Vitor Cunha
As fotografias do ministro das
finanças gregas (e não alemãs, holandesas ou finlandeses – são gregas mesmo)
para a Paris Match causaram alguma celeuma em meios mais conservadores, nomeadamente
pela hipocrisia do marxismo caviar, aqui substituído pelo marxismo dourada
assada com laranja e paprika com vista para a Acrópole.
PARIS MATCH N° 3434, 12 mars
2015
Não percebo as reacções. Não é
como se o socialista grego tivesse sido fotografado em Formentera, lendo o seu
próprio livro na companhia do único comprador deste, com chanatas Wendel de
Jimmy Choo e alva camisa Bijan sobre calções vermelhuscos, tão asfixiantes da
virilidade como necessários a uma reflexão filosófica sobre tortura
mediterrânea.
Não é como se Varoufakis e a
mulher tivessem necessidade de liquidez para o piano através de negócios
imobiliários que privem os restantes herdeiros dos seus direitos. Não é como se
Varoufas se fotografasse a fazer jogging após fumar no avião da TAP, como que
correndo para a escola, a tempo de se licenciar no Domingo, impedido assim de
assistir ao jogo decisivo do grande Eusébio.
Não é como se Varoufofo
tivesse subido o défice por querer, porque só lê meia directiva, porque é um
pau mandado de Merkel que prontamente gasta o que não tem para combater a crise
que consiste em nacionalizar o banco onde se podem encontrar podres da oposição
que podem dar jeito ao povo, essa massa indiferenciada de chicos-espertos que
combate o progresso elegendo Cavaco (5 vezes), o filho do gajo da bomba de
gasolina que estraga Lisboa com a marquise, como se Lisboa, a flor, fosse uma
mera Massamá.
Não, as fotos do Varoufigo não
são chocantes. Chocante é a vossa falta de vergonha pela amnésia selectiva da
imbecilidade que é o marxismo, burguês ou não, com que vos vendem miséria.
Isso, sim, é chocante. A casa do Varoufakir não é chocante. Chocante é sabermos
tão pouco sobre as casas isentas de sisa e contribuição autárquica dos líderes
socialistas, aparentemente uma tradição tão nacional como a propensão para a
continuidade no primeiro mundo apesar destas tristes figuras.
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