sexta-feira, 7 de junho de 2013

Dos Santos envergonha os angolanos

Rafael Marques de Morais
O Presidente José Eduardo dos Santos fez mais pela oposição ao seu regime, na entrevista à SIC, do que a digressão europeia de Isaías Samakuva e Abel Chivukuvuku, bem como o conjunto de iniciativas críticas da sociedade civil dos últimos meses. Revelou o seu desinteresse pela realidade do país. 


O Presidente, ao chamar de frustrados os jovens que se têm manifestado contra o seu poder, manifestou o seu medo pela juventude. O Emiliano Catumbela, de 22 anos, está preso desde o dia 27 de Maio, por ter exercido o seu direito de manifestação. Tem sido torturado e a Polícia Militar do Presidente tentou arrancar-lhe uma unha com um alicate. É assim que o senhor Presidente trata os jovens que frustra com as suas políticas.

Vi o Presidente por aquilo que ele é, cínico e incapaz de manifestar qualquer empatia para com o sofrimento do povo que, há 34 anos, atormenta com o seu modo de governação.

Senti-me triste ao ver o Presidente a expor o seu intelecto. É um universo de lugares comuns. É básico. Pouco ou nada sobra para oferecer, a si próprio e aos seus colaboradores, uma saída airosa do poder.

Mais uma vez, organizou-se um carnaval presidencial. A incoerência política vestiu-se de estratégia do grande líder. Como sempre, a turba de militantes do MPLA ficou à espera da revelação dos grandes pensamentos do seu incontestável guia. O carnaval passou à telenovela da entrevista.

A entrevista-propaganda foi uma vergonha para a nação angolana e uma zombaria para os portugueses.

Fica apenas a pergunta. Serão os angolanos tão atrasados e divididos ao ponto de se renderem a um homem cujas acções são um insulto à inteligência colectiva de todo um povo?

A culpa não é dele, compatriota. É minha e tua. É o que tenho a dizer.
Título e Texto: Rafael Marques de Morais, Maka Angola, 07-06-2013

A entrevista, na íntegra, está aqui.

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