Vitor Cunha
A inexistência de humoristas
de direita, assunto bem
analisado por Rui Ramos, deve-se, sobretudo, a um factor
importantíssimo: não há piada nas consequências de brincar com o esquerdismo.
Não há rol de pessoas mais sisudas, conservadoras, casmurras e sem graça do que
na esquerda que sente necessidade em se afirmar de esquerda.
A sério, com
este ar sisudo, não dá vontade de rir?
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“Eu sou de esquerda” repetido causa o mesmo
efeito que causaria um “eu sou muito honesto” numa carta enviada da prisão. Se
nunca ouviram tal coisa é porque os vossos amigos já não estão para vos aturar,
algo que tanto acontece porque também têm essa necessidade patológica de
afirmação – o que gera purgas – ou porque, simplesmente, ainda têm esperanças
que percebam quando estão a ser ridicularizados silenciosamente. O método
tradicional de um indivíduo que se diga de esquerda – a cada intervalo entre
pestanejos – para encarar críticas é algo que vai do SMS insultuoso ao
extermínio em massa. É tudo uma questão de escala. O que poderia ser cómico num
indivíduo que tem na sala um busto de Lenine? No fundo, tudo, mas só até o
indivíduo ter poder suficiente para exprimir o seu repúdio da forma mais
apropriada, algo entre a perda de um emprego à perda das unhas com alicate
ferrugento (o que, no último caso, o impediria de dádivas de sangue). O
esquerdista tem muito orgulho em si próprio e não admite criticas, que encara
sempre como um julgamento de carácter.
Além disto, é tudo uma questão
de mercado. Com tanto humorista escatológico com procura, um humorista de
direita seria só alvo de chacota pelos intolerantes esquerdistas, algo que
desmotiva quando a melhor perspectiva de sucesso é uma plateia de meia-dúzia de
pessoas que já leram um livro sem figuras.
Podiam existir humoristas de
direita mas – que fazer – toda a gente tem que ganhar a vida. O SMS do Costa é
a ilustração perfeita do sentido de humor de um esquerdista. É cómico, excepto
para quem o recebe. À direita restam os artigos do doutor Soares sobre o Obama,
o que tenta lutar contra a natureza que se revolta pela usura capitalista da
exploração petrolífera que causa cataclismos geradores de austeridade que mata,
como bem diz o Papa Francisco. Quem não acha piada a isto é um sisudo
esquerdista.
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