sábado, 7 de abril de 2012

O elogio da loucura (IV) – De exportadores a importadores de ovos

Alberto de Freitas
Nunca assisti a qualquer espetáculo que inclua o sofrimento de animais. Considerar a tourada um divertimento, com o argumento que o toureiro também corre riscos, excluindo o facto de se tratar de dois seres vivos, lembra-me outros desportos possíveis, como correr aos zig-zag numa autoestrada.

No entanto, reconheço que infligimos sofrimento aos animais, por questão de nossa sobrevivência. Não querendo entrar nessa discussão por incapacidade para tal, fico-me pelos ovos. A UE, por força dos lóbis de defesa dos animais, decidiu-se por “arejadas” condições nos aviários. E como tudo o que é politicamente correto, peca por ignorar a realidade. Com Portugal a atravessar um grave problema, em que as condições de muitas famílias se estão a degradar ao nível da fome, os ovos vão aumentar 40%. E de exportadores vamos passar a importadores de 50% das necessidades, aumentando o desequilíbrio da balança de pagamentos e destruindo a capacidade de produção instalada.

Mas tal como o sofismo do absurdo de fazer explodir (com pessoas incluídas) clinicas onde se pratiquem abortos, teremos crianças (humanas e humanos) com problemas alimentares acrescidos, para alívio da consciência dos amigos das galinhas.

Teremos que importar ovos de países terceiros “torcionários de galináceos”, que serão os fornecedores a preços baixos. A mesma hipocrisia que nos faz ser contra as centrais nucleares e importarmos energia obtida por esse meio.

Aguardo entretanto a batalha contra o assassinato de formigas, pisadelas a baratas e envenenamento de ratos. Que diabo, são tal como nós, seres vivos com direito a vida digna e “arejada”
Texto: Alberto de Freitas

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