — ou a fazer. A sessão
no Senado de ontem, quando a área econômica do governo explicou a
nacionalização da YPF, foi uma patuscada, uma pantomima. E o vice-ministro da
economia, Axel Kicillof, este senhor que vocês veem abaixo, comandou o show. O
Brasil também foi tungado. Já chego lá.
Camisa aberta ao peito,
cabelos em desalinho (que esconde um prenúncio de calvície), olhos azuis de
galã de folhetim e costeletas de milongueiro, eis Kicillof. Consta que Cristina
está inteiramente entregue a seus cuidados… E até a suas ideias.
Só os tolos ignoram a
aparência quando ela se faz tão eloquente. Imaginem se alguém exibindo essas
costeletas e se comportando no Senado da República como se estivesse num
boteco pode ditar os rumos da economia. E, no entanto, Kicillof, de 41
anos, egresso da “juventude kirchnerista” — esse negócio de “juventude”
dedicada a um líder nunca resulta em boa coisa — dá hoje as cartas. Entusiasta
da reestatização, é ele o principal interlocutor da presidente e arquiteto da
retomada da YPF.
Os espanhóis querem US$ 10,5
bilhões pela empresa. Kicillof disse que o governo não vai pagar. Em sua
exposição, a que não faltou murro na mesa, afirmou: “Não pagaremos à Repsol
aquilo que eles querem. São imbecis os que pensam que o Estado argentino deve
ser tonto e cumprir aquilo que a empresa deseja”. Deixou claro, também com o
vocabulário, o padrão em que passou a operar o governo argentino. A canalha
dita anti-imperialista chega aos estertores do prazer, baba de satisfação.
Segurança jurídica pra quê? A empresa e o governo espanhóis dizem que vão
recorrer à arbitragem internacional. Uma coisa é certa: investir na Argentina
passou a ser uma operação de risco.
Petrobras
O Brasil não está fora do furor nacionalista da dupla Cristina-Kicillof. O governo argentino cancelou, sem mais nem menos e sem prévio aviso, uma concessão da Petrobras na província de Neuquén. Ao mesmo tempo, exorta a empresa a investir mais no país, entenderam? O governo brasileiro, até agora, está mudo. Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, limitou-se a reconhecer a “soberania” dos argentinos para tomar suas decisões, como se isso estivesse em debate. E, no entanto, não está.
O Brasil não está fora do furor nacionalista da dupla Cristina-Kicillof. O governo argentino cancelou, sem mais nem menos e sem prévio aviso, uma concessão da Petrobras na província de Neuquén. Ao mesmo tempo, exorta a empresa a investir mais no país, entenderam? O governo brasileiro, até agora, está mudo. Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, limitou-se a reconhecer a “soberania” dos argentinos para tomar suas decisões, como se isso estivesse em debate. E, no entanto, não está.
Até agora, só um “líder”
emprestou seu apoio irrestrito ao governo argentino: Hugo Chávez! Néstor,
marido e antecessor de Cristina, era conhecido por seu temperamento mercurial.
Muitos desconfiavam que não batesse bem dos pinos. Começa a se ver agora que
era ele a parte moderada do casal…
Reinaldo
Azevedo, 18-04-2012
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