quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O desejo da meia idade



Há cerca de um mês uma mulher muito atraente mudou para a minha rua. Parece que fui enfeitiçado. Fico a maior parte do tempo pensando nela e me esforço para acertar os horários que ela vai e volta do trabalho. Felizmente ela começou a fazer musculação na mesma academia que eu. Pronto! Mudei meus horários de atividade física só para ter mais uma possibilidade de encontrá-la. Já trocamos alguns olhares e sorrisos. Mas tem um problema. Eu tenho 57 anos e ela deve ter 45 anos no máximo. Sou viúvo, moro sozinho, tenho condição financeira favorável, pois trabalhei muito na vida e agora posso aproveitar um pouco. Quero paz, mas sinto falta de uma companheira ao meu lado para viajar, ir ao teatro, aproveitar a vida, mas tenho receio de me aproximar e levar um fora. Não tenho mais idade para um vexame desses.

É impressionante a capacidade que as pessoas têm de sabotarem a própria vida. No seu caso o medo entrou em ação. Vexame é uma outra forma para falar do medo que você tem de ser rejeitado remetendo isso à uma fantasia infantil. Você atravessou toda uma vida lutando, trabalhando muito e, mesmo sozinho, encontra o desejo de viver intensamente, faz musculação, se cuida, quer viajar. Pessoas mais jovens, até mesmo adolescentes, muitas vezes não encontram o motivo de suas vidas, ao contrário de você que é um entusiasta do “viver muito bem”. Com toda certeza a vida já o colocou frente à grandes desafios. Ficar viúvo é um deles e parece que está se saindo bem. Essa é somente uma nova etapa e o medo não pode servir de motivo para fazê-lo recuar. Talvez a diferença de idade seja mais preocupante para você do que para ela que, segundo você diz, corresponde aos olhares e sorrisos e isso é sinal de aprovação. Aproximar-se dela pode ser difícil à princípio, porém ficar na posição de quem não tem “mais idade para um vexame desses” faz com que você carregue uma sombra pesada perpetuando a solidão e impedindo-o de se aproximar de outras pessoas que surgirão na sua vida. Pense nisso, assuma o risco e tente transformar o medo em desafio. Se você não tiver sucesso, ao menos terá ultrapassado a barreira e sentirá um novo estímulo para tentar em uma próxima oportunidade. Ou talvez nem precise de uma próxima porquê essa pode ser a chance de ter a companheira que você tanto deseja.
Boa Sorte!
Lucia Cassar

Um comentário:

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-