sábado, 22 de abril de 2017

[Para que servem as borboletas?] Como chegar filosoficamente a Deus pelo estudo do Ser...

Valdemar Habitzreuter

Não basta apenas crer em Deus pelo fato de as religiões assim nos induzirem, mas saber o porquê da nossa crença, de como podemos fundamentar nossa fé racionalmente ou filosoficamente. E isso pode ser realizado analiticamente com bastante acerto.

A ontologia nos auxilia nesta tarefa. A ontologia é o estudo do Ser; ela se dedica ao estudo de tudo o que existe; a partícula on significa ser em grego. Há duas facetas de se estudar o Ser:  o Ser como tal e o ser dos entes (das coisas); significa estudar o Ser em seu todo.

Há, pois, duas dimensões do Ser a serem distinguidas: a dimensão do Ser como tal que é absolutamente necessário por ser o Ser originário, e a dimensão do ser dos entes que é absolutamente contingente pelo que os entes podem existir ou não.

Não podemos negar o Ser absolutamente originário, pois sem ele nada existiria; nossa própria vida significa ser, isto é: existimos. No Ser Absoluto nos movemos e agimos. Mas, como temos acesso racionalmente ao puro Ser se não se apresenta como ente, como alguma coisa? A filosofia, ao longo de sua História, desde Platão, esqueceu-se propriamente do Ser fundamental; assim, não se ocupou o bastante com ele, pois sempre se deparou com a dificuldade de desvendar o sentido do puro Ser, por não ter materialidade, e se concentrou mais no ser dos entes – estudar a essência das coisas.

Mas, o acesso ao Ser como tal, podemos estabelecê-lo da seguinte forma: tudo o que existe na dimensão do Ser contingente (nós e as coisas deste mundo) só podemos admitir sua existência se um Ser necessário e originário existir, caso contrário, haveria um redondo nada. Não é uma mera dependência causal, porque o Ser originário está ínsito no ser dos entes. 

Esta bidimensionalidade do Ser inter-relaciona-se: a dimensão absolutamente necessária do Ser põe os entes na dimensão absolutamente contingente do Ser. E isso caracteriza-se como criação. Não é uma criação ex nihilo, um criar do nada, mas um transferir-se de si do Ser absolutamente necessário para a dimensão do Ser contingente - o Ser transcendente faz-se presente na dimensão do Ser contingente; é uma auto imanência.  É aí que podemos introduzir o Deus das religiões. Esse Deus seria o Ser-Absolutamente-Necessário. Mas, observem: esse Deus não é o Ente Supremo ou Causa Suprema, mas o Ser Absoluto que a tudo abarca. (Recomendo a leitura de Ser e Deus de Lorenz B. Puntel do qual tirei este pequeno esboço)
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 22-4-2017

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3 comentários:

  1. MARAVILHA HABITZ

    Mas deixo o meu paradoxo.
    QUEM CRIOU A AMEBA?
    O SER COM O MAIOR DNA DO UNIVERSO ATÉ HOJE.
    Eu não quero saber.

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    Respostas
    1. O ser se diz de várias maneiras; uma delas é ser ameba; sem o ser original não haveria entes, aí incluso a ameba - "o ser com o maior dna do universo até hoje" como vc diz... O Ser Absoluto não é o Deus das religiões, mas é o suporte de todo o universo. Foram as religiões que o transformaram em Deus e a partir daí toda a doutrinação dogmática...

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    2. Ameba Amoeba dubia 670.000.000.000 O maior genoma conhecido

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