Isabel Stilwell

Mas o problema não está no
escrito, nem nas legítimas saudades do Pedro Marques, nem tão pouco no
desespero que sente por não encontrar emprego no país onde desejava trabalhar,
mas naquilo que alguma comunicação
social fez dele, ao serviço da recente fobia à emigração. A que se junta o
gosto por tiradas delico-doces: definitivamente “Que as lágrimas não paguem
imposto”, é um fantástico nome para uma telenovela. O problema está na análise
superificial da realidade e no esquecimento da História. Esquece-se que:
1 - Somos um povo de descobridores,
facto de que habitualmente nos gabamos à exaustão. Embarcámos nas caravelas,
porque aqui não tínhamos nem presente, nem futuro.
2 - Foi sempre a pobreza que
levou milhares de portugueses a emigrar e a aceitar uma vida duríssima. O pai
de Pedro Marques emigrou para França à procura de trabalho. Pedro faz agora o
mesmo, com uma enorme vantagem: um curso superior que lhe permite um emprego
com perspectivas incomparavelmente melhores.
3 - Pertencemos à União
Europeia. Choca este alarido na semana em que se celebraram 20 anos do Mercado
Único, cuja grande mais-valia foi criar uma comunidade sem-fronteiras, onde é
possível e desejável estudar e trabalhar em qualquer dos seus Estados, com os
mesmos direitos e oportunidades. É uma vantagem que os 250 mil portugueses que
se estimam viver no Reino Unido, de há muito sabem usufruir. Aliás, há pouco,
as notícias eram dos protestos contra os portugueses que “roubavam” emprego.
4 - Os emigrantes, ao
contrário do que diz a carta ao PR, não são impedidos de ajudar o seu país.
Muito pelo contrário. Foram eles que contribuíram com as suas “remessas” para a
prosperidade que permitiu a Pedro Marques estudar e ter uma licenciatura. Hoje,
podem fazer o mesmo.
Título e Texto: Isabel Stilwell, Destak,
23-10-2012
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