Cristina Miranda
Podíamos ser uma grande Nação
como já o fomos no passado. Podíamos ter um país próspero com excelentes
condições para os cidadãos. Mas continuamos a apoiar ladrões e
mentirosos. Gostamos da roubalheira descarada, da irresponsabilidade
manifesta, da falta de escrúpulos, deliramos com corruptos e amamos o
facilitismo, a cunha, e o compadrio. Perdemos tudo o que era preciso
para sermos um nobre povo: os nossos valores. Sempre que há eleições
fica a certeza que o que queremos não é mudança é regabofe. Queremos que nos
deixem viver como “lordes” mesmo que à custa de muita dívida. Queremos gozar a
vida enquanto há tempo mesmo que para isso penhoremos o futuro dos nossos
filhos por décadas. Somos egoístas interesseiros acoplados a subsídios que
queremos eternizar e negociatas que queremos multiplicar. Somos povo de “chicos
espertos” interesseiros preocupados com umbigos sem qualquer sentido de nação.
Somos pobres de espírito. Para nossa desgraça.
Como é possível haver um
Isaltino a vencer maioritariamente depois de ter sido preso por prevaricar na
Câmara? Como é possível pôr o maior arguido de Portugal, ex-ministro, que mesmo
que não venha a ser condenado (duvido), faliu o país e ainda o endividou
por décadas com negócios ruinosos, a comentar as eleições em horário nobre?
Como é possível eleger Medina, esse senhor das negociatas e ajustes diretos de
milhões, contratos e obras ruinosas? Como é possível o partido da
irresponsabilidade , que entregou o país falido, usurpou depois o poder, que
deixou à sua sorte centenas de pessoas entre mortos, feridos, desalojados e
falidos, nos maiores incêndios que há memória onde manifestamente já se sabe
que foram por negligência grosseira do Estado, que perdeu o rasto ao
arsenal de guerra desaparecido, que engrossou só em 2 anos tanto as
gorduras do Estado que breve teremos todos de pagar o preço com mais aumento de
impostos e mais austeridade severa e mais falência, ter tido tanta expressão
nestas eleições?
A resposta é simples. Anos e
anos de socialismo mudaram as pessoas. De um povo trabalhador, empenhado,
empreendedor, focado, responsável e cumpridor passamos a viver à sombra do
facilitismo encostados ao Estado. O primeiro grupo (empresas e particulares) foi
diminuindo com o tempo fartos de serem o sustento da outra metade que vive
despreocupada, reclamando de tudo à espera que tudo lhes caia do céu sem
esforço. Esta degradação cultural tão expressiva abriu lugar à
indiferença. Para quê votar se os resultados nas urnas podem ser revertidos?
Para quê votar se a política que se vem praticando no país só serve clientelas
em vez de servir os cidadãos? Para quê votar se não há candidatos fortes
capazes de mudar verdadeiramente esta sociedade parasitária? Seriam esses,
os abstencionistas, aqueles que fariam a diferença. Mas são esses que
infelizmente mais facilmente desistem de lutar.
E não é para menos. São muitos
anos de roubalheira profissional que começa num Estado que há décadas não
é exemplo porque rouba descaradamente aos olhos de todos, comete ilegalidades,
mantêm corruptos, irresponsáveis e mentirosos no poder e acaba nas empresas e
particulares, que seguem o mesmo exemplo. Todos a fazerem-se à vida. Todos a
safarem-se como podem. O Estado a engrossar as fileiras a cada passagem dos
partidos para reforçar seu eleitorado. As empresas completamente encostadas a
subsídios, a protocolos com Câmaras, a negociatas com juntas freguesia. Os
particulares a deixarem de trabalhar para viverem de subsídios e doenças fraudulentas.
Por isso sempre que há
eleições perdoamos “nossos amigos” pela ladroagem. Porque rouba, mas faz.
Porque são desonestos e irresponsáveis mas entregam-nos as obras a fazer sem
concurso, porque nos ajudam a conseguir subsídios para tudo e mais alguma coisa
com “cunhas”. Gente porreira, pá! que merece nosso precioso voto. Depois,
quando nos caiem as falências em cima do lombo, ficamos chateados com o artista
que vem corrigir essa porcaria retirando as benesses que tanto custaram a
conseguir lambendo botas durante anos. Por isso há que repor essa gente no
poleiro rapidamente antes que empresas e particulares dependentes, entrem em
falência por não saberem gerir-se sem apoios. É a luta pela sobrevivência dos
dependentes do Estado.
Assim, sem uma reeducação da
sociedade que se tornou parasitária, seremos eternamente um povo pobre de
espírito a viver num país eternamente miserável sem capacidade para exigir de
quem governa.
Porque sem uma mudança
cultural profunda para voltar a adquirir valores fundamentais, jamais sairemos
deste lodo em que o país mergulhou.
Porque a mudança começa
PRIMEIRO em nós, cidadãos!
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias,
2-10-2017
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