terça-feira, 3 de outubro de 2017

Com Povo “Pobre”… País Miserável

Cristina Miranda

Podíamos ser uma grande Nação como já o fomos no passado. Podíamos ter um país próspero com excelentes condições para os cidadãos. Mas continuamos a apoiar ladrões e mentirosos. Gostamos da roubalheira descarada, da irresponsabilidade manifesta, da falta de escrúpulos, deliramos com corruptos e amamos o facilitismo, a cunha, e o compadrio. Perdemos tudo o que era preciso para sermos um nobre povo: os nossos valores. Sempre que há eleições fica a certeza que o que queremos não é mudança é regabofe. Queremos que nos deixem viver como “lordes” mesmo que à custa de muita dívida. Queremos gozar a vida enquanto há tempo mesmo que para isso penhoremos o futuro dos nossos filhos por décadas. Somos egoístas interesseiros acoplados a subsídios que queremos eternizar e negociatas que queremos multiplicar. Somos povo de “chicos espertos” interesseiros preocupados com umbigos sem qualquer sentido de nação. Somos pobres de espírito. Para nossa desgraça.

Como é possível haver um Isaltino a vencer maioritariamente depois de ter sido preso por prevaricar na Câmara? Como é possível pôr o maior arguido de Portugal, ex-ministro, que mesmo que não venha a ser condenado (duvido), faliu o país e ainda o endividou por décadas com negócios ruinosos, a comentar as eleições em horário nobre? Como é possível eleger Medina, esse senhor das negociatas e ajustes diretos de milhões, contratos e obras ruinosas? Como é possível o partido da irresponsabilidade , que entregou o país falido, usurpou depois o poder, que deixou à sua sorte centenas de pessoas entre mortos, feridos, desalojados e falidos, nos maiores incêndios que há memória onde manifestamente já se sabe que foram por negligência grosseira do Estado, que perdeu o rasto  ao arsenal de guerra desaparecido,  que engrossou só em 2 anos tanto as gorduras do Estado que breve teremos todos de pagar o preço com mais aumento de impostos e mais austeridade severa e mais falência, ter tido tanta expressão nestas eleições?

A resposta é simples. Anos e anos de socialismo mudaram as pessoas. De um povo trabalhador, empenhado, empreendedor, focado, responsável e cumpridor passamos a viver à sombra do facilitismo encostados ao Estado. O primeiro grupo (empresas e particulares) foi diminuindo com o tempo fartos de serem o sustento da outra metade que vive despreocupada, reclamando de tudo à espera que tudo lhes caia do céu sem esforço. Esta degradação cultural tão expressiva abriu lugar à indiferença. Para quê votar se os resultados nas urnas podem ser revertidos? Para quê votar se a política que se vem praticando no país só serve clientelas em vez de servir os cidadãos? Para quê votar se não há candidatos fortes capazes de mudar verdadeiramente esta sociedade parasitária? Seriam esses, os abstencionistas, aqueles que fariam a diferença. Mas são esses que infelizmente mais facilmente desistem de lutar.

E não é para menos. São muitos anos de roubalheira profissional que começa num Estado que há décadas não é exemplo porque rouba descaradamente aos olhos de todos, comete ilegalidades, mantêm corruptos, irresponsáveis e mentirosos no poder e acaba nas empresas e particulares, que seguem o mesmo exemplo. Todos a fazerem-se à vida. Todos a safarem-se como podem. O Estado a engrossar as fileiras a cada passagem dos partidos para reforçar seu eleitorado. As empresas completamente encostadas a subsídios, a protocolos com Câmaras, a negociatas com juntas freguesia. Os particulares a deixarem de trabalhar para viverem de subsídios e doenças fraudulentas.

Por isso sempre que há eleições perdoamos “nossos amigos” pela ladroagem. Porque rouba, mas faz. Porque são desonestos e irresponsáveis mas entregam-nos as obras a fazer sem concurso, porque nos ajudam a conseguir subsídios para tudo e mais alguma coisa com “cunhas”. Gente porreira, pá! que merece nosso precioso voto. Depois, quando nos caiem as falências em cima do lombo, ficamos chateados com o artista que vem corrigir essa porcaria retirando as benesses que tanto custaram a conseguir lambendo botas durante anos. Por isso há que repor essa gente no poleiro rapidamente antes que empresas e particulares dependentes, entrem em falência por não saberem gerir-se sem apoios. É a luta pela sobrevivência dos dependentes do Estado.

Assim, sem uma reeducação da sociedade que se tornou parasitária, seremos eternamente um povo pobre de espírito a viver num país eternamente miserável sem capacidade para exigir de quem governa.

Porque sem uma mudança cultural profunda para voltar a adquirir valores fundamentais, jamais sairemos deste lodo em que o país mergulhou.

Porque a mudança começa PRIMEIRO em nós, cidadãos! 
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias, 2-10-2017

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